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Aftermath – 1×06 Madame Sosostris

Por: em 4 de novembro de 2016

Aftermath – 1×06 Madame Sosostris

Por: em

Depois de vários episódios com excesso de informações, falta de desenvolvimento e um roteiro aparentemente perdido, Aftermath conseguiu superar tudo isso nos apresentando o primeiro episódio satisfatório até agora. Mesmo não sendo tão movimentado como os anteriores, a série conseguiu usar o tempo para explicar algumas das tantas coisas apresentadas, tendo como foco o futuro da humanidade… Ou a esperança de um.

Madison Smith - Aftermath

Dando continuidade aos acontecimentos passados, um breve momento de luto pela morte da Tia Sally nos foi apresentado. Chega a ser desapontador o fato da morte não ter causado tanto impacto visualmente nos personagens, mas pelos diálogos é possível enxergar o quão mudados eles estão por dentro. Não há mais esperanças em um mundo melhor. Karen continua com a sua personalidade forte, mas é possível notar que, nesse momento, essa personalidade está sendo forçada apenas para não mostrar fraquezas. A morte da irmã a destruiu, mas ela é a líder do grupo. Ela precisa permanecer forte pela família, custe o que custar. Claro, esconder sentimentos por tanto tempo é perigoso, podendo ser uma faca de dois gumes. Além de se machucar, você pode acabar machucando as pessoas em sua volta. Karen sabia disso e escolheu fazer isso mesmo assim, mas acabou sofrendo com as consequências.

Todos nós precisamos extravasar vez ou outra. O estresse do dia-a-dia, uma briga ou até mesmo uma situação desconfortável pode acabar desanimando nosso dia, então acabamos trancando isso para nós mesmos. O problema disso é que somos como um copo: quanto mais água colocar, mais ele vai enchendo, eventualmente transbordando. Ela não matou aquelas mulheres somente por ser preciso. Ela matou porque queria. É impossível ficar bem quando alguém morre, principalmente se essa pessoa for especial. Mesmo tentando esconder, era nítido o quão abalada ela estava. Ela se descontrolou. E nós somos tão diferentes assim? Muitas vezes guardamos as coisas e escondemos do mundo, mas ninguém é tão forte para suportar tudo sozinho. Sempre precisamos de alguém do nosso lado, mas para ser ajudado, é preciso querer ser ajudado. Todos aqueles tiros não foram somente para matar aquelas mulheres, mas sim para matar a dor dentro de si mesma. Mas, com isso, ela acabou matando junto as esperanças da própria filha.

Dana sempre foi uma garota doce e gentil, mas esse mundo é terrível demais para ela. Algumas pessoas simplesmente não se encaixam nessa realidade e ela é uma dessas pessoas. Ela não quer ter participação na matança. Ela tem esperanças em um mundo de paz, mas a paz do grupo só foi alcançada após a morte daquelas mulheres. Será que temos a ideia correta de um mundo pacífico? E se a paz, na verdade, só puder ser alcançada pelo jeito mais difícil? Ela não sabe disso, mas mesmo se soubesse, não acreditaria. Ela não acredita mais em nada, mas agora precisa de esperanças mais do que nunca. É impossível viver em um mundo como esse sem esperanças. Dana precisa de algo que a motive a continuar lutando. Os perigos estão aumentando cada vez mais e todos precisam continuar fortes para sobreviver.

O relacionamento dela com Martin, apesar de apressado, pode ser a chave para isso. Ainda não é possível confiar totalmente nele, mas é claro que ele é uma das poucas coisas que a faz querer continuar. Mas, será que ela realmente gosta dele ou o está usando para escapar da realidade? Seja como for, ela precisa saber que é impossível fugir. É lutar ou morrer. Resta saber como o relacionamento dela com a mãe será trabalhado daqui para frente. Será que Dana realmente a pode culpar? Do mesmo jeito que antes ela não queria pegar em armas e acabou precisando de uma, alguma hora ela irá precisar matar, querendo ou não. Ela precisa estar preparada para isso antes que seja tarde demais. É engraçado ver como o vulcão ao fundo se encaixa na situação. Do mesmo jeito que um vulcão entre em erupção e destrói tudo em volta, assim aconteceu com os sentimentos de Karen. E assim acontece com todos nós. Esse episódio não serviu apenas para mostrar um mundo pós apocalíptico, mas sim para mostrar como já parecemos viver em um.

