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13 Reasons Why – vida e morte de Hannah Baker

Por: em 5 de abril de 2017

13 Reasons Why – vida e morte de Hannah Baker

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers pesados,

siga por sua conta e risco.

13 Reasons Why foi lançada na última sexta feira pela Netflix e veio cheia de bom conteúdo para discussões muito atuais da nossa sociedade. É muito bom ver uma série tão bem produzida levantar diversas bandeiras que permeiam a nossa vida adolescente e são fontes de sofrimento que nem sempre conseguimos lidar com eles sozinhos.

Se você ainda não viu a série e não sabe do que se trata, leia as nossas primeiras impressões aqui. O que no episódio piloto poderia ser facilmente categorizado como um bom drama e mistério adolescente, no final se torna muito mais que isso. O suicídio de uma adolescente sob o ponto de vista dela e de um grupo de colegas traz algumas reflexões que deveríamos fazer sobre essa fase da vida.

Hannah poderia ser eu. Você. Sua irmã, sua colega de sala. A garota nos guia por uma jornada do que deu errado – no seu ponto de vista – na sua vida, de uma forma não muito linear, não tão dramática como em outras séries adolescentes, mas de uma forma delicada e profunda.

A adolescência é uma fase da vida que não é fácil, passamos por várias descobertas, desenvolvimentos e ficamos perdidos por algum tempo, tentando nos encontrar. Hannah está nesta fase e ainda de mudança para uma nova cidade, nova escola, o que torna as coisas mais difíceis para ela.

Isso a faz aproximar de pessoas por indicação da escola, não necessariamente por afinidade, tanto que no final da sua saga ela e Jess já não são mais amigas. A amizade é importante para vida toda, nessa fase mais ainda, para ajudar a nos aceitar num momento de mudanças bruscas no corpo e mente. Mas o medo destas mudanças às vezes impedem algumas pessoas de se socializarem e fazerem amigos.

Algumas vezes esta mesma necessidade de se enturmar ultrapassa alguns limites, que os adolescentes ainda não tem. Quem nunca bebeu um pouco porque “amigos” insistiram, porque você era um careta se não bebesse, o chato da turma? Na série vemos isso claramente com a Jess que vai escalando o seu consumo de álcool, que começa como uma diversão e termina em beber para tentar esquecer a dor. A bebida não é uma diversão, se você só consegue se divertir com o uso de um entorpecente, tem algo errado. Assim como alguém te forçar a beber também é errado.

Um dos pontos mais importantes que precisamos discutir é a importância do aconselhamento profissional. Não é qualquer pessoa que está apta a escutar a fala de quem está sofrendo e dar conselhos que são válidos, que não irão piorar a situação como aconteceu com a Hannah. Quando alguém está numa situação de depressão, sofrendo como ela estava, não precisa de alguém que minimize seus problemas e sim que a faça compreender a sua situação. O Mr. Porter não é psicólogo, e por mais que tivesse tentado extrair da Hannah informações para seguir com uma denúncia, falta preparo para lidar com o impacto disso na aluna. Em nenhum lugar ou hipótese a frase “talvez você tenha consentido e mudado de ideia” é apropriada para perguntar sobre um estupro, já é um julgamento a alguém, este alguém que ainda não tem a clareza de que não é necessário gritar ou fazer um escândalo para que se configure um não. Na idade média era assim, hoje não.

Da mesma forma ninguém nunca lidou com o assédio que ocorria com a maioria das alunas da escola, não só com a Hannah. A infame lista é uma ofensa ao objetificar as mulheres, ao provocar mais insultos a todas elas. Esta é uma pressão constante e um bullying muito forte, precisava ser tratado.

Não existe uma dor pior que outra, cada um sabe como é sua dor, não existe comparação entre sentimentos de pessoas. E, como disseram algumas vezes na série, a gente não sabe o se passa na vida, na mente de outra pessoa. Às vezes algo parece pequeno para gente, mas pode ter outra forma para a pessoa, como no caso da Hannah, que foi acumulando coisas que talvez para você não tenham importância, mas a estrutura dela é diferente da sua.

Se você está sofrendo com algo na sua vida, se as coisas não parecem tão interessante ou atrativas, procure ajuda profissional. Para alguém chegar a cometer suicídio o estado de depressão já está avançado, não é uma conversa com um amigo que melhora, não é alguém falar “sigua em frente”. Precisa muito mais do que isso. Depressão não é uma bobagem ou frescura, é algo muito sério que não passa por mensagens em mural do Facebook. Não diminua sua dor também, não é porque alguém passou por “coisa pior” que a sua dor é menor. As pessoas são diferentes.

Isto é algo que a gente precisa ter em mente quando estamos lidando com o outro, as pessoas são diferentes, enxergam coisas diferentes. Respeito é necessário entre todas pessoas.


Se você está passando por um momento ruim, sofrendo e precisa conversar; a série disponibilizou o site 13reasonswhy.info – lá você encontra fontes de ajuda para casos como o de Hannah e tem opções no Brasil também.


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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