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13 Reasons Why – Fita 8 a 13

Por: em 25 de abril de 2017

13 Reasons Why – Fita 8 a 13

Por: em

ALERTA DE GATILHO: O texto a seguir aborda temas sensíveis como estupro, assédio, bullying e suicídio e, portanto, pode apresentar gatilhos.

13 Reasons Why é o assunto do momento. Tanto para o bem quanto para o mal. Nas últimas semanas, a série da Netflix tem sido comentada à exaustão. A jornada de Hannah Baker – e, acima de tudo, a forma como foi retratada – tem dividido opiniões e trazido consigo inúmeras indagações. Por um lado, há profissionais da psicologia e psiquiatria que consideram a produção perigosa e pessoas que relatam terem tido problemas com os vários gatilhos presentes na trama. Do outro, temos profissionais da mesma área defendendo o seriado e afirmando que ele não é o problema, além de outras pessoas relatando que acompanhar a história de Hannah as ajudou e encorajou a pedir ajuda. Tudo isso faz com que seja difícil definir uma opinião.

No fim, 13 Reasons Why não é, em si, nem a vilã nem a mocinha. No entanto, não é uma série que deve ser vista todo mundo ou encarada como um entretenimento comum e inofensivo, especialmente por adolescentes ou pessoas que se encontrem em momentos sensíveis. A censura do seriado – que é 16 anos –, assim como seus avisos de gatilho, não pode ser ignorada. Aliás, acredito que esses alertas deveriam estar presentes em todos os episódios, e não apenas nos mais fortes, uma vez que o simples fato de tratar de bullying, depressão e suicido já pode despertar uma crise em alguém.

A intenção da trama, de qualquer forma, é boa, o que não a exime da culpa ou garante que tudo esteja executado da forma correta. Acredito que a depressão – no fim, um dos maiores porquês – deveria ter recebido mais destaque e algumas representações gráficas, especialmente a do suicido, poderiam ser evitadas. Há quem aponte também uma romantização do ato de tirar a própria vida, o retratando como uma forma de Hannah se vingar daqueles que a machucaram. Não foi a minha interpretação pessoal, pelo contrário. Na minha concepção, a mensagem que ficou após esses 13 episódios é de que devemos ter empatia pelo próximo, de que bullying e machismo devem ser levados a sério, pois fazem vítimas – muitas vezes fatais – todos os dias e de que ao tirar a própria vida Hannah causou um imenso sofrimento aos que a amavam e perdeu toda a vida que poderia ter. Ao assistir a série, e ler o livro antes disso, desejei desesperadamente que ela não se matasse, mesmo sabendo que era um desejo vão. O suicídio é retratado como algo ruim, um problema a ser combatido, algo que não deveria ser uma opção. Essa, de qualquer forma, foi a minha interpretação. E se existe margens para dúvidas temos claramente um problema.

Dito tudo isso, continuo gostando da adaptação, porém, reconheço que ela não é perfeita e que alguns de seus pontos devem, sim, ser debatidos e problematizados. A reflexão e o diálogo são extremamente necessários, mas não podem se limitar a série da Netflix . Precisamos urgentemente – como pessoas, famílias e sociedade – falar sobre suicídio e saúde mental, instruir as pessoas, combater preconceitos, alertar, incentivar que que precise procure a ajuda necessária e especializada. Afinal, na minha concepção,  se a popularidade 13 Reasons Why nos mostra alguma coisa é justamente isso.

Bom, após toda essa longa introdução. Chegou o momento de comentar as seis últimas fitas deixadas por Hannah. Se você caiu de paraquedas nesse post, pode encontrar nossa opinião sobre os 7 primeiros episódios aqui.

Fita 8 – Ryan

Colocando todos os acontecimentos da série em perspectiva, é um pouco complicado falar sobre as ações de Ryan, porque elas podem parecer muito pequenas. Publicar um poema –sem revelar a autoria – pode soar irrelevante, em um mar de situações que inclui até mesmo estupro. Ainda assim, é aquela velha história de que nunca sabemos realmente o impacto que nossas ações terão em outras pessoas. Algumas vezes algo aparentemente inofensivo pode ter um peso gigantesco no outro, especialmente se esse alguém já se encontra fragilizado.

