Intenso. Essa é a única palavra capaz de definir esse episódio. Começando de uma forma maravilhosa, Roanoke promete terminar do mesmo modo. Com um roteiro bem escrito e sem enrolações, Ryan Murphy conseguiu provar ao mundo que a série ainda tem muito que mostrar. American Horror Story está viva!

Dando continuidade aos eventos passados, nos deparamos com uma realidade diferente, mas ao mesmo tempo similar. No início da segunda fase, nos deparamos com a busca pela fama. Vimos a necessidade das pessoas que, ao chegaram ao topo, fazem de tudo para se manterem lá. “Eu só queria aparecer na TV”, disse Agnes. Essa simples frase foi capaz de resumir a temporada por completo. Todos voltaram pela fama e todos morreram por ela. Sidney foi vítima de sua arrogância, Rory de sua superioridade, Agnes de sua necessidade de atenção, Shelby de suas expectativas, Matt de seu egoísmo, Dylan de seu heroísmo, Dominic de sua falsidade, Monet de sua prepotência e Audrey de sua falta de controle, mas tudo em nome da fama. Todos eles fizeram o que puderam não para sobreviver, mas para mostrar ao mundo o que passaram. Se fosse preocupação com a vida, todos teriam largado os celulares. O fato de enxergamos quase tudo pelo ponto de vista dos próprios personagens já revela a verdadeira intenção dos mesmos.

Mas, se celebridades já agem assim, como agem as pessoas não tão conhecidas? Com a internet, a necessidade de atenção da população aumentou. As pessoas se tornam tão vazias por dentro, que acabam se preenchendo de curtidas e comentários. As pessoas querem ser vistas para que alguém se importe. Mas, até que ponto as pessoas são capazes de ir para conseguir isso? Pegadinhas com estranhos, humilhação em público e irresponsabilidade são apenas a ponta do iceberg. Sophie (Taissa Farmiga), Milo (Jon Bass) e Todd (Jacob Artist) queriam alcançar tamanha popularidade que não se importaram com a própria vida e nem das pessoas que faziam parte dela. Mesmo já tendo presenciado o sobrenatural e denunciado, essa busca fez com que os mesmos voltassem, o que acabou custando a vida de todos. Já a negligência da polícia, tantas vezes trabalhada na série, mostrou o seu pior lado. O dever de ajudar passou longe. Se eles não estão protegendo as pessoas, então o que estão fazendo? Não seria essa a função maior? Ignorar a ligação de Sophie não custou apenas a morte dela e dos amigos, mas sim a opinião do planeta ao vê-las.

E, não apenas fazendo uma crítica àqueles que produzem esse material, a série também se dispôs a criticar aqueles que assistem e têm sede do mesmo. Esse assunto já foi mostrado em diversas séries, como no primeiro episódio de Black Mirror, por exemplo. Se as pessoas fazem, é porque há público. A internet, apesar de na maior parte ser de grande ajuda, acabou também abrindo um espaço maior para a futilidade. Assistir pessoas indo a um local onde vários já foram mortos mostra a verdadeira essência da humanidade. Atualmente, sempre vemos vídeos de pessoas humilhadas e mau tratadas com milhões de visualizações. As pessoas dizem repudiar os atos, mas ainda compartilham em suas redes alegando que é uma forma de mostrar aos outros o que é ruim. Mas, enquanto isso for propagado, nunca vai acabar. “As pessoas só esquecerão as guerras quando pararem de fazer passeatas sobre ela”, já dizia a frase.

Lee, por sua vez, conseguiu ser a sobrevivente. Claramente, ela foi a personagem melhor construída até o momento. Ela sempre quis proteger a filha, o que a levou a matar o próprio ex-marido. A profissão junto com o consumo intensivo de álcool já mostrava que a mesma não era equilibrada, mas foi no momento dessa confissão que tudo se confirmou. Por um pequeno momento ela acabou confessando, mas não podia se dar ao luxo de ter aquilo revelado. Eles tiveram uma chance de fugir, mas a busca pela inocência que não a pertencia acabou pondo a vida de todos em risco e, para Dylan, sendo fatal. O pacto com a Bruxa da Floresta foi sua última jogada. Ela, que tinha sido vítima de seu próprio desespero, acabou se deixando levar pela total insanidade. Pelas cenas finais, ainda não é certo se ela continua sob esse encanto, mas já é possível imaginar possíveis finais para a trama.

Já Audrey e Monet acabaram sendo o efeito colateral da escolha de Lee. Monet achava conhecer Lee por tê-la interpretado, mas ela só a conhecia pelo exterior. Do nosso interior, só nós temos consciência. Seu ar autoritário e arrogante acabou sendo a causa de sua morte, mas sua agonia ao ser empalada foi similar ao que sentiram as garotas ao serem deixadas para traz na casa dos Polk. Tudo que vai, aparentemente volta. Audrey, por sua vez, acabou morrendo pelo seu próprio descontrole. Apesar de sempre criticar o jeito americano, na maior parte do tempo ela acabou agindo igual. Ela teve a oportunidade de viver, mas a vontade de fazer justiça com as próprias mãos foi maior. Claro, não podemos julgá-la. Afinal, se passássemos o que ela passou, o que faríamos? Seja como for, sua morte foi consequência de sua própria decisão. Agora ela pode descansar em paz com seu amado.

No geral, American Horror Story está se superando cada vez mais. Faltando apenas um episódio para o fim desse sexto ano, as expectativas para o fechamento da trama é tudo que nos sobrou. Lee sobreviveu, mas qual serão as consequências? Ainda, com tudo tendo sido divulgado, será que veremos algo como o final de Coven, onde as pessoas saberão da existência do sobrenatural? Ainda aparenta ser cedo para afirmar, mas acho que é seguro dizer que Roanoke conseguirá fechar sua história com chave de ouro.

Observações:

-Rhett Snow (Billy Snow) é o melhor personagem. Sério.

–Como assim o Wes acabou de voltar e já morreu?

–Que atuação incrível da Taissa! Fez em um episódio o que não conseguiu fazer como Violet e Zoe.

–Será que o Polk sobrevivente irá voltar? E os garotos pegos pela polícia?

–Aliás, será que veremos os atores que não participaram do Reality?

–Sophie é oficialmente a personagem mais desconstruída da série.

–Achei que a Audrey iria entrar no carro e a Lee iria matá-la. Fui trouxa.

–Diana perdida na floresta sou eu quando chego bêbado em casa. Aliás, é a personagem mais injustiçada da temporada.

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