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Bates Motel – 5×03 Bad Blood

Por: em 8 de março de 2017

Bates Motel – 5×03 Bad Blood

Por: em

Quando a gente pensa que já fechou na nossa cabeça que Norman Bates é sim a encarnação do diabo, que ele tem sim consciência da sua loucura e que ele é sim 100% mau, vem Bad Blood para bagunçar nossas certezas e balançar meu coraçãozinho. Já assumi aqui que relutei muito em achar o Norman deliberadamente mau, não é? Pois bem, o terceiro episódio da até então maravilhosa temporada final de Bates Motel veio para me lembrar disso.

Divulgação/A&E

O que dizer de um Norman acordando indefeso e assustado, depois de mais um dos seus blackouts? O que dizer de um Norman afetuoso, educado e gentil, sendo o amigo que toda pessoa desamparada quer ter, com sua possível vítima Madeleine Loomis? O que dizer de um Norman acuado e temeroso, que não tem coragem de matar seu tio, mesmo sabendo que deixá-lo vivo não é uma opção? Bad Blood mostrou, pelo menos pra mim, que Norman Bates, apesar dos pesares, ainda não perdeu totalmente sua humanidade. Pelo menos nos (cada vez mais) raros momentos em que consegue ser apenas ele mesmo, uma parte considerável daquele garoto gentil e indefeso ainda está ali. Mas, como sabemos que esses episódios acontecem uma vez a cada eclipse, vamos voltar para a realidade e encarar os fatos como realmente são.

Começando por Caleb, não é loucura dizer que os desarranjos mentais são de família, né? Após acordar da pancada que recebeu no episódio anterior, nada mais natural que ele estar ainda meio lesado, mas depois de um tempo ele se deixar levar por toda a loucura que envolve aquela casa, só me fez constatar o quão desequilibrada é a família como um todo. As cenas dele relembrando sua relação com a irmã na infância e se entregando ao delírio de senti-la viva foram de cortar o coração. Não, eu não curto Caleb, e acho que o que ele fez à irmã é algo imperdoável, mas percebo que a infância traumatizante que eles compartilharam criou um laço profundo, estranho e muito difícil de ser rompido. A catarse que ele viveu nas suas horas finais, podem ter, de certa forma, justificado sua existência bizarra. Eu não esperava um desfecho daqueles, mas fiquei feliz de ser uma morte a menos na conta de Norman.

Divulgação/A&E

O que nos remete à Romero. Quando tudo parecia estar se encaixando na vida do ex-xerife, com a transferência de presídio, e talvez mais mordomias e quem sabe até novos aliados, Alex me inventa uma fuga que estava na cara que tinha tudo para dar errado. Não da forma como aconteceu. Confesso que fiquei frustrada com o desfecho da história do xerife (será que foi o fim mesmo?), porque acho que Alex, mesmo marcado para morrer, merecia um embate final com Norman-sendo-Norman, sem intermediários. Por Norma Louise e pela linda história de amor que eles viveram. Ainda tenho uma pequena esperança que o fim não tenha sido definitivo, mas sei que é pouco provável que ele sobreviva.

Agora, se tem alguém vida loka nesse seriado, essa pessoa atende pelo nome de Chick. O ex plantador de maconha, futuro sócio de Norman, firmou definitivamente sua aliança com o gerente do Bates Motel. Seja como mordomo, cozinheiro, carpinteiro, enfermeiro, conselheiro ou faz tudo, o melhor papel de Chick até agora foi ter a perspicácia de compreender a extensão da loucura do garoto de forma intuitiva e completa. A sua imediata aceitação dos fatos, o não julgamento e profundo entendimento da mente de Norman o coloca no topo da lista dos mais bem preparados psicólogos dos seriados. Ele não julgou, não ficou horrorizado, não temeu por sua vida e nem teve o mínimo de compaixão por Caleb. Sinceramente, me questionei até que ponto aquilo tudo foi realmente uma total surpresa pra ele.

Reprodução/A&E

Sabemos que Chick tem segundas e terceiras intenções nessa parceria. Desde o episódio anterior, ele vem fazendo notas do que tem observado, com o claro objetivo de publicar um livro. Mas daí a se expor dessa forma, a ter a (in)sensibilidade de se inserir no jogo do Norman, alimentando/incentivando a loucura do garoto é de uma frieza que chega a chocar. Não podemos nos esquecer que por mais maravilhado/abismado que ele esteja com tudo que está presenciando, ele tem total consciência que está testemunhando, sendo conivente e até mesmo cúmplice de alguns crimes. E que, por vontade própria, não vai tomar nenhuma atitude quanto a esse fato. Tudo em nome de um livro. Sério isso?

O que posso dizer até aqui é que Bates Motel vem, nessa quinta temporada, num crescente de episódios tensos e bem amarrados que me deixam extremamente feliz com a série. Torcendo para o alto nível se mantenha até o final! E vocês, curtiram?


Algumas observações:

  • Norma Louise vem mudando o visual quando incorpora a assassina ou a detetive, perceberam? Ela deixou de lado os vestidos românticos que a acompanharam durante todas as outras temporadas e agora vem usando terninhos e gravatas, no melhor estilo tomboy. Linda, como sempre!
  • Como alguns leitores do blog já haviam me chamado a atenção, Sam Loomis, o marido de Madeleine Loomis, é, no filme Psicose, o namorado da Marion Crane. E como no filme ele não era casado e sim divorciado, a inserção da dona da loja de tintas na história, como esposa dele, estava gerando descontentamento por parte de alguns fãs, por se afastar demais do roteiro. Mas, nesse episódio, Madeleine conta para Norman que se separou do marido. Ou seja, o caminho está livre agora para ele ser o namorado divorciado da nossa Marion original. Deu match, né?
  • E o passeio de Norman e Madeleine? Foi inocente ou vocês acham que ela já pode ter partido dessa para uma melhor?
  • A cena da Norma/Norman recusando a ajuda de Caleb pelo fato de ele e Norman serem apaixonados por ela foi de deixar qualquer incesto do Nelson Rodrigues no chinelo.

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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