Expor o poema de Hannah foi expor um pedaço da sua alma. Todos os sentimentos da menina estavam ali, entregues de bandeja para as piadas de adolescentes insensíveis. Aquilo era pessoal. Era de Hannah e somente dela. O fato de outras pessoas estarem lendo algo tão seu, já seria ruim o suficiente, vê-las debochar de seu texto e, consequentemente, de algo que sentia tão profundamente, não poderia ser fácil. Era como se tudo aquilo estivesse sendo desmerecido, como se a forma como se sentia não fosse válida, mais do que isso, como se fosse algo que merecia ser ridicularizado. Além disso, esse pequeno gesto, e a forma como reverberou, fez com que Hannah perdesse um modo de se expressar, se comunicar com o mundo e aliviar o que sentia. Além de perder mais um amigo e a capacidade de confiar nas pessoas. No contexto em que se encontrava, isso teve um grande impacto.

Fita 9 – Justin #2

Ah, Justin Foley! O que dizer sobre essa pessoa maravilhosa que ganhou não uma, mas duas fitas para chamar de suas? É difícil falar sobre Justin, é difícil falar sobre Bryce, é difícil falar sobre o que aconteceu a Jessica, é difícil falar sobre esse episódio, porque é difícil falar sobre estupro. Porém, é extremamente necessário e, mais uma vez, 13 Reasons Why acerta ao colocar o dedo na ferida e fazê-lo da forma correta. De qualquer modo, acredito que, como de costume, estou me precipitando. Então, vamos voltar ao início.

O que deveria ser apenas uma inocente festa de volta às aulas, acabou se transformando em uma sucessão de tragédias, que precisou de três fitas para serem narradas. Quando Hannah saiu de casa naquela noite, um tanto incerta se devia ou não ir ao evento, não poderia imaginar o que a vida reservava para ela e aos outros adolescentes que ali estariam. A festa de Jessica é um marco na história da menina, pois é o que a empurra de vez na direção do precipício. A Hannah que vemos ali já não tem metade da luz, da alegria e da vida da Hannah que conhecemos, no primeiro episódio. A garota, no entanto, ainda se agarra a uma tentativa de mudança, algo que começa pelo visual. Infelizmente um corte de cabelos não foi suficiente para fazer com que seus problemas desaparecessem.

Hannah queria recomeçar e uma parte dela dizia para não ir àquela festa. Ainda assim, seus sentimentos por Clay acabaram falando mais forte e a fizeram tentar se juntar aos colegas da Liberty High naquela confraternização. Nesse ponto, é interessante perceber a distância cada vez maior entre Hannah e seus pais. Imersos nos próprios problemas, os dois são incapazes de perceber o que está acontecendo a filha.

Esse episódio, no entanto, é sobre Jessica e a violência sofrida pela garota. Então, vamos devemos falar sobre ela. Jess estava feliz, aproveitando sua festa e se divertindo com o novo namorado, Justin. Até aí tudo ótimo, todo o problema começou quando o rapaz a levou para o quarto. Hannah estava ali e, por motivos que serão comentados em breve, acabou se escondendo no armário. Jessica estava completamente bêbada, incapaz de se mover, perceber o que acontecia ao seu redor, consentir ou fazer qualquer coisa. Justin entendeu isso e foi embora. Tudo poderia ter acabado aí e a noite teria um desfecho “feliz”. Mas não foi o que aconteceu, porque Justin Foley deixou que Bryce Walker entrasse no quarto e estuprasse sua namorada.

Jessica estava – supostamente – sozinha, desprotegida, incapaz de fugir ou se defender. Foi violada e violentada da pior maneira possível e as marcas permanecem com ela – e provavelmente sempre permanecerão. Justin deixou acontecer, sabia o que Bryce ia fazer e deixou que fizesse, foi cúmplice de um crime e conivente com o estupro da menina que alega amar. Hannah também foi conivente com isso. Ela viu tudo acontecer e não fez nada, não disse nada, deixou que acontecesse. É claro que estava em uma posição delicada, mas isso não a exime da responsabilidade, o que fez com que a culpa começasse a corroê-la.

Como viver consigo mesma após o que presenciou? Como viver consigo mesma sabendo que não fez nada para impedir aquilo? Hannah não conseguiu. Justin, por sua vez, seguiu sua vida, manteve a amizade com Bryce e contou mentiras para Jessica, impedindo que soubesse a verdade e entendesse o que aconteceu ela, algo que claramente também está levando Jess para um abismo de autodestruição. Não há desculpas, não há justificativa, não há perdão.

