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American Crime – 2×02 Episode Two

Por: em 22 de janeiro de 2016

American Crime – 2×02 Episode Two

Por: em

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Continuando o caminho começado pelo episódio anterior, Episode Two se aproveita da apresentação dos personagens e parte agora para o campo das ações, se aprofundando em certas lacunas e dando profundidade à atores que até então pareciam ser rasos.

O mote do episódio é a denúncia feita por Anne Blaine (Lili Taylor está muito bem nesse papel. Seu desespero é tocante, as lágrimas embargadas motivam na luta por justiça). Connor Jesup também está ótimo como Taylor e sua via crucis agora leva para um lugar até então pouco explorado em dramas que tematizam a questão da violência sexual: os exames.

Depois da denúncia feita formalmente à polícia é a vez dos exames. Aqui uma metáfora vem à mente, a da cruz. Durante o trajeto de Jesus os soldados romanos obrigam pessoas aleatórias da multidão que ajudem a carregar essa cruz. O fim da jornada todos nós sabemos bem. Somente o Cristo poderia levá-la. Assim é com o protagonista. As tentativas de sua mãe ao denunciar e falar por ele são infrutíferas. É preciso que ele seja o protagonista dessas denúncias, que ele mesmo fale por si.

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Dirigida de maneira exemplar, a cena é toda seca e cruel, com planos fechados no rosto do garoto, protagonista verdadeiro dessas ações. A voz, ao fundo, sem corpo, é a médica que conduz o exame e toda a sequência de humilhações que decorrem do mesmo. A angústia em suas feições, o medo, a raiva, estão todas lá, conferindo à American Crime a possibilidade de abordar a violência sexual sem um viés glamourizante ou feitichista, como muitas das produções o fazem. O enfoque não é o ato por si só mas suas reverberações inevitáveis.

A montagem favorece o roteiro ao comparar as cenas de Taylor tentando se relacionar novamente com a namorada e Eric e seu caso, às escondidas, que revela também certos problemas com a sexualidade. Seu pedido para mantar apenas o beijo, a recusa ao sexo, aliados à uma montagem intercalada sugerem que o culpado por aquele crime seja ele.

Por fim, as questões sociais voltaram com mais força: a punição exigida por Leslie recai sobre o jogador mais pobre já que ela é esperta o bastante para não bater de frente com a família Lacroix, cuja influência se encontra até mesmo dentro da polícia. É engraçado também descobrir como a escola é percebida dentro da comunidade, um lugar cheio de segregação.

Se a jogada de Anne foi esperta ou desastrosa saberemos no próximo episódio. Fato é que American Crime vai se construindo de maneira primorosa. E só está começando.

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P.S.: É agonizante essa recusa por parte da polícia e das autoridades envolvidas em perceber esse caso como de abuso sexual.

P.S.: Terri Lacroix vai se firmando como a personagem mais odiável da série. A sequência da devolução da joia é muito incômoda.


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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