Anne Heche - Aftermath

Sempre foi perceptível que, em algum momento, algo iria acontecer com Dev. Mas quem imaginaria que iria ocorrer daquela maneira? O amor dele por Brianna, apesar do curto período de tempo, sempre foi puro e verdadeiro. Ele sempre foi puro e verdadeiro. E, mesmo tendo crescido acreditando em somente uma coisa, ele largou tudo para ir embora com ela. Mesmo com suas crenças de criança, ele acreditava ainda mais no amor que sentia por ela. Mas, quem diria que esse mesmo amor causaria sua morte? É impossível saber como essa história irá continuar. Ele morreu, mas Brianna ainda não terminou de amá-lo. E será que algum dia irá? Enquanto a irmã precisa encontrar esperanças no amor, Bri precisa aprender a encontrar esperanças sem ele.

Joshua, por sua vez, finalmente conseguiu ganhar mais destaque. Foi difícil não ficar tenso na luta contra o metamorfo, mas mais difícil ainda vê-lo descobrir que, de uma maneira ou outra, tudo irá acabar. Mas será que o destino já está escrito ou ainda se pode mudá-lo? Ele acredita que sim. Ele precisa acreditar que sim. Todos precisam ter esperança em algo e é nisso que ele tem. Ele tem esperanças que, de uma forma ou outra, irá encontrar a resposta naquilo que ele ignorou tanto tempo. Não é irônico ver que o mesmo trabalho que ele conseguiu destruir pode ser o que o acabe salvando? Às vezes desistimos de pessoas ou coisas pela nossa simples falta de fé nelas. E se no futuro elas forem a nossa resposta? Não importa os problemas que iremos passar, a resposta sempre irá estar no passado. O encontro dele com a Dra. Douglas somente serviu para confirmar isso.

Já Matt, apesar de ser o melhor personagem, começa a ficar apagado mais a cada episódio. É triste ver alguém com tanto potencial nessa situação, principalmente sabendo que ele é o único capaz de continuar guiando as pessoas quando sua mãe não estiver mais presente. E, coincidentemente, esse momento pode ser agora. Todos perderam as esperanças, menos Matt. Ele é o único que conseguiu permanecer em pé, mas será ele o único a conseguir trazer todos de volta? Só o futuro terá as respostas, mas é impossível não teorizar sobre.

Mitchell Kummen e Taylor Hickson

No geral, Aftermath ainda não é uma série com um bom roteiro. Salva por esse episódio, os anteriores ainda demonstram uma completa bagunça e dificuldade em guiar a história para aonde ela deve ir. A série já está em sua reta final, resta saber se ela conseguirá se erguer das cinzas para garantir uma segunda temporada, ou se acabará perdendo as esperanças assim como seus personagens.

Observações:

Eu ainda fico perplexo com a maravilhosa fotografia dessa série.

Onde Dana arrumou um maço de cigarros? E será que ninguém vai ensiná-la a tragar?

Nunca imaginaria que o Dev estivesse possuído também. Foi um triste final para meu ship.

Joshua, alguns pedidos são irrecusáveis. Principalmente em uma situação como essa.

Produção de Aftermath esquece dragão em churrasco.

Gostava mais da Brianna perdida.

Confesso que essa review foi uma das mais complicadas para fazer. Eu fiz uma vez e acabei perdendo todo o texto, então foi difícil ter que começar tudo novamente, principalmente por não ter ficado tão boa quanto a anterior.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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