Fita 10 – Sheri

A culpa também é o principal mote dessa fita. Há alguns episódios a dúvida a respeito do que Sheri teria feito nos assombrava. Que atitude aquela líder de torcida, que parecia o perfeito exemplo de doçura e inocência, poderia ter tomado para merecer um lugar na lista de algozes de Hannah Baker? A resposta certamente foi surpreendente e devastadora.

Transtornada, após presenciar o estupro de Jessica, Hannah acabou aceitando a carona que uma Sheri, levemente alcoolizada, lhe ofereceu. Aquela noite já parecia suficientemente trágica, mas como desgraça pouca é bobagem, a líder de torcida acabou batendo seu carro em uma placa de sinalização e a derrubando. Hannah quis imediatamente ligar para a polícia, porém Sheri, com medo de encarar as consequências, apenas fugiu do local, deixando Hannah sozinha, com o celular descarregado e sem condições de alertar alguma autoridade.

Para satisfazer o espírito do caos que agia naquela noite, a falta da placa pode ter ocasionando um segundo acidente, dessa vez com uma vítima fatal: Jeff. O impacto da notícia foi imenso, assim como a dificuldade de aceitá-la. Jeff era um bom garoto, um bom amigo, uma boa pessoa. Provavelmente uma dos únicos alunos decentes daquele colégio e não merecia uma morte tão precoce e sem sentido. O fato de todos, até mesmo seus pais, acreditarem que ele estava dirigindo bêbado, causando o acidente que o matou e deixou um idoso ferido, tornava tudo ainda pior.

Como lidar com mais essa culpa? Para Hannah isso soava simplesmente impossível, especialmente por não ter ninguém com quem compartilhar o fardo – Sheri deixou bem claro que não queria qualquer contato com ela. Se sentir conivente por um estupro e uma morte, na mesma noite, seria suficiente para minar a sanidade de qualquer pessoa e para Hannah, que já se encontrava extremamente fragilizada e solitária, tudo se tornou mais intenso e devastador.

Sheri, por sua vez, também sentia o peso da culpa. Fica claro que a menina não é uma pessoa ruim – é uma das únicas que parece suficientemente arrependida para tentar mudar e se tornar alguém melhor – e que errou pelo medo. O medo do que o pai diria se soubesse que bateu o carro. O medo do que aconteceria se alguém descobrisse a verdade. O medo de assumir a responsabilidade. Além de um certo sentimento de que nada realmente aconteceria sem aquela placa ali. Isso, obviamente, não anula seus erros e, acima disso, possíveis as consequências desastrosas dele. Jeff está morto. E pode ser – ou não – um acidente ocasionado pelo que ela fez. Não ser intencional não trará o garoto de volta, mas evidencia como tudo é uma bola de neve e como nunca podemos realmente prever as consequências de nossos atos.

Fita 11 – Clay

E finalmente chegamos à fita mais esperada! Desde o primeiro episódio estávamos nos corroendo por dentro para descobrir o que Clay Jensen, esse garoto aparentemente tão doce, poderia ter feito para estar naquelas fitas. De que forma o rapaz teria contribuído para o suicídio de Hannah Baker? Bom, a resposta é que não contribuiu. Clay amava Hannah. Hannah amava Clay. Nenhum dos dois teve a coragem necessária para expressar o que sentia. Ainda assim, compartilharam um breve momento de afeto na festa de Jessica – bem antes da sucessão de desastres que faria tudo se transformar em um inferno – e, por meio minuto, Hannah se sentiu bem e conseguiu imaginar um futuro em que era feliz.

Essa esperança durou menos que um suspiro, afinal era impossível para a menina esquecer todas as violências que havia sofrido e confiar plenamente em alguém novamente, especialmente em um garoto. Garotos haviam divulgados fotos dela, mentido com seu nome, a assediado física e moralmente, lhe tocado sem seu consentimento mais de uma vez. Garotos a haviam usado como um objeto e as marcas disso não desapareceriam facilmente, na verdade, não desapareceriam nunca. Algo havia se quebrado dentro dela e era difícil demais lidar com essa constatação e com todos os seus traumas. Clay não sabia de nada disso, não poderia sequer imaginar, então, quando Hannah o mandou sair e a deixar sozinha, ele saiu.

