Mais um episódio de American Idol, mais decisões erradas. De Scott, da produção, dos acts, e principalmente do público, que vai arrastar Tristan até o final aparentemente.
A edição foi um ponto positivo do episódio. As vinhetas antes dos duetos eram pontuais, e a ideia de montar uma storyline com o “I Am” foi super positiva para nós nos conectarmos com os artistas um pouquinho mais profundamente, principalmente com aqueles que a gente se identifica. Lógico, rolou uma forçação de barra no VT inicial, fazendo a gente engolir uns estereótipos super gastos (“songwriter” pro MacKenzie, “farmboy” pro Trent), mas depois a coisa tomou uma forma um pouco mais natural.
O tema do episódio é bastante agridoce: o American Idol Songbook, as músicas que ficaram marcadas por suas versões no palco do Idol. Amarga porque isso significa que a maioria das músicas a gente simplesmente não aguenta mais ouvir de tantas vezes que já cantaram – o famoso overdone. Doce porque serve (com a ajuda da vinheta de intervalo, claro) para a gente lembrar de alguns bons momentos do passado – vulgo Jessica Sanchez cantando I Don’t Want To Miss A Thing com Steven Tyler na bancada!!!
O problema é que o episódio não fluiu muito bem. A coisa fica meio truncado, meio corrida. Com os 4 duetos, mais 8 apresentações individuais, mais a apresentação do convidado… Fica difícil administrar tudo. E com essa correria toda para o programa acabar logo (menos de um mês para a finale), não acho que o programa terá tempo suficiente para fazer a América se apaixonar por La’Porsha Renae pelo futuro vencedor – nem por qualquer outro candidato -, que muito dificilmente terá uma carreira bem sucedida após o programa (sendo melhor que a do Nick Fradiani, já é alguma coisa).
Duetos
Adorei a ideia de fazer os Duetos ainda no Top 8, a gente se apaixona um pouquinho mais pelos acts ao vermos a interação deles, e a escolha das duplas foi bastante coerente. No entanto, a execução da ideia foi pouco primorosa. Nenhuma apresentação foi impecável, e a ideia dos duetos seria exatamente propor uma apresentação marcante e, bom, impecável. Mas enfim.
La’Porsha Renae & Trent Harmon – See You Again
Pois muito que bem. De quem foi a ideia de colocar os 2 frontrunners, os 2 melhores vocalistas da temporada, no mesmo dueto? Tá de parabéns. As harmonias foram excelentes e a química dos dois estava na medida certa para uma dupla que em tese está competindo. O problema é que o tom da música, que ficou excelente para Trent, prejudicou um pouquinho La’Porsha, que cantou com a voz um pouquinho presa – nada que a impeça de brilhar. Não teve carão de dueto – na verdade eram duas pessoas cantando, se é que vocês me entendem – mas foi uma boa apresentação que deu uma cara nova a uma faixa extremamente saturada.
Sonika Vaid & Avalon Young – Rise Up
Primeiro, só um parênteses para falar da excelente Andra Day, cantora original dessa música, que é uma vocalista do balacobaco. VÃO OUVIR O ÁLBUM DE ANDRA DAY A-GO-RA! Seguindo aqui no Idol, esse dueto foi um desequilíbrio absurdo e, pasmem, para o lado de Avalon. Com um timbre mais agudo, mais próximo do de Andra (Deus que me perdoe dizer um negócio desse), Avalon foi bastante favorecida. Sonika acompanhou com bastante força e deu conta do que lhe foi exigido, mas em geral foi um dueto bem esquecível. Faltou um pouco de emoção, em termos individuais mesmo, para gente se convencer. Não é nem da química entre as duas porque isso aí eu já deixei para lá, mas de cada uma puxar um pouquinho mais forte para nos convencer a ‘se levantar’.
