Qual o limite entre ser humano e ser máquina? Até certo ponto, esta foi a principal temática de Hot Potato Soup, que por mais que não seja nem de longe tão empolgante quanto seus antecessores, continua muito bem a trama que Agents of S.H.I.E.L.D. agora quer contar e traz algumas viradas interessantes.
A presença dos Koening durante os 42 minutos de tela me confundiu, de verdade. Hora os agentes amigos de Coulson pareciam androides, hora pareciam humanos e só depois eu entendi que era exatamente esse o intuito do roteiro ao trazê-los de volta: Mostrar por A + B o quão tênue é a linha que nos separa de gente que por dentro pode ser apenas fios e aço, mas por fora (e às vezes na cabeça), parece mais humana que muitos de nós. Isso fica claro no momento do episódio em que Fitz descobre que o Radcliffe-robô não possuía código algum, mas sim um cérebro artificial construído por Radcliffe. Durante todo o desenvolvimento do plot, enquanto Fitz o investigava, por diversas vezes o próprio androide questionou qual a diferença entre eles e demonstrou alguns lampejos de sentimentos aqui e ali. Descobrir, ao fim do episódio, que os Koening eram de fato pessoas de carne e osso (quando eu já estava convencido de que eram réplicas androide) responsáveis pelo primeiro experimento da S.H.I.E.L.D. com LMD foi ótimo para ressaltar que essa diferença é algo relativo demais para ser percebido de imediato.
Os momentos de Aida também ressaltaram isso. A nova aliança dela e de Radcliffe não é a lua de mel que pareceu inicialmente e as cenas do interrogatório do Koening para descobrir onde estava o Darkhold mostrou isso. Enquanto o russo queria usar de força mais bruta para arrancar de Billy as informações de onde o livro estava, Holden preferia uma abordagem mais natural, o que causou conflitos, mãos quebradas e Aida mais uma vez mostrando que tem se tornado uma I.A extremamente poderosa e que não será fácil derrotá-la. O interessante dessas cenas foi introduzir os russos na história (Com a presença de Anton Ivanov, o tal Superior que a Nadeer tanto fala). Chega a ser até mesmo irônico que um país como a Rússia, já conhecido por medidas um tanto quanto duvidosas, esteja responsável por toda essa perseguição que acontece com os Inumanos e, pela alfinetada, só me resta elogiar mais uma vez o roteiro.
A trama ganhou contornos diferentes e mais delineados com a chegada deles na trama. Enquanto Holden quer o Darkhold por algum instinto vilanesco de dominar o mundo, eles o querem porque acreditam que, com ele, conseguirão dizimar a “ameaça Inumana” que se instalou na Terra. O que me parece, contudo, é que eles não tem a menor noção do que vão encontrar quando começarem a usar o livro e seguem apenas histórias a eles contadas, que podem acabar muito mal. Que o plano não termine com os Inumanos e se estenda a Coulson, não é nenhuma surpresa. Quando as palavras “destruir a coisa que trouxe os inumanos” foram ditas no episódio, até cogitei que o Superior falasse da S.H.I.E.L.D. como agência, mas faz bem mais sentido que o ódio seja direcionado a Coulson mesmo. Agora que Holden tem o livro, não dá pra prever os próximos passos, mas eu aposto em problemas no paraíso para essa aliança em breve.
As sequências de busca pelo Darkhold foram ótimas e uma verdadeira “batata quente”, como sugere o título do episódio. Os Koening passaram o livro de mão em mão e que ele tenha acabado escondido numa biblioteca da S.H.I.E.L.D. chamada Labirinto… Bom, não é exatamente algo que você chame de super seguro, mas acho que não dá pra esperar muito mais dos Koening. Que o beijo de Coulson e May tenha acontecido no momento em que ela está substituida por um androide não é nenhuma surpresa, mas uma coisa que a cena deixa bem claro é o quão sinceros são os sentimentos do Diretor pela sua companheira de anos. Resta saber se a May real vai aceitar bem essa história de ter sido confundida com um robô, quando ela voltar.
O momento em que ela pega o Darkhold e Phill começa a perceber que está diante de um androide é um dos mais dolorosos do episódio. Nos seus olhos, fica registrado todo o misto de decepção, engano e dor. A cena é uma das melhores do episódio e fico feliz que esse mistério, finalmente, tenha acabado. Que tenha durado apenas 3 (ou 4?) episódios é mais uma prova do quanto a série está andando a passos largos e mantendo a história ativa. Que, no fim das contas, Phil não tenha conseguindo queimar o modelo dela junto com o de Aida e o de Holden é bastante significativo. Eles não sabem onde May está, nem se ela está viva, então aquele robô é tudo que eles tem e não é fácil deixar alguém que você ama ir.
Por último, mas não menos importante, tivemos pinceladas de uma possível backstory de Fitz. A informação de que Radcliffe conhecia seu pai, um homem que o abandonou e que nunca acreditou no filho, certamente não é algo irrelevante e deverá ser desenvolvida de alguma maneira em breve. Iain De Caestecker nunca teve grandes momentos dramáticos na série para mostrar seus talentos, mas conseguiu reproduzir muito bem o estado de confusão mental que Leo ficou após receber a informação. Existe algum passado bem traumático por trás disso e que provavelmente está voltando para atormentá-lo. Pelo menos, agora ele tem Jemma ao seu lado. Como não se emocionar com aquele diálogo dos dois, onde ela ressalta os sentimentos dele e o quão boa pessoa ele é? “Isso não é programação. É por isso que eu me apaixonei por você.” Após anos de enrolação, é bom ver a série sendo evoluída o suficiente a ponto de não separá-los por qualquer bobagem.
Se eu fosse apostar em algo, seria que essa história dos LMD vai ser encerrada entre o episódio 15 e 16 e o pai de Fitz será o arco final da temporada. Mas, até lá, só nos resta esperar.
Outras observações:
— Levanta a mão quem ficou querendo ler as fanfics sobre Tremor e Viúva Negra. Marvel, nunca te pedi nada.
— Espero por mais participações da L.T. Ótima personagem.
— Uma coisa que acho engraçado em séries no geral é que quando um mistério como a LMD May aqui é descoberto, todos os personagens descobrem com intervalos de 5 minutos entre si.
— Dou no máximo 2 semanas pra Holden se voltar contra os Cães de Guarda.
— É muito ódio pelos Inumanos, nossa. Dá até medo.
— Sempre que os Kree ou os Chitori são citados, dá uma saudade de quando o MCU estava começando e caminhava a passos de criança… Bons tempos. É muito bacana ver até onde a Marvel chegou nesse sentido.
Fique com a promo de BOOM, episódio de semana que vem: