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Arquivo X – 10×01 My Struggle/10×02 – Founder’s Mutation

Por: em 27 de janeiro de 2016

Arquivo X – 10×01 My Struggle/10×02 – Founder’s Mutation

Por: em

Há 14 anos, Mulder era condenado pela morte de um homem que não podia ser morto graças a sua tentativa de expor a verdade sobre a conspiração governamental envolvendo aliens. 14 anos que deixamos ele e Scully naquele quarto de hotel, no Novo México, fugindo pelas suas vidas. E, nesse meio tempo, por mais que muita coisa tenha mudado no mundo (afinal, temos aí mais de uma década!), algumas continuam as mesmas: O desespero de Mulder, o ceticismo de Scully. A verdade ainda está lá fora. Arquivo X continua muito bem, obrigado. 

Mulder Scully

Ver Gillian Anderson e David Duchovny reprisando os papéis que os tornaram os astros que são já seria ótimo por si só, mas ver que ainda existe uma história a ser contada é ainda melhor. Quando Chris Carter encerrou Arquivo X em 2002, ele respondeu o que precisava ser respondido e este era o meu medo: Que o revival da série se mostrasse desnecessário e mais uma jogada mercenária. É claro que o objetivo é dinheiro, não sejamos ingênuos. Contudo, Carter parece saber exatamente o que contar (e como contar) e conseguiu manter, nestes primeiros episódios, o clima que há duas décadas consagrou seu programa como uma das melhores coisas já produzidas para TV.

Claro, não vou mentir: Um gosto agridoce ficou em minha boca ao assistir o primeiro episódio, My Struggle, e ver novamente Mulder agindo por impulso e se questionando se toda a história de conspiração que ele e Scully perseguiram por 9 anos não seria, na verdade, uma armadilha do governo. Já vimos esse plot durante o começo da 5ª temporada e acho que a trama poderia seguir outro caminho, mas ok. Eu tô de coração aberto para ver até onde isso vai chegar. Só me incomodou mesmo porque, depois de todo o julgamento que ele enfrentou na antiga series finale por tentar expor (e muito bem!) a verdade, é estranho que ele coloque novamente suas teorias em cheque graças a um teórico da internet como Tad O’Malley (e Joel McHale estava ótimo no papel).

Mas é esse o Mulder que aprendemos a amar, não é mesmo? Por mais que irrite, é fiel a essência do personagem. E não há como negar, O’Malley tinha bons argumentos para sua teoria de que nunca foi uma conspiração alien, mas sim uma conspiração governamental usando tecnologia alien adquirida na queda do OVNI em Roswell. Fox é impulsivo. Ele perdeu quase tudo de bom que tinha em sua vida devido a essa conspiração, foi condenado a morte por injeção letal, tive que fugir… E viveu esses anos todos com o peso de saber que existe uma verdade lá fora. Quando ela se apresenta novamente diante de seus olhos, é óbvio que ele iria sucumbir a tentação de voltar à ativa e acreditar no que parece mais conveniente.

Scully

E é pra isso que existe Scully. Dana sempre foi o equilíbrio perfeito de Fox, o ceticismo que fazia toda a sua fé colocar os dois pés no chão. A química entre os dois continua avassaladora, mas é triste ver o fim que o casal tomou. Quando a série se encerrou em 2002, tivemos aquela cena final maravilhosa, com os dois no quarto de hotel, sorrindo e dormindo abraçados, fugindo do governo e com a certeza de que nada nem ninguém poderia atingi-los enquanto tivessem um ao outro. Agora, cada um seguiu o seu caminho e o relacionamento se desgastou graças a depressão de Mulder. Sério. A indústria precisa parar de ressuscitar produtos e destruir casais. Han Solo e Leia já foi difícil, mas Mulder e Scully também? Its too much to handle. 