MacKenzie Bourg & Dalton Rapattoni – I Want It That Way
Bem disse Scott: essa é a dupla dos heartrobbers, a dupla favorita das menininhas. Em tese, tudo pra dar certo. Os dois já são conhecidos por fazerem as devidas adaptações nas músicas que apresentam, e a mistura das duas personalidades parecia ser bem o caminho certo aqui. Acontece que não foi isso que aconteceu. Pegaram uma música bastante simples e fizeram uma versão karaokesca, inexpressiva. Por mais que os dois tenham se esforçado, ficou bem médio. Inclusive os vocais, que deixaram MacKenzie bastante confortável mas bastante esquecível. Sorte dos dois que não dependem dessa só performance para ganhar o voto das garotinhas, porque o arranjo – a escolha da música em si, na verdade – acabou com eles.
Tristan McIntosh & Lee Jean – I Don’t Want To Miss A Thing
Alguém ajuda Lee que o garoto tá totalmente perdido! Dar Aerosmith pro menino que saiu de Ed Sheeran semana passada, cês tão tudo doido. Tristan, por outro lado, se lambuzou toda com as notas altas, já que a música se encaixou no alcance dela como uma luva. Coitado de Lee, ele até se esforçou mas ficou muito claro que ele não tinha condições. Bom para Tristan, talvez?
Top 6
Seguindo em frente, depositamos nossas esperanças nas apresentações individuais, já que os duetos foram bem mais ou menos. Aqui tivemos alguns destaques, mas o que fica claro é que, no fim das contas, só sobrou a nata da nata de uma temporada em que a nata não apareceu pras audições. E olha que esse top 10/8/6 é consideravelmente melhor que o dos últimos 2 anos, mas não é Geronik aquele grupo que você pensa “qualquer um daí que ganhar tá bom”. Só fico se satisfeito se certa black diva wannabe ganhar.
La’Porsha Renae – Come Together
Desculpa gente, eu vou ter que dizer: olha elaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Só porque eu falei que tava com medo da saga black diva impedir a VOZ da temporada de fazer algo diferente, ela chutou o blade da black diva e foi FULL DIVA. Atitude perfeita, convincente, quebrando a banca mesmo. Os vocais, pfff, não tem nem o que falar. Teve um probleminha de transição no falsete mas, honestamente, quem se importa? Mãozinha lá em cima para La’Porsha Renae.
Mackenzie Bourg – You Are So Beautiful
Depois de ter desperdiçado a chance de cantar sem violão no dueto, MacKenzie aproveitou a oportunidade na apresentação individual. Mesmo assim, foi uma apresentação comum, ordinária. Vocal como sempre limpo e consistente, a mesma emoção galanteadora de sempre – garantindo a alcunha de ‘ladrão de corações’ – mas nada muito marcante. Do jeito que a coisa anda, MacKenzie vai chegar na final sem ter tido o ‘wow’ moment que ele tanto procura. Vai chegar na final pelo trabalho sólido, e, acreditem em mim, isso não é necessariamente uma coisa boa.
Trent Harmon – Stand By Me
Trent está… sexy? O comecinho acapella me deu uns arrepios que poderiam me meter em problemas – mas isso é BOM! Mesmo com o arranjo um pouco estranho até o primeiro refrão – e a culpa foi dele, que deu uma ‘flutuada’ na faixa, como disse Harry -, Trent levou a faixa no diafragma (e nos melismas!) e convenceu a gente de que é um frontrunner. Teve direito até a flertezinho com a câmera – e as caretas controladinhas.
Tristan McIntosh – A Broken Wing
Aqui meu coração deu uma apertada. Jura, América? Que vocês vão levar a garota até o final? Ok que a performance dela semana passada foi melhor, mas trocar uma Sonika por Tristan dói o coração. Nessa performance, a coisa não foi muito boa não. O grave da estrofe foi estranho, e mesmo melhorando no refrão foi um vocal difícil de engolir. A salvação teria sido a glory note, mas a dita cuja foi engolida pela melodia por falta de ar na emissão da garota. Fraquinho.
Dalton Rapattoni – Eleanor Rigby
Quando vi os quatro que tinham sobrado, anotei o nome de Sonika a lápis para dar sorte, mas já dava para imaginar que Dalton seria o escolhido. E essa apresentação mostrou o porque de ter sido ele o último abençoado do top 6. Não são os vocais: a performance foi trêmula, na primeira metade mal se ouvia voz dele que se perdia na melodia, e só se garantiu naquela glory note quase no encerramento. Não são os vocais, é performance, é energia. Dalton é muito teatral e canta com muita força performática e presença de palco e, com vocais razoáveis, isso parece ser o suficiente. É American Idol, não The Voice. Ainda acho que os vocais dele brilharão muito mais em versões de estúdio, sem a respiração ofegante e com um arranjo mais sóbrio.
