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A morte em Six Feet Under

Por: em 29 de abril de 2016

A morte em Six Feet Under

Por: em

“ Só temos uma vida. Não existe Deus, regras ou julgamentos, apenas aqueles que nós criamos e aceitamos para nós mesmos. Então, por que não ser feliz agora? ”

A vida só nos traz uma certeza, de que cedo ou tarde iremos morrer. Isso é um fato, não adianta correr para as colinas, não adianta comprar a chave para o céu ou se esconder debaixo da cama. Um dia, você deixará de existir, deixará de respirar, deixará de ver o mundo. Não quero deixar vocês, leitores, deprimidos ou com medo da morte. Quero apenas mostrar o quanto nossa vida pode não ter importância alguma dependendo do jeito que vivemos.

Nos meus 18 anos de existência, perdi três pessoas importantes. A primeira delas foi o meu avô. Eu tinha apenas 6 anos e não entendia porque todo mundo chorava em frente ao corpo dele. Para mim, ele estava apenas dormindo e eu não conseguia sentir nada do que sono por ficar a noite inteira acordada no velório. Não me interprete mal, eu queria chorar igual todo mundo, mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Com 6 anos, eu era uma criança e, como explicar a uma criança a morte? Como explicar que em um dia a pessoa existe e no outro não?

Cada um encara a morte de uma forma diferente. Uns se apoiam na existência de Deus e do paraíso. Outros, preferem ignora-la até o fim e há também as pessoas que não se importam com essa grande questão, afinal, não sabemos como, onde e quando iremos morrer.

Six Feet Under

Six Feet Under, conhecida como A Sete Palmos aqui no Brasil, foi uma série criada em 2001, por Allan Ball (True Blood e Banshee), e transmitida pela HBO. O último episódio (a melhor series finale que eu tive o prazer de assistir) passou em 2005, dando o total de 63 episódios divididos em 5 temporadas. A série acaba mostrando um jeito diferente de encarar a morte, uma coadjuvante da história, ou melhor, um jeito para encarar a vida. No começo de cada episódio é retratada uma cena da morte de algum personagem. Esse personagem ora morre de um acidente, ora morre de uma forma comum, e isso mostra o quanto o futuro é surpreendente. Posso terminar de escrever esse especial e sofrer um ataque cardíaco ou cair e bater a cabeça, uma coisa que eu não planejei, que não estava esperando e mesmo assim pode acontecer. Os diálogos da série não aconteciam só entre os vivos. Eles ocorriam também com os mortos, em um tipo de discurso filosófico, dando um show à parte. Os mortos davam os conselhos para os vivos seguirem e enfrentarem seus problemas.

Six Feet Under

Um dos personagens que mais amadureceu durante a série, foi Nate Fisher (Peter Klause, de Parenthood e The Catch). Nate cresceu em uma família, na qual o pai era dono de uma funerária. Ele fugiu de casa ainda adolescente e viveu a vida como achava que deveria, não se prendeu a ninguém e só voltou para a casa quando descobriu que seu pai tinha morrido. Assim, tomou à frente os negócios da família e junto com seu irmão, David Fisher (Michael C. Hall, o eterno Dexter), começou a trabalhar na funerária. Mesmo encarando a morte todo dia, Nate tem medo dela, porque ele sente que não está aproveitando a vida, que não fez tudo o que deveria ter feito. O quão irônico é isso?

“Eu passei minha vida inteira tendo medo. Medo de não estar pronto, de não estar certo ou de não ser o que eu deveria ser. E para onde isso me levou? ”

Six Feet Under ensina, através de seus personagens, que todos os minutos são preciosos. E por se tratar justamente da morte no cotidiano, você sabe desde o começo, que todos os personagens não terão aquele final feliz. Quando acaba uma série, geralmente, elas não mostram as pessoas velhas e como vão morrer. Six Feet Under mostra a realidade, um retrato cru do que a vida representa. O personagem principal não vai ficar com a mocinha, que por sinal é bipolar, mesmo que goste dela. A adolescente continua perdida mesmo depois da faculdade, da qual ela desiste. A mãe da família não é e nunca foi feliz. As personalidades são diversas, mas elas retratam o que sentimos e o que passamos, e às vezes, esses sentimentos não são capazes de mudar.

Sempre achei que a morte seria a pior coisa que poderia acontecer comigo, com um parente, amigo ou qualquer pessoa. Mas Six Feet Under mostrou que ela é nossa redenção e a vida, essa sim é a grande vilã. Ela que nos faz sofrer, ela que discrimina e é ela que mostra que a morte é tranquilizadora.

Six Feet Under

O que acontece depois que morremos? Para onde iremos? Nossa vida valeu a pena? Fizemos tudo o que pudemos? Essas são apenas algumas das perguntas que aparecem quando pensamos sobre o assunto. Não existem respostas para tudo e talvez, seja por isso que o assunto é, até hoje, um tabu para a sociedade. A série pode não dar todas as respostas, mas ela nos faz pensar sobre elas.

Six Feet Under não é alegre, engraçada (com exceção de alguns momentos) ou uma série leve que você assiste só para passar o tempo. Ela é pesada e te fará chorar, pensar e chorar de novo. Se você não conhece ainda não a conhece ou nunca assistiu, está esperando o que? Garanto você não vai se aprender, pelo contrário, vai ser uma das melhores histórias que você irá ver. E já deixe o lenço ao seu lado, porque irá precisar.


PS. Repito, tem a M-E-L-H-O-R series finale do mundo.

PS2. O elenco é encabeçado por vários atores renomados. Além de Peter Klause e Michael C. Hall, a maravilhosa Frances Conroy (American Horror Story) interpreta a mãe da família, Ruth Fisher, e Rachel Griffiths (Brothers & Sisters) interpreta a problemática Brenda Chenowith. Outros atores fazem participações especiais como Kathy Bates (American Horror Story).

PS3. Para quem quiser ver o vídeo da abertura clique aqui e para quem já conhece e quer rever a cena final da série, ao som de Breathe Me, da Sia, clique aqui. É lindo, é emocionante, é perfeito. Assistam por conta própria.

Qualquer coisa. Qualquer Um. Em Qualquer Lugar. Um Dia Termina.


Karine Medeiros

Futura jornalista. Mora em uma cidade desconhecida. Apaixonada por séries. Cinéfila e bookaholic. Sonha em um dia morar em Nova Iorque. O que ama mais do que tudo isso? Comer e dormir.

Votorantim / SP

Série Favorita: Friends

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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