O fim de uma era. E o começo de outra. É isso que Ana Paula representou para o Big Brother Brasil, que, graças à ela, voltou a merecer o título de “casa mais vigiada do Brasil”. Ana Paula conseguiu ser o assunto da casa, do jantar de família, do bar na happy hour de sexta, do grupo de WhatsApp: ela fez e aconteceu. Ela engajou o público que andava afastado do programa, e foi a protagonista de tramas interessantíssimas que motivaram as pessoas a falar de BBB de novo.
Não quero discutir se a eliminação de Ana foi justa ou não: ela foi expulsa e ponto. O que é importante nós observarmos nos acontecimentos dessa semana é o jogo de forças entre os dois maiores atores da temporada: Ana e o Jogo. Por “Jogo”, entenda a produção, a direção, a edição, as provas, tudo extra-participante (com exceção do público, que é uma figura a parte). Não, a eliminação de Ana não foi culpa de Adélia, não foi culpa de Renan, não foi culpa de ninguém: é ela e o Jogo. Quinta-feira, a famigerada festa sem bebida, foi o dia do estopim de uma luta silenciosa que a edição não fez questão de mostrar, mas que estava sendo o centro da vivência de Ana na casa. No momento em que, ficando quase uma hora no confessionário para convencê-la a ficar, o Jogo se ajoelhou perante a Jogadora, o caminho dela já estava se traçando – inocentes de nós pensarmos diferente. Na minha opinião, a expulsão pelo ‘tapa’ foi só um reflexo dessa luta sutil. Ana desrespeitou uma regra e perdeu a vez. O Jogo ganhou.
O Jogo ganhou e Ana também. Aqui fora, tratamento de estrela. Feliz. Café da manhã no Mais Você, reportagem no Video Show, Paparazzo, ao vivo no Encontro, mais de 250 mil seguidores no Twitter. Sendo melhor recebida pelo ‘mundo aqui fora’ do que quem saiu no paredão (e do que vencedor). Nós criamos uma estrela, meus caros, e ela se criou. Independente de quem ganhe o programa, o BBB 16 é o BBB Ana Paula – independente se você tenha gostado ou não da participação dela, você provavelmente concorda comigo -, e a saída dela é só um detalhe. Tanto que, mesmo expulsa, ganhou discurso de ‘eliminação’, num VT super emocionante, que garantiu a finalização de uma saga “anti-heroica” que o Brasil acompanhou, de perto.
Mas a vida continua, e o jogo – pun intended – também. Como dizia o falecido Tamiel, em ‘termos matemáticos’ a saída de Ana causou um problema para seus aliados. Com Catheus se aliando a Renan, eram 4 a 3. E com a liderança de Renan, o paredão Ronik era quase certo. Mas, num twist muito bem bolado, o Jogo se pôs ao lado de Ana Paula – mesmo com ela aqui do lado de fora.
Se não contarmos Ana, o nome da semana foi Geralda. Ao contrário de Catheus, que fizeram jogo duplo até onde foi possível, Dona Gê se pôs de um dos lados na primeira vez que se fez necessário. E, ainda assim, a turminha de Renan tinha dúvidas sobre a posição dela na casa. Honestamente, muita burrice. Quando foi que ela deu algum sinal de que votaria em Ronik nas últimas semanas? Eu hein. Não só não sabe ler como não sabe ler o JOGO. Matheus, na mesma linha de lerdeza – ou talvez de coração sincero mesmo, não faz diferença – entregou a imunidade na mão de uma senhora repleta de interesses (entre eles ganhar o prêmio). Como ela não é burra nem nada, pôs o seu principal algoz do lado de lá no paredão.
Falando nisso, o discurso da eliminação da Adélia foi um dos mais interessantes que Bial já fez. Todos acreditávamos que Adélia seria um personagem super querido pela, hm, irreverência, mas a versão BR de Annalise Keating acabou sendo uma leva-e-traz intriguenta de primeira mão, vivendo sempre à sombra de outro participante e parasitando quem ela achava que fosse ‘querido’ pelo público. Foi, de fato, uma promessa que não se cumpriu.
Sobram Renan, Matheus e Cacau. Os três muito pouco queridos pelo público, aparentemente. Renan e Matheus engataram esse bromance de última hora, talvez como forma de garantir a preferência do público antes que seja tarde. Bem, já é tarde. Principalmente porque esse ‘brodagem’ inclui conversas sobre jogo (mas eles nunca falaram sobre jogo, tá bom?) e uma burrice sem tamanho que é comprar um churrasco com a estaleca dos outros. Cacau continua insuportável como sempre, e a choradeira dela não convencem nem uma criança inocente. Resta pouco ou quase nada para se contar.
Do outro lado, uma aliança muito mais gostável e interessante. Geronik – obrigado Ana Paula – passou por poucas e boas na casa, mas saem fortalecidos essa semana. Ao contrário da turma de lá, leram muito bem os nuances do jogo e têm muito a ganhar com o apoio de Ana Paula aqui fora, além do carisma de Munik, que traz uma honestidade filtrada muito convincente.
Com isso, chegamos a uma mudança na dinâmica do jogo, talvez a última mudança grande até o final do programa. Dois lados polarizados ainda, mas a balança não está equilibrada, a não ser em ‘termos numéricos’. Tudo vai depender da liderança e de eventuais twists, mas é bastante provável que o paredão dessa semana seja Renan x Ronan. Ainda que o resultado não seja tão certo como o de Adélia, Renan pode estar se encaminhando para a eliminação, sendo o fim definitivo do clique, que um dia se declarou ‘grupo do bem’, mas que foi as poucos desmascarado pela louca desbocada. Ai Ana, que falta que você vai fazer.
Fica aqui, então, o ranking do BBB Ana Paula depois dessa semana:
Munik
Dona Geralda
Matheus
Ronan
Renan
Cacau
Confessionário 1: O segredo BBBack Mountain. Tenho que falar alguma coisa? Não, né.
Confessionário 2: Muito legal ver o Confessionário de outro ponto de vista na edição de terça.
Confessionário 3: Os Dez Mandamentos já pode escalar a nova profetiza. Ana Paula previu no Mais Você que Adélia ia sair “escurraçada”. Média de 70%. Paredão triplo.
Confessionário 4: Ronik >>>> Catheus.
Confessionário 5: Eliminação de Adélia foi a melhor terça-feira do BBB desde 2013. Prévia de 30 pontos de média em SP e 34 no Rio.
Confessionário 6: “Essa casa é um saco sem Ana Paula, todo mundo sorrindo, ninguém gritando”. Sim, Munik, sim.
Confessionário 7: Dona Geralda sobre indicar alguém para o paredão: “Nossa Bial, não sou o Roberto Carlos não, não sei se aguento tantas emoções, nossa que loucura, Bial”. Lindinha.