Pausa para o artista convidado. Nick Fradiani, ai ai. Aparentemente a Big Machine ainda não desistiu dele e vai lançar mais um álbum que eu não vou ouvir engessadinho e sem nada de novo. Essa Get You Home é uma daquela faixas pop desesperada que parece o tipo de coisa que dariam para Mackenzie ou Trent no caso de eles vencerem. Ai ai.
Bottom 3
Avalon Young – P.Y.T. (Pretty Young Thing)
Já começou com o VT em tom de despedida, o alerta já disparou. Assim como eu previ, Avalon estaria aqui mais uma vez, graças ao sistema de escolha dos jurados que praticamente sacrifica o candidato (e garante o suspense do programa). O arranjo com cheirinho de swag serviu bem para Avalon, mas ela não conseguiu evoluir muito daí não. O timbre dela continua me parecendo muito irritante e os vocais repetitivos, mas em Earned It ela tinha a cartada da sedução e da expressão. Não foi o que aconteceu aqui. Ainda que a conexão com o público tenha sido boa, faltou um pouco de carisma e da descontração que essa canção exige.
Lee Jean – Let It Be
Como bem dizem os americanos, Lee fell flat. 2ª música difícil do episódio, 2ª música com problema de afinação. As mesma dificuldades de sempre na região aguda, mesma dificuldade de convencer. Demorou para chegar aqui, mas chegou. Jennifer praticamente assinou o atestado de óbito dele com o comentário na bancada.
Sonika Vaid – I Have Nothing
Melhor apresentação do Bottom 3 disparada. Sonika largou a angry girl e recorreu ao óbvio: os diva anthems. Uma estrofe consistente e um refrão excepcional – dentro dos limites da voz dela, claro – fizeram eu não querer voar na cara de quem escolheu Whitney Houston para ela cantar. Ela tava claramente nervosa, mas foi 10x mais interessante que a calmaria de Avalon. E Tristan lá totalmente SALVA PELO PÚBLICO. Ai ai.
Resultados
Tudo dentro do previsto. Mesmo Lee tendo lançado o card do irmão falecido, a passagem só de ida para o top 6 ficou com Sonika. Infelizmente, muito provável que Sonika esteja no Bottom 2 semana que vem, porque o fato dela ter sido uma ‘escolha dos jurados’ dificulta o engajamento das pessoas para votar e fueeen. Por outro lado, semana que vem não é eliminação dupla, então as chances de sua adversária ser Tristan (e aí ela ganha né gente, pelo amor de Olivia Rox) são consideráveis.
E segue o Ranking do Top 6:
La’Porsha Renae
Trent Harmon
MacKenzie Bourg
Dalton Rapattoni
Sonika Vaid
Tristan McIntosh
Única mudança expressiva é a queda de Sonika, que já foi “negada” pelo público. E viva La’Porsha Renae.
Mic Drop 1: Que roupa é essa, Jennifer Lopez? Tava sobrando tecido em tudo que é canto. Mistura de Barbie com destaque de carro alegórico que deu errado.
Mic Drop 2: Estava esperando ele sair para elogiar, mas vocês já pararam pra pensar como Lee Jean é um nome legal?
Mic Drop 3: Achei a mãe da Sonika super jovem, jurava que era a irmã mais velha.
Mic Drop 4: Da série Famosos Que Deram As Caras Na Plateia, hoje teve Jencarlos Canela (de Telenovela) e Prince Royce (latin mozi) na plateia. Os dois vão protagonizar a versão ao vivo da Paixão de Cristo que a Fox do Tio Sam transmite dia 20. Isso, aquela lá do Chris Daughtry. Eu ponho minha mão no fogo que esse negócio vai ser massa. Na setlist tem Evanescence, Imagine Dragons, Katy Perry, Tears For Fears e mais um monte de coisa 10.
