Nesse sexto ano, American Horror Story está fazendo um trabalho como há muito tempo não víamos na série. Ryan Murphy claramente aprendeu com os erros das temporadas anteriores e, finalmente, conseguiu nos apresentar a sucessora de Asylum. Roanoke, que começou com uma trama interessante e instigante, finaliza sua primeira parte de forma satisfatória e já nos introduz para o que será trabalhado nos episódios seguintes.

Dando continuidade aos acontecimentos do capítulo passado, os Millers ainda estão tentando escapar da Açougueira e dos outros camponeses. O mais interessante na cena foi saber que os fantasmas também servem a ela. Claro, isso pode soar estranho, afinal, não foi por culpa dela que eles morreram? Mas como o roteiro faz questão de explicar, eles não a servem por respeito, mas sim por medo. E o medo é traiçoeiro. Lealdade por medo nunca leva a lugar nenhum, pois no primeiro lampejo de coragem, a lealdade acaba.

A traição de Ambrose contra ela foi a maior prova disso. Apesar de ser a mãe dele, ele nunca concordou com ela matando inocentes. E nesse momento podemos perceber como uma ação gera uma reação. Tomasyn queria ficar esperando o marido, mas o filho e os outros agiram contra ela. Por causa disso, ela acabou sendo presa na floresta, fazendo então o pacto. E, mesmo sentindo a dor de ser presa e machucada sendo inocente, ela fez a mesma coisa com as outras pessoas e novamente foi traída. É engraçado ver que, na maioria das vezes, as pessoas usam o próprio medo para atingirem os outros. Existe sinal maior de fraqueza?

Os Millers, no entanto, permaneceram fortes até o fim. Claro, eles poderiam ter saído há muito tempo como muitos os aconselharam, mas eles quiseram lutar até o fim. Eles não ganharam, mas também não perderam. A Açougueira ficou sem o sacrifício para consagrar o solo novamente, o que pode interferir no pacto que a mesma fez com a Bruxa da Floresta. E os Millers, apesar de traumatizados, conseguiram permanecer vivos e juntos, como família. Existe presente maior que isso?

O retorno já esperado de Lee foi descaradamente um dos melhores momentos. A personagem que desde o início conseguiu cativar e conquistar o público foi a que mais sofreu, mas também foi a responsável por salvar todos. Se ela tivesse desistido de Flora ou confessado o crime que não cometeu por pura pressão, o resultado poderia ter sido diferente. E uma curiosidade foi o fato do policial ter fugido. Será que as autoridades têm conhecimento do caso e deixam acontecer mesmo assim? Ou será que o medo falou mais alto e ele simplesmente resolveu deixar todos ali?

Seja como for, acho difícil essa parte não ser aprofundada. Afinal, é certo imaginar que as autoridades irão estudar o caso dos garotos encontrados na fazenda. Claro, já é costume do Ryan deixar alguns plots de lado para focar em outros, mas será que um acontecimento desse nível pode ser esquecido? Os Polk, até agora, são os personagens que mais despertaram curiosidade, principalmente com o inesperado retorno da maravilhosa Frances Conroy como Mama Polk.

O acordo deles com a Açougueira, agora que ela foi traída, pode acabar sendo desfeito. Será que eles estarão seguros? E será que eles vão tentar trazer as crianças de volta para a fazenda? Seria muito interessante e bem aceito se a história deles com os camponeses fosse mostrada e, sobretudo, como eles se tornaram pessoas tão frias e canibais. A morte – dessa vez certa – de Elias foi bem chocante e triste. O personagem tinha muito a acrescentar, mas assim como Cricket, teve que dar adeus para que a história pudesse se desenvolver.

E falando em adeus, será que a morte deles é permanente? Afinal, todos os que morreram naquele lugar voltaram como fantasmas. Será que Elias e Cricket também irão aparecer? E se sim, será que por um motivo bom? Com essa nova fase começando, é certo imaginar que a equipe do programa de entrevistas irá à verdadeira casa filmar. Será que teremos aparições? E se houver, será que serão com os mesmo atores? Afinal, os que vimos interpretando esses queridos personagens faziam apenas parte de uma reconstituição dramática, como o próprio programa já revela no início dos episódios.

Já Shelby e Matt, apesar de saírem com vida, ainda permanecem com cicatrizes. Mesmo sabendo que eles estavam vivos na entrevista, é difícil não sentir medo por eles, principalmente se tratando de American Horror Story. Toda a cena da fogueira foi empolgante, e certamente uma das melhores da série. Algo que senti falta foi mais informações sobre o Homem-Porco, que representa o verdadeiro horror nessa temporada. Mas, quem sabe ele não acabe retornando e se revele como parte de um dos prometidos plot-twists dessa temporada.

E falando em retornos, tivemos uma incrível participação de Evan Peters como Edward Philippe Mott, o antepassado de Dandy Mott. Foi incrível ver a ligação com Freak Show mencionada na semana passada se concretizar nesse episódio. Pelo que vimos, a loucura sempre fez parte da família. E já teve algum membro normal na família Mott? Ele, que foi o construtor da casa, era uma figura egocêntrica e ansiosa, com uma grande paixão por arte e aversão pelas pessoas.

Logo nos primeiros momentos descobrimos que ele deixou a família para viver junto com o amante. E só nesse pequeno momento, conseguimos perceber como era visto uma relação homossexual e como os servos eram tratados pelos seus senhores naquela época. E mais uma vez Ryan mostra sua habilidade em fazer pequenas críticas à sociedade em pequenos momentos da história, usando a personalidade do personagem. Edward, mesmo com uma pequena aparição, já se torna um personagem marcante na história e a torcida para que ele apareça novamente fica cada vez maior.

Até o momento, a temporada conseguiu manter-se como se era esperado. Resta saber se a segunda parte continuará explorando a casa ou contará uma nova história. E, já que todos os personagens foram interpretados por atores, será que os veremos de novo fora do papel? Ou será que veremos algo como A Centopeia Humana II, onde a realidade se mistura com a ficção? Seja como for, American Horror Story conseguiu retornar para o que foi um dia e está se levantando cada vez mais.

Observações:

–A historiadora é a única personagem sensata até o momento.

–Achei que minha paixão pelo Evan Peters não poderia aumentar. Fui trouxa.

–Lily Rabe arrepia cada vez que fala no depoimento. Que atriz!

–E o cosplay de O Grito? Até agora não entendi a proposta daquilo.

–Referência básica ao Hotel Cortez feita com sucesso.

–Ansioso demais para a segunda fase.

–Fiquei surpreso quando a Frances apareceu. Realmente não esperava isso.

–Coitado do Elias. Era melhor ter morrido com as flechas.

–Maaatt!

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