A volta ao plot da abdução foi uma ótima escolha de roteiro, por ter sido ali, praticamente, o ponto onde Scully começou a acreditar também. Uma das coisas que mais gosto na personagem é como, mesmo embarcando nas teorias de Mulder, ela sempre procurava manter seu ceticismo e foi o que vimos aqui. Enquanto Mulder queria desesperadamente comprar a história de O’Malley, ela foi a pessoa que procurou se manter distante e observar o macro da situação. E foi isso que a fez chegar a maior revelação do episódio: Scully possui DNA alien – provavelmente resultante de sua abdução. Isso pode ser parte importante da história contada nesse comeback e trazer bons adendos à mitologia. Vamos ver como as coisas irão se desenrolar.

scully-william

E se ainda restava alguma dúvida de que a série tinha voltado com tudo, o segundo episódio, Founder’s Mutation, tratou de exterminá-las. Foi um clássico ‘monster-of-the-week’ de Arquivo X, mas com pitadas de mitologia de encher os olhos (e sim, falo de lágrimas mesmo). Quando o previously falou do William, eu já fiquei imaginando como o garoto iria aparecer no episódio. Ainda mantenho a esperança de que ele em carne e osso dê as caras (afinal, ele já tem 15 anos, como Scully e Mulder colocaram), não soubemos mais nada desde que ele foi adotado e seria bem interessante ver como ele se desenvolveu sendo uma criança diferente.

O caso das crianças afetadas por experimentação genética serviu também para finalmente vermos o Arquivo X aberto novamente, Skinner dando esporro em Mulder e Scully e cenas nojentas, como só Arquivo X consegue fazer, serem bacanas de se assistir. Uma vibe total anos 90, mas com um toque de atualidade, que funcionou muito bem. Chris Carter já havia informado que teríamos 2 episódios totalmente mitológicos (o primeiro e o sexto) e quatro de mosntros da semana, sendo este o primeiro. O legal aqui foi ver que, mesmo em um suposto “filler”, a mitologia ainda esteve presente e aposto que será assim pelas próximas semanas – afinal, 6 episódios é um número muito pequeno. Bora aumentar isso, dona FOX?

mulder-william

Mas mesmo com o caso bem executado, a tensão sexual exalando por cada minuto e as piadas entre Mulder e Scully, nada no episódio foi mais tocante do que ver uma versão alternativa de mundo, onde William foi criado pelos pais. Assistir Dana levando o filho na escola e Fox assistindo filme e brincando no quintal com ele me deu uma dimensão maior do quanto a adoção de William pode ter influenciado no fim do relacionamento deles. Não foi uma coisa fácil de se lidar e eles deveriam ter passado por isso juntos, mas aparentemente, cada um seguiu seu caminho. Será, então, que um possível retorno de William não seria o responsável por juntá-los novamente?

Mas isso são devaneios meus. O fato é que Arquivo X voltou transbordando nostalgia e provando que ainda tem lenha pra queimar. No meio de tantas produções sendo ressuscitadas e naquele velho medo de que a qualidade da história seja deixada pra trás em detrimento do lucro, é um alívio dizer isso. Que venham os próximos 4 episódios e, se a qualidade se manter, que venham mais temporadas! A verdade ainda está lá fora e Chris Carter conseguiu nos convencer de que sim, ainda pode nos contar isso com qualidade.

Outros pensamentos aleatórios:

  • “You’re just never anything to me, Scully.” Ouvi os corações dos shippers batendo mais forte?
  • Nossa, impressão minha ou o Duchovny envelheceu muito mal? Eu tava esperando que ele estivesse velho, claro, mas parece que o cara tem 80 anos.
  • Que coisa linda ouvir a música de abertura novamente! E bem feliz que mantiveram a clássica.
  • As cenas da queda do OVNI em Roswell foram de encher os olhos. Que bom ver que Chris Carter ainda tem domínio de sua mitologia.
  • Canceroso is back! O que foi aquela cena final do primeiro episódio? Quase aplaudi de pé.
  • A audiência da série foi avassaladora. 6.1 na premiere, recebendo do esporte, e 3.1 na segunda, no horário normal, o que é HUGE pra FOX, que há anos não vê números assim (excetuando Empire). Pode renovar?

Comenta comigo que achou do retorno da série! Temos um encontro marcado aqui pelas próximas 4 semanas.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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