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Bates Motel – 5×07 Inseparable

Por: em 5 de abril de 2017

Bates Motel – 5×07 Inseparable

Por: em

Como é bom terminar alguns episódios de  Bates Motel sentindo o coração na boca! Inseparable veio literalmente, “limpar a sujeira” do maravilhoso último episódio e deixar o caminho livre para a série escrever seu próprio final, que está a apenas três capítulos de acontecer :(. E chegou quebrando tudo, invertendo situações a que já nos habituamos a prever como terminam. Tudo indicava que o momento atual seria de arrumar a cena, se livrar das pistas e depois “despertar” de mais um dos seus apagões, com um cafuné, ou um delicioso café da manhã preparado por Mother, certo? Não mais. Inseparable deixou nítido que alguma coisa dentro de Norman Bates mudou, alterando talvez para sempre, sua forma de lidar com os seus próprios atos. Ao protagonizar um assassinato sem a “proteção” dos apagões, um novo sentimento foi descortinado para o gerente do Bates Motel, mais conhecido como culpa. Sabemos que Norman criou uma barreira entre suas duas personalidades, deixando claro que é ele quem assume o controle daqui pra frente. Mãe e filho convivem, trocam ideias, ele segue os seus conselhos, mas pegou para si a execução de todas as ações. Se por um lado, o garoto conseguiu desenvolver rapidamente essa técnica para “ter mais controle” sobre as atitudes da mãe e assim resolver o problema de sua sexualidade, por outro, ele não estava preparado para arcar sozinho com a responsabilidade dos seus atos.

Divulgação/A&E

E é nessa vibe que encontramos o gerente do Bates Motel, num misto de choque, delírio, horror e incredulidade. No labirinto de loucura que é a sua mente, Norman ainda não conseguiu incorporar a capacidade de ignorar o sentimento de culpa, como Mother faz de forma corriqueira e objetiva. Dentro da sua frágil consciência, as duas personalidades estão ali, bem diferenciadas: Mother é amorosa, atraente, bem resolvida, corajosa, racional, inteligente, ardilosa, super-protetora e assassina. Ele não. Norman Bates é um garoto assustado e obediente, tímido e trabalhador, gentil e honesto, que só abre mão dessas características em nome da convivência com a mãe e apenas para acobertá-la. Seu âmbito de ação tem limites, existem valores ali e esse episódio deixou bem claro que para o garoto, não vale tudo para estar perto de Norma Louise. Desde que ele pôde deixar sua loucura desabrochar completamente, ainda não havíamos presenciado uma situação em que ele assume sozinho a responsabilidade por uma morte. Até agora.

Lidar com esse fato desestabilizou o já instável Norman Bates num nível irreparável. Ele fez sim o que precisava fazer, mas agiu o tempo todo com o coração despedaçado pelo peso da culpa. Nessa conjuntura de infortúnios, ver a equipe da xerife Greene, fazendo buscas e descobrindo corpos no lago (Corpos mesmo, no plural! Eu só me lembrava do Jim e do antigo dono da casa), e depois ter que lidar com ela desconfiadíssima, só contribuiu para potencializar o que já estava prestes a explodir. Fatos novos e ameaçadores foram acontecendo sequencialmente e com rapidez assustadora, culminando na chegada de Dylan. O irmão de Norman demorou a aparecer, mas quando chegou, veio com tudo, em cenas fortes, tristes e reveladoras, quando ele se dá conta da extensão da loucura do garoto. Se Dylan tinha uma pontinha de dúvida sobre a responsabilidade de Norman na morte da mãe, ela se dissipou assim que ele entrou naquela casa e começou a ter consciência da altura do poço que o irmão se afundou. O que ele vislumbrou nos poucos momentos que pôde conversar com o gerente do Bates Motel, deram a ele a clareza da gravidade da situação.