Não fez nada errado, no entanto, a culpa por não ter feito nada foi o que o abalou profundamente. Se tivesse se manifestado nas vezes que viu algo errado acontecendo, se tivesse mostrado à garota como se importava com ela, se tivesse dito que a amava, se tivesse ficado, se, se, se… Uma mudança de atitude e tudo poderia ser diferente. Ainda assim, Clay era apenas um adolescente, aprendendo a lidar com seus próprios conflitos e emoções, e não pode ser responsabilizado por isso. Hannah não o culpa, mas para ele é impossível não sentir que poderia e deveria ter feito mais.

Fita 12 – Bryce

É provável que essa seja a mais intensa das fitas. Ou talvez, seja a soma de tudo que já vimos, mais os terríveis acontecimentos narrados aqui, que torne tudo tão forte, indigesto e sufocante. A vida de Hannah não foi nada simples e, imersa no olho do furacão, sofreu mais uma violência imperdoável. Bryce Walker a escolheu como vítima e, assim como havia feito com Jessica, a estuprou, tirando dela algo que nunca poderia ter de volta, violou seu corpo, destruiu sua alma e espírito, a fez morrer por dentro. O estupro foi estopim para o suicídio. A gota final que fez tudo transbordar, que minou de vez qualquer esperança que Hanna pudesse ter.

Esse episódio também é importante para pensarmos tanto Bryce quanto Justin como indivíduos. Justin é fruto de uma família desestruturada, cresceu sem afeto, atenção, sendo abusado física e psicologicamente e tendo como exemplos de amor as relações abusivas e destrutivas nas quais sua mãe estava envolvida. Lugares tóxicos formam pessoas tóxicas e a violência foi tudo o que esse garoto aprendeu desde cedo. Nada – absolutamente nada – disso justifica seus atos, o exime da culpa ou anula a destruição que ele trouxe para Hannah e Jessica. Elas são as vítimas, ele o agressor – que deve ser punido pelo que fez. Em outros pontos, no entanto, ele também foi uma vítima – chegamos até mesmo a vê-lo sendo agredido nesse episódio. É um ciclo, uma bola de neve, uma corrente de agressões e destruição.

Bryce, por sua vez, é o rapaz que cresceu com tudo e aprendeu desde cedo que podia tudo, o mundo inteiro estava a sua disposição. Ele não é apenas um homem cis, heterossexual e branco – e, portanto, já bastante privilegiado – ele também é rico, algo que muitas vezes se tona praticamente um atestado de impunidade. Bryce está em uma posição de poder e realmente acredita que pode fazer tudo, pega o que quiser, sem se preocupar com consentimentos ou com quantas garotas irá destruir para conseguir o que deseja. Mulheres, para ele, são objetos descartáveis. Em sua mente machista e doentia todas as garotas o desejam e está fazendo um favor ao violenta-las, afinal elas estão “pedindo” por isso.

O pior é que, mesmo sendo um estuprador, Bryce ainda é capitão do time de futebol, extremamente popular, constantemente consagrado no colégio e tem sido protegido por todos os que sabem de seus crimes – o que é, pelos menos, todo mundo que escutou aquelas fitas – e não fazem nada. A parte mais triste é que o mundo está cheio de homens assim. Tenho certeza que todos nós conhecemos, ao menos, um Bryce. E continuaremos conhecendo enquanto estivermos inseridos em cultura machista e em uma sociedade que condena e culpabiliza mulheres, enquanto aplaude e absolve os homens que as violentaram.

Fita 13 – Mr. Porter

A partir daqui não há mais volta. Chegamos à última fita, ao momento derradeiro, ao ápice do desespero. Hannah Baker já não via saída, era coisa demais para suportar sozinha, slut-shaming, amizades destruídas, bullying, culpa, acima de tudo, ter sido estuprada e obrigada a ver seu estuprador todos os dias na escola, andando livremente, como se nada houvesse acontecido, e com sua reputação de bom moço incólume. Era demais e já não havia esperança, ainda assim, a menina resolveu pedir ajuda. Foi sua tentativa final, mas infelizmente uma tentativa vã. Mr. Porter deveria ser um adulto responsável por aqueles jovens, por orientá-los e lhes oferecer ajuda. Seu trabalho era saber como lidar com adolescentes como Hannah, perceber seus sinais e evitar o desfecho que a garota teve. É uma responsabilidade gigantesca, certamente não é um trabalho fácil e, dessa vez,  ele não conseguiu realiza-lo com sucesso.

