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Billions – 2×11 Golden Frog Time

Por: em 2 de maio de 2017

Billions – 2×11 Golden Frog Time

Por: em

“Dê poder a um homem e descobrirá quem ele realmente é”. Maquiavel, em pleno século XV, já sabia que o tempo pode modificar inúmeras coisas, menos a essência humana. Golden Frog Time está aí para provar a autenticidade dessa frase. Já falamos em outras reviews como Billions adora deixar as pessoas felizes para, logo depois, girar 180° e colocá-las de cara no chão, não é mesmo? Pois bem. Mantendo esse tradicional carrossel de emoções chegamos ao penúltimo (e melhor) episódio da temporada. Cansado de apanhar, Axelroad não vê a hora de dar a volta por cima e poder respirar aliviado, se possível, deixando Chuck destruído em todos os aspectos da sua vida. E para atingir esse objetivo, ele não mediu consequências de nada. Seguiu sua cartilha de sucesso sem se preocupar em pensar que novos fatores podem surgir a qualquer momento nesse mundo imprevisível e nada confiável que ele vive. E foi esse seu maior erro. O procurador já havia dito, com muita propriedade, que um homem movido pelo ódio e desespero é muito mais propício ao erro. E olha, ele está de parabéns! Não sei onde ele anda lendo essas estratégias, mas o cara tem nos provado que todas estão corretas, já que ultimamente, não tem dado uma bola fora.

Reprodução/Showtime

Golden Frog como nos explicou Axelroad, é a flecha envenenada que atravessa um inimigo e atinge outro, eliminando dois alvos num único ataque. O episódio nos mostrou o passo a passo de Axelroad para conseguir dar a grande cartada em Chuck Rhoades, que significaria a falência financeira e também pessoal do procurador. Ele atingiria diretamente seu pai, mas os respingos dessa “flechada” não deixariam o procurador imune. Ao contrário. Pensando nisso, o bilionário focou em agir como sempre fez: recebeu uma informação privilegiada, checou a veracidade dela, traçou seu plano e o executou com a ajuda de seu fiel aliado, Hall. E aconteceu tudo exatamente como previsto. Acompanhamos, com muita tensão, o pico das ações da Ice Juice na bolsa, já sabendo que a felicidade de Ira, Chuck e Mr Rhoades estava com os minutos contados.

O diferencial dessa jogada de Axelroad, como descobrimos com o desenrolar do episódio, foi que dessa vez, apesar de contar com os mais discretos e improváveis colaboradores e com um plano super meticuloso e detalhado, que envolveu pessoas, lugares e situações distintas, ele fez algo criminoso, sem brecha legal que o possa proteger ou isentar da culpa. Claro que um produto que nunca gerou nada de errado, do nada, provocar uma epidemie em série, gera sim suspeitas e uma investigação rigorosa. Mas a bolsa age na base do imediatismo. No mundo das ações, não há segundas chances, nem tempo para contraprovas. Confesso que, mesmo acompanhando o seriado desde o início e portanto, acostumada com as manobras que os protagonistas são capazes de fazer para conseguir seus objetivos, fiquei chocada com essa estratégia de Axelroad. Quando Wags disse que não haveria como reverter a alta das ações, por se tratar de um negócio realmente maravilhoso, eu podia pensar qualquer coisa, menos que o bilionário desceria tão baixo a ponto de sabotar os produtos da empresa, gerando aquela epidemia e jogando a credibilidade da Ice Juice no chão.

Divulgação/Showtime

E sigo em choque até agora. Sério mesmo que ele foi capaz daquilo? Jura que ganhar desse jeito tem mesmo o sabor da vitória conquistada jogando limpo? Não sei nem o que comentar. Entendo a motivação e o ódio, a vontade de dar o troco em Chuck que está inegavelmente por cima. Mas agir dessa forma é mais que irresponsabilidade… é algo monstruoso. Demonstra não só a falta de valores de Axelroad, como também sua falta de empatia, sensibilidade, humanidade e senso crítico. Como assim ele não se importa em falir uma empresa idônea, simplesmente para prejudicar um único inimigo? Como assim ele não liga de subornar pessoas desesperadas, por inúmeros motivos, para que elas ajam também de forma criminosa, adulterando um produto e provocando voluntariamente um mal estar, capaz de hospitalizá-las? Como assim um médico aceita dinheiro para fornecer “a segurança” que Axelroad precisava para colocar esse plano em prática? São tantas atitudes erradas que não dá pra listar todas aqui. O pior de tudo isso é assistir ao episódio e perceber que nada do que foi exibido é improvável em se tratando de seres humanos. Billions insiste em esfregar na nossa cara o quanto nossos valores são vulneráveis quando confrontados com a possibilidade de ganhar dinheiro. O quanto o poder corrompe. E o quanto a humanidade está perdida.

Dito isso preciso elogiar a direção e edição deste episódio (e também a atuação sempre precisa e sutil de Paul Giamatti) que nos manteve até o final com a certeza que dessa vez, Chuck Rhoades estava definitivamente acabado. Mas, como diria Chapolim, a gente não contava com a astúcia do procurador, né? Rhoades manteve o sangue-frio, a cabeça e os nervos no lugar e viu suas ações caírem na mesma velocidade com que subiram. Acontece que, o que jamais esperaríamos e que fomos descobrindo através de vários flashbacks exibidos, era que tudo isso fazia parte de um plano maior para finalmente pegar Axelroad de forma irreversível, sem desagradar seu patrocinador e sem chance de defesa para o bilionário. Chuck pensou nos mínimos detalhes. Vimos, nos minutos finais do episódio, que quem na verdade, utilizou a golden frog de forma mais matadora foi ele. Propor a Boyd um acordo para ajudá-lo a capturar quem indiretamente, o colocou na cadeia foi ousado. Peitar Wendy, quase destratando sua mulher depois do nível de entrosamento que eles conseguiram chegar, foi corajoso. Ser o responsável pela nomeação de Oliver Dake (oi, Dake!), colocando nas mãos de seu ex-inimigo toda a munição para capturar Axelroad