Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Agents of S.H.I.E.L.D – 4×18 No Regrets

Por: em 24 de abril de 2017

Agents of S.H.I.E.L.D – 4×18 No Regrets

Por: em

“Nada importa porque não é real.”

Qual o limite da realidade?

No Regrets” traz logo de cara um pouco desse questionamento quando coloca Jemma contando a Ward e Mace toda a verdade sobre aquilo ser uma realidade alternativa. Pra nós, que sabemos que todas as palavras da cientista são verdadeiras, pode até soar um pouco irritante o modo como eles se comportam. Mas analisando friamente, a coisa muda de figura e, pelo discurso de Mace, isso fica bem claro. Como fazê-lo acreditar que que nada do que ele acredita ter vivido é uma farsa? Como exigir que ele acredite que tudo pelo que ele lutou, viveu e se sacrificou (acredita ter feito isso, no caso) não vale nada? Não é exatamente algo fácil ou que dê pra exigir de qualquer pessoa. Enquanto seres humanos, é muito mais fácil que a gente escolha acreditar naquilo que vai nos fazer se sentir melhor ao invés daquilo que nos perturbaria. Foi essa a base para a criação do Framework e é por isso que ele é tão bem sucedido.

A forma como Ward reagiu ao saber que no mundo real ele era um monstro e inimigo deles foi bem interessante. Aos que esperavam um surto ou um desejo de continuar naquele mundo para que seja uma boa pessoa, ganhamos uma conformação e um “sinto muito” que soou realmente sincero para Jemma. Talvez por ver a resistência de Jemma a ele, pelos poucos minutos que passou com Daisy ou por qualquer outro motivo… Ward entendeu que, por mais que pra ele aquele mundo seja real, para Jemma ele não é. E isso já é mais, muito mais, do que a gente poderia esperar de um cara que sempre colocou seus interesses acima dos de qualquer outra pessoa no mundo real. Espero que a gente consiga ver um pouco mais dessa “parceria” improvável dos dois antes do plot do Framework acabar.

Que Daisy consiga resistir a promessa de um mundo sem dor que Aida lhe fez só prova o quanto a personagem é forte. Não é qualquer um que deixaria de lado a possibilidade de ter de volta um antigo amor morto e poder viver com ele uma vida calma e feliz, sem memórias de tudo que, por mais real que tenha sido, fez mais mal do que bem. O que também fica claro por esse momento é como Aida realmente virou o jogo e se tornou algo muito maior do que Radcliffe esperava. O surto de choro do doutor em sua cela ao lado da de Daisy é bem mais significativo do que parece. É claro que tudo que ele fez é imperdoável, mas diferente de Aida que é simplesmente uma programação que deu errado, ele tinha, ao menos em sua base, um sentimento bom… Tirar a dor das pessoas ou querer curar alguém que você ama não é algo ruim em sua essência. Ruim foi o caminho que Radcliffe tomou a partir disso.

A conversa dos dois entre as paredes ajudou também a jogar um pouco mais de luz no que diz respeito a construção daquele universo alternativo. O ponto de Daisy, de que o abandono de um simples arrependimento não mudaria radicalmente alguém como mudou Fitz, é válido. Mas quando o doutor fala que uma frase, uma decisão e uma simples pessoa pode mudar tudo e logo em seguida vemos Fitz conversando com o pai que nunca havíamos conhecido, tudo fica claro. Ter sido criado pelo pai naquele mundo sublimou todo sentimento bom, toda empatia e todo amor que existe no coração de Leo. Ele se tornou alguém tão cruel por ter sido ensinado desde cedo que empatia é para fracos, que o amor não compensa e que ser duro e cruel é a solução pra tudo – exatamente o oposto do Leopold Fitz que a gente conhece. Algumas semanas atrás eu comentei que o pai do cientista parecia algo próximo e ser abordado. Espero que, quando o Framework acabar e quando a série for renovada (#EuQueroAcreditar), isso ganhe mais um destaque também.

A luta ente uma May dopada com supersoro e um Mace com poderes reais de inumano (how ironic!) foi um dos pontos altos do episódio.  Deu pra entender que, nesse mundo, o Patriota é realmente real e não uma farsa criada pela S.H.I.E.L.D. para melhorar a imagem de Mace, o que é mais um plot twist bacana a se adicionar a lista “Coisas diferentes nesse mundo”. É muito estranho ver uma May tão cega pelo ódio, tão dura, tão destinada a servir a Hidra e a possibilidade de explorar esses lados diferentes de alguns personagens é algo muito legal, porque em momento nenhum, mesmo aqui, a série usa o “preto no branco“. Ela claramente não sabia dos experimentos com as crianças e vê-las naquele prédio todo explodindo e caindo aos pedaços ativou algum tipo de gatilho que, se não a faz questionar a realidade artificial em que vive, ao menos mostra que servir a Hidra cegamente não é uma boa ideia.

O sacrifício de Mace para salvar a vida de todos ali também foi algo que mostrou a agente que existe algo além daquilo que sua visão pode enxergar. Eu tinha realmente achado um pouco estranho que a personalidade de Jeffrey era praticamente a única não alterada quando conhecemos o novo mundo, mas agora tudo faz sentido. Se sua morte estava prevista para acontecer, o mínimo que o roteiro poderia fazer era com que ele morresse sem perder sua essência. E a cena é um misto de triste e de bela. Ele sabia, quando foi salvar a vida de Chris e segurar o prédio, que não sairia vivo dali. Que no momento em que ele soltasse, tudo iria desabar e ele não teria tempo de fugir. E ainda assim, ele o fez. O fez porque preferiu salvar os outros ao invés de salvar a si próprio. E, assim, morreu sendo o Diretor, não apenas no título, mas também nas atitudes.

Foi um personagem que no começo não me chamou atenção, mas que depois eu aprendi a gostar e que, agora, vai fazer a falta. Rest in peace, Diretor. E que sua morte não tenha sido em vão. 


Outras observações:

— Que ótima surpresa foi a participação de Trip. Gostava muito do personagem.

— Assustador ver pelos olhos de Mack o quanto a Hidra mudou a história nos livros.

— É horrível demais ver o que a Hidra faz com os Inumanos. As palavras de Coulson sobre o que faziam na sala de aula, o momento em que ele e Trip veêm Chris sendo levando em quarentena… E o que era aquela sala?? Pesado.

— Depois da morte do Diretor, a cena em que ele questiona Jemma sobre várias coisas e diz que ela não o conhece se torna ainda mais significativa e triste.

— As referências ao Colmeia são ótimas.

— Não quis comentar no fim do texto pra não quebrar o que tava falando do Mace, então bora falar aqui: Que coisa incrível e surpreendente ver a May indo até a Daisy e fazendo sua terrigênese. Mostra que ela realmente perdeu a confiança na Hidra e, se tiver dado certa, quero ver Daisy colocando tudo abaixo com seus poderes de volta!

E você, o que tem achado dessa reta final da temporada? A partir de agora, as reviews voltam ao normal 🙂


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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