Obviamente não foi por maldade, mas o homem relativizou os problemas de Hannah e, mais do que isso, a violência sexual sofrida por ela. Tivemos aqui uma demonstração bem clara de como o machismo também é algo institucional, que relativiza os assédios e violências de gênero sofridas por mulheres, e as obriga a conviver com seus agressores nas escolas, nas universidades, no trabalho… Mr. Porter queria ajudar, mas não tinha preparo o suficiente para lidar com esse tipo de situação. Dizer para Hannah seguir em frente foi a pior coisa que poderia ter feito. Para ela a única forma de “seguir em frente” era tirando a própria vida e foi justamente o que fez.

A cena do suicídio de Hannah é provavelmente uma das mais fortes e polêmicas da série. É desesperadora, angustiante, dolorosa e indigesta. É difícil de assistir e, para ser honesta, não acho que deveríamos assisti-la. 13 Reasons Why tentou nos mostrar como aquilo era horrível, mas também deu um “passo a passo” de como tirar a própria vida. Não mostrar esse momento talvez houvesse sido uma escolha melhor e mais aconselhável. De qualquer forma, o instante em que os pais encontram a filha morta na banheira não pode ser descrito como nada além de absurdamente doloroso.

Ainda sobre os pais de Hannah, o casal finalmente terá as respostas que deseja, porque Tony decidiu que entregar as fitas aos dois seria a coisa certa a se fazer. Os Baker agora têm a prova que precisam para continuar com o processo e, acima disso, ganharam um meio de tentar se conectar com a filha, conhecer seus segredos e finalmente entender o que a levou ao extremo de tirar a própria vida. Nesse ponto preciso expressar meu descontentamento com o fato dela ser dar ao trabalho de deixar uma explicação a Clay, mas não deixar nada para os pais que passariam o resto da vida se culpando por sua morte.

Em meio a tudo isso, assistimos também como alguns dos outros personagens lidavam com tudo o tem acontecido. A constatação de que foi realmente estuprada, não tem sido algo fácil para Jessica – e nem poderia ser –, ainda assim, a tentativa de cortar relações com Justin e a conversa com o pai, no final do episódio, indicam que, ao menos, ela está procurando ajuda.

O mesmo não pode ser dito de Tyler e Alex. O primeiro parece bem próximo de se vingar de todos que já o humilharam, atirando neles. E o segundo atirou em si mesmo, tentando se matar. O mais importante disso foi perceber como os sinais de Alex estavam todos ali e, mais uma vez, foram ignorados. O garoto não conseguiu lidar com a culpa, com a pressão e com, sabe se lá quais, outros problemas estava passando. Estava claro que algo estava errado com ele e, novamente, ninguém fez nada.

Não sabemos o que acontecerá com ele, Tyler, Jessica, Justin – que colocou um fim definitivo em sua amizade com Bryce –, Sheri – que finalmente reuniu coragem para confessar o que fez –, Zach, Courtney, Marcus, Ryan, Bryce, Mr.Porter ou mesmo Clay. Sobre o último, é bom destacar que, após tudo isso, ele escolheu não ignorar o sofrimento de Skye, fazendo por ela o que não conseguiu fazer por Hannah. Seja esse um final aberto, ou apenas ganchos para uma segunda temporada, é inegável o impacto que ela está tendo. Acompanhar a jornada de Hannah Baker é doloroso, mas nos fazer pensar e repensar nossas atitudes, forma de encarar a vida e as outras pessoas. Todos já fomos vítimas ou o porquê de alguém – seja por uma atitude ou pela omissão. Que, a partir daqui, tentemos não ser mais porquês nas vidas das pessoas e, se estivermos no outro lado da equação, que saibamos que pedir ajuda é válido, importante e necessário. Ainda há vida a ser vivida.


Se você está passando por um momento ruim, sofrendo e precisa conversar; a série disponibilizou o site 13reasonswhy.info – lá você encontra fontes de ajuda para casos como o de Hannah e tem opções no Brasil também. Além disso, é possível contatar o CVV – Centro de Valorização da Vida – 24 horas por dia através do telefone 141 e do site.


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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