Divulgação/A&E

Mas, se tem uma coisa na vida que Dylan não aprendeu é que quando você fica cara a cara com o perigo, mesmo que ele seja seu irmão, você precisa correr, né?  Sempre fofo, atencioso e responsável, ele vai em busca da única coisa que ele entende que pode fazer: remédios para Norman. O que ele não podia sequer sonhar é que essa singela compra de medicamentos lançaria sobre seu coração mais duas quase certezas envolvendo o irmão: os desaparecimentos de Dr Edwards e Sam Loomis. Com relação ao psiquiatra, a descoberta de Dylan foi um baque completo pelo menos pra mim: esse encontro, ao que parece, nunca aconteceu. E diante dessa informação, temos mais uma adição ao leque de loucuras de Norman Bates, que é imaginar a existência de outras pessoas que não Mother. O mais chocante nessa revelação, foi que por trás dela, descortina-se a possibilidade (não seria já uma certeza?) de Norman ter relação com o sumiço repentino dele. Caso isso realmente se confirme, porque ele faria isso, já que não tinha mais contato com o seu médico? Não seria fantasiar demais uma relação que não existia há tempos?

Dúvidas à parte, nosso mocinho fez o que seu papel exige que ele faça: salvou a mocinha (pelo menos temporariamente) e, de quebra, tentou colocar um pouco de luz na vida de Norman. Dylan foi até ali em busca de respostas sobre Norma Louise, mas ele definitivamente não estava preparado para o que isso poderia desencadear (e nem nós, diga-se de passagem). Os olhares de Norman para o nada, a conversa desatenciosa e ao mesmo tempo impaciente, as peças de roupas e sapatos encontrados pela casa eram partes de um quebra-cabeça que ele já poderia ter completado juntando apenas aquelas pistas. Só não podemos esquecer que ele carrega muita culpa por não ter insistido mais no tratamento do irmão, por ter optado por viver sua vida em outro lugar, por ter aceitado as regras impostas pela família. Tá tudo errado, mas o mocinho é assim, fazer o que? O que nos restou depois disso tudo foi assistir embasbacados, Norman incorporando Mother (amo quando isso acontece), para explicar que tomar remédios não é mais uma possibilidade para o seu filho.

Divulgação/A&E

O caos que se seguiu a partir desse diálogo é das cenas mais maravilhosas de Bates Motel. Inseparable nos provou, mais uma vez, que Norman não existe mais sem Norma. A pressão e o vazio que essa possibilidade desencadeiam em sua existência são tão gigantescos, que servem apenas para nos mostrar o quão frágil é a barreira que ele colocou entre as duas personalidades. Esse obstáculo serve somente para que ele se sinta minimamente protegido de atitudes que não consegue aceitar como dele. Como, por exemplo, ter relações homossexuais ou matar alguém que ele ame ou despreze. Não importa. Ele tentou lidar com isso tudo sendo só Norman, mas viu que a barra é pesada demais para ser segurada sozinha. Mother é necessária, essencial, vital e inseparável. E foi exatamente por constatar isso que o garoto fez algo, nessa altura do campeonato, impensável. Aproveitou-se de um segundo de consciência e pegou o telefone, tentando enterrar pela terceira vez no seriado a sua mãe.

Vou ser repetitiva aqui, mas é que definitivamente não consigo não sentir muita pena ao assistir cenas que esfregam na nossa cara o desequilíbrio mental do garoto. Não consigo não me compadecer ao imaginar que ele poderia ter seguido um caminho diferente, caso um ser de luz tivesse tido pulso mais firme. Não consigo imputar a ele a responsabilidade total pelas crueldades que ele já fez. Enfim, não consigo mais pensar em nada, só sentir. Depois desse final, não consigo sequer arriscar o que pode acontecer. Deixo essa parte pra vocês. Contem aqui o que acharam!


Observações:

  • Romero está se recuperando e ao que tudo indica, no próximo capítulo já vai reencontrar Norman. A questão é: em que condição?
  • O que foi a cena do segundo enterro da  Norma? Meu Deus!
  • Cadê Chick?
  • Será que Madeleine some de vez ou vai tentar morrer nos próximos episódios?

Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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