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Billions – 2×01 Risk Management

Por: em 21 de fevereiro de 2017

Billions – 2×01 Risk Management

Por: em

“Sabe que o único inimigo perigoso que um homem com recursos ilimitados pode ter é aquele que não tem nada a perder”

Foi com essa frase “singela” que nos despedimos da primeira temporada de Billions. E é ela que é evocada nessa segunda temporada da série, que estreou no último domingo no Showtime, com exibição semanal também pela Netflix. O episódio de estreia indicou contornos mais densos e tensos à caçada de gato e rato protagonizada por Chuck Rhoades e Bobby Axelrod. A guerra declarada entre os dois ganhou novos aliados e adversários, que prometem acirrar ainda mais a disputa entre o procurador e o bilionário. Se a temporada 1 foi bem marcada pelo início da derrocada de Bobby, impulsionada pela perseguição de Chuck, essa segunda temporada parece que começou um pouco diferente. Axe reabriu sua empresa com segurança quintuplicada, vulnerabilidade palpável e muita sede de vingança. E, ao que parece, todos os personagens que atravancaram o caminho do bilionário, vão compartilhar da sua maré de azar.

Divulgação/Showtime

A começar por Rhoades. Abandonado pela esposa, assim que ela descobriu que ele invadiu seu computador pessoal e roubou anotações de sessões particulares que incriminam seu paciente mais famoso, o procurador fica também sem chão, ao ser obrigado por este mesmo motivo, a encerrar a investigação. Como se não bastasse, ele descobre-se alvo principal de uma auditoria em seu escritório, comandada por Oliver Dake, um nerd da promotoria, cuja ética, pelo menos a princípio, parece estar acima de qualquer suspeita. O funcionário é aquele estereótipo do prego-que-quer-mostrar-serviço, que nos leva a pensar que não vai descansar enquanto não esclarecer as suspeitas que pairam sob Rhoades.

Divulgação/Showtime

O que o procurador ainda não sabe é que essa dor de cabeça causada por Dake atende também por outro nome: Bobby Axelroad. O bilionário sagaz, inteligente e adorado, esconde no fundo, uma personalidade ressentida, narcisista e vingativa. Seus fieis escudeiros Hall, Bach e Wags até que tentam, mas não conseguem fazê-lo enxergar que há momentos em que recuar pode ser a melhor estratégia. Axe não conhece essa regra e está nesse jogo para chegar até o final. A oferta de emprego feita a Connerty, até então seguidor de Rhoades, foi uma jogada de mestre para acender o alerta de desconfiança no advogado. Se tem algo que Axel conhece bem é a ambição e parece que ele acertou em cheio ao deixar Connerty por dentro da forma como Rhoades conseguiu as provas contra ele. Tudo indica que agora o procurador terá novos inimigos com quem se preocupar. E dentro do seu próprio escritório.

O curioso em Billions é que essa é aquela série que te leva de cara, a querer rotular o bom e o mau, para logo em seguida, te fazer repensar suas definições. Nada ali é que o que obviamente parece ser. As atitudes de Rhoades colocam permanentemente em dúvida seu caráter e até mesmo sua motivação. E nos levam a reflexões sérias sobre essa tal de justiça. Será que vale tudo mesmo pra colocar alguém atrás das grades? Tráfico de influências, roubo de provas, invasão de computador pessoal, ameaças? Será que a nobre função de proteger a sociedade pode nos cegar a ponto de não percebermos estarmos usando as mesmas armas de quem queremos prender? E, voltando a Chuck: até que ponto sua motivação não é mais pessoal que profissional? E é aqui que precisamos falar de Wendy.

Divulgação/Showtime

A bela psiquiatra e agora ex-esposa de Rhoades é a personagem em torno de quem orbitam os dois personagens centrais. Wendy jogou seu casamento e emprego sólidos pelos ares depois de se ver traída pelo marido e, de certa forma, também pelo chefe. Ela começa a temporada 2 com um novo escritório, novos desafios, mas ainda presa ao passado. Ela tenta dar novo rumo à sua bem-sucedida carreira, mas algo em seu olhar nos diz que não é ali o lugar onde ela queria estar. Apesar de ter questionado sua ética profissional por trabalhar para um empresário que ela sabe não ser honesto, alguma coisa nela nos faz pensar que ela ainda não encontrou seu lugar para ancorar.

Sair da Axe Capital não era exatamente o que ela precisava. Não podemos esquecer que, no âmbito sexual, Wendy é a dominatrix, que tinha em seu marido, seu servo dentro da própria casa. Fazendo um paralelo com seu antigo trabalho, não consigo não pensar nela como a pessoa que tinha as rédeas da Axe Capital. Por mais que não atuasse diretamente no cerne do negócio, sua importância para o bom funcionamento da empresa é inegável. Ela mantinha aqueles homens loucos, competitivos, inescrupulosos e ambiciosos, focados e com a autoestima lá em cima. Ela era fundamental ali dentro. E Axe sabe disso como ninguém.

Divulgação/Showtime

Minha dúvida da vida é se não existe entre ela e Axe uma certa tensão sexual, talvez inconsciente. Ambos demonstraram, até então, serem fieis e felizes em suas relações, mas a afinidade e entendimento entre eles é palpável. Por outro lado, me confunde um pouco a possibilidade de a rivalidade entre o Rhoades e Axe ter atingido o ponto em que Wendy é o trofeu principal. Axe está inconsolável com a saída dela da empresa e vai fazer de tudo para que ela volte. Rhoades, arrasado por perder a esposa, também deve tentar uma reconciliação. Vejo a Wendy como a personificação da vitória de um sobre o outro. Porque cá entre nós, é muito estranho esse conflito de interesses ter sido aturado por tanto tempo. Como Rhoades conseguia conviver bem com o fato de a mulher ser o braço direito do seu principal investigado? Como Axe pôde fazer da esposa do seu maior inimigo, a sua principal confidente?

Dúvidas e especulações a parte, a segunda temporada começou quente, com boas possibilidades a serem exploradas. Atenção para a nova estagiária-cdf-vegana, que apareceu pouco, mas já gostei muito. E vocês, o que acharam do episódio?


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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