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Arquivo X – 10×03 Mulder And Scully Meet the Were-Monster

Por: em 4 de fevereiro de 2016

Arquivo X – 10×03 Mulder And Scully Meet the Were-Monster

Por: em

 

Alguns dos melhores episódios de Arquivo X envolviam monstros (Quem lembra do caso do Chupacabra, figura que a nós ficou conhecida graças ao famigerado Programa do Gugu?) e, por isso mesmo, quando vi o nome do 3º episódio do retorno, já fiquei bastante animado para ver o que Chris Carter tinha preparado. Mulder and Sculyl Meet the Were-Monster (esse nome é tão legal que quero digitar ele sempre) foi, então, um filler divertido, instigante, engraçado, até mesmo dramático em algumas partes… um típico caso de monstro da série.

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Afinal, como a gente não gosta de um episódio que já começa com Mulder “revisitando” vários casos antigos de monstro, atirando dardos no clássico poster I Want to Believe? Essa postura de Fox e todo o discurso posterior quanto a como ele se sentia voltando a trabalhar com o Arquivo X me soaram como uma metalinguagem para o discurso do próprio Carter a respeito de seu seriado: Ele poderia fazer isso durante a vida inteira e não iria reclamar. Assim como Chris parecia mais empolgado que todos nós com os novos capítulos, Mulder parecia uma criança que acabou de ganhar um brinquedo quando Scully veio lhe contar o novo caso, envolvendo ataques de um monstro um tanto quanto parecido com um homem-lagarto.

Talvez o ponto mais alto do episódio tenha sido ver que nada mudou no modo de Mulder e Scully analisarem casos assim. A cena do “debate” no quarto de hotel é maravilhosa e quando Scully diz “This is how I like my Mulder”, essa ideia se comprova. É como se o tempo não tivesse passado: Fox continua afoito e acreditando em tudo que a ciência e a razão costumariam negar, enquanto Scully está ali para fazê-lo tentar colocar os pés no chão. O bom disso tudo é que a química entre ambos continua a mesma. Fugir um pouco do tema de conspiração governamental e ETs funciona. Muita gente pode até reclamar de um episódio totalmente filler como esse estar presente no meio de uma minisssérie curta, mas é isso que Arquivo X sempre foi: um punhado de mitologia e, em seguida, um caso divertido para nos lembrar a essência da série.

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Outro ponto bastante positivo – além de toda a interação Mulder/Scully e as sacadas de humor e ironia que o roteiro colocou – foi a resolução para o casoAssim como o Mulder do começo do episódio era uma metáfora para Chris Carter e seu trabalho com Arquivo X, o homem-lagarto funcionou como uma metáfora para a própria humanidade e sua psique. A série sempre teve uma boas sacadas durante essas 9 temporadas, mas essa foi uma das melhores: A doença ser, na verdade, um reflexo da própria condição humana e todo o estado de pressa e instabilidade emocional ao qual a sociedade nos submete. A cena em que o monstro explica tudo para Mulder é incrível, esclarecedora e, mais do que engraçada, nos faz refletir sobre o caminho que estamos tomando.

O monstro aprendeu, da pior forma, tudo o que significa ser humano. Debaixo de todas aquelas camadas de escamas verdes, deveria existir um ser humano, mas nem ele mesmo conseguiu conviver com toda a bomba-relógio de emoção que nós somos. As reflexões sobre solidão (sanadas brilhantemente com o comprar de um cachorro – genial, Carter!), desesperança e o susto diante do que é ver o estado mais animal e primitivo do homem foram muito bem colocadas e funcionaram perfeitamente. Como o próprio Mulder colocou ao final da confissão, o monstro acabou se tornando tão humano quanto ele, quanto eu, quanto você. Com tudo o que isso traz consigo: Arrependimento, dor e miséria.

Olhando de maneira superficial, foi um episódio bastante engraçado. Sem desenvolvimento nenhum na trama central, mas um filler que, se analisado a fundo, traz excelentes reflexões e algo a se pensar. Um homem que virava lagarto ou um lagarto que virava homem, no fim das contas não importa, porque como Mulder colocou na linda cena final: No fim do dia, todos somos iguais. 

Outras observações:

– Minha única crítica é que, no meio de toda a história do monstro, a descoberta do verdadeiro assassino acabou sendo feito às pressas.

– O toque do celular de Mulder é a música de abertura da série. Incrível.

– Alguém estava pronto para a cena de sexo com Scully? Eu sei que eu não estava.

– Sempre dá um arrepio quando o Mulder fala: I Want to Believe. E, repito: que cena final belíssima.

– Difícil acreditar que só faltam mais 3. Fox, encomenda mais!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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