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12 Monkeys, a melhor série sci-fi que você não está assistindo

Por: em 28 de julho de 2017

12 Monkeys, a melhor série sci-fi que você não está assistindo

Por: em

Spoiler Free!

Este texto não contém spoilers,

leia à vontade.

Quando eu escrevi a crítica da 1ª temporada de 12 Monkeys, dois anos atrás, não podia imaginar onde essa série chegaria – narrativamente falando. Ainda presa a história do filme que lhe serviu de base à época, o foco era impedir, por meio de viagens do tempo, a praga que devastaria o mundo. A ideia era boa, mas os produtores tinham algo melhor em mente. E é na segunda temporada, quando eles escolhem quebrar essas correntes que os prendiam a obra original e criar uma mitologia própria, com tudo que há de melhor no mundo da ficção científica, que a série mostrou que podia ser muito mais e se tornou a melhor do gênero no ar. E continua sendo até hoje.

Divulgação/SyFy

Se você for começar uma maratona das 3 primeiras temporadas agora (a série encerrou seu 3º ano recentemente e já está renovada para um 4º e último), vai encontrar a história de James Cole, um rapaz que volta no tempo para encontrar Cassandra Rilley e pedir sua ajuda para impedir que um vírus mortal dizime quase toda a população mundial. O que começa com a busca de Cole e Cassie para acabar com a praga se transforma em um plot muito mais complexo, envolvendo o temível Exército dos 12 Macacos (com objetivos escusos), um vilão misterioso que recebe o título de Testemunha (por ter presenciado diversas fases da história, segundo a trama) e, claro, uma complicada história de amor.

Acredito que a principal qualidade da série é o domínio de roteiro que ela parece ter. Por mais que as viradas aconteçam (e elas acontecem muito frequentemente. A reta final da 3ª temporada é quase um plot twist a cada 5 minutos), ela sempre se encaixam com a história que está sendo contada e, principalmente, não renegam aquilo que estava sendo mostrado até então. O novo acaba se encaixando (e complementando) o velho e, seja isso algo pensado desde o começo ou um trabalho posterior quando as decisões são tomadas, é algo a se louvar. Começamos com a história da praga, depois conhecemos a lenda da Testemunha, fomos até os Primordiais, a destruição do próprio tempo, a Floresta Vermelha e chegamos num ponto em que as viagens do tempo são tão frequentes que é até complicado estabelecer uma linha temporal no qual a história se passa – e nada disso soa absurdo.

Outro ponto que merece destaque é a renegação do maniqueísmo a qual a ficção científica, via de regra, sempre esteve atrelada. Sim, existem os vilões e os mocinhos e eles estão bem delineados desde o começo, mas a medida que a história avança, todos se mostram na linha tênue do moral e do amoral, com atitudes que poderiam fazer com que fossem encaixados tanto em um lado quanto de outro. E o melhor de tudo é que, pra isso, os personagens não precisam ser esquizofrênicos ou perderem sua personalidade. Graças a um ótimo background, todos possuem razões justas e fáceis de comprar pra maioria de suas atitudes e, por diversas vezes, basta se colocar no lugar de um ou outro para entender que seria difícil agir de maneira diferente.

Divulgação/SyFy

E isso só acontece porque a série sabe trabalhar muito bem os ótimos personagens que tem em mãos. Não só Cole e Cassie, mas todos os outros envolvidos, como Jones e Ramsey e futuramente outros que, por se destacarem, ganharam mais espaço, como a fantástica Jennifer, Hannah, Olivia, Deacon… Cada um tem seu papel na trama que está sendo desenhada e, uma hora, isso fica claro. O elenco, de uma maneira geral, cumpre muito bem o que lhe é pedido, especialmente Amanda Schull e Aaron Stanford que transformam Cassie e Cole em um duo protagonista bastante verossímil e humano, entre seus muitos erros e acertos durante a trajetória para salvar o mundo – e, no meio disso tudo, tentarem salvar a si próprios e o sentimento que acabam desenvolvendo.

A produção é de orçamento baixo. SyFy não é conhecido como um grande canal, mas o cuidado que eles tem com a série, apesar de todas as limitações, é bem bacana. A trilha sonora é um show, escolhida a dedo, as diversas épocas retratadas (já tivemos do final dos anos 1800 até 2040 e tantos) convencem (tanto em questão de cenário quanto de histórias que ali são tratadas), a direção funciona e trabalha em conjunto com os demais aspectos, especialmente a montagem – que faz com que diversos momentos de tensão/revelação se tornem ainda melhores do que eles provavelmente são no papel.

12 Monkeys, sobretudo, sabe oferecer respostas. Geralmente, os mistérios que uma temporada adiciona a mitologia são resolvidos dentro dela própria e a grande história da série (que envolve não só a praga, como a Testemunha e o próprio Tempo em si) ganha camadas novas a cada episódio, geralmente bem trabalhadas e coerentes. A audiência nunca foi das melhores, mas graças a boa recepção crítica, o show conseguiu chegar até aqui, sempre se superando. A 1ª temporada é boa, a 2ª e ótima e a 3ª é sensacional, introduzindo com maestria o começo do gran finale, que promete ser épico. Uma progressão que poucas histórias podem se dar ao luxo de dizer que tem.

Divulgação/SyFy

A quarta e última temporada será lançada ano que vem, com 10 episódios, divididos ao longo de 3 noites, assim como o 3º ano. Segundo Terry Matalas (criador e showrunner), tudo será respondido e o planejamento foi feito com cuidado.

Se o nível apresentado até aqui se manter (ou quem sabe crescer), estaremos, sem dúvida alguma, diante de uma das melhores séries de ficção científica de todos os tempos. Aproveita esse período de vacas magras pras séries, faz aquela maratona e me conta o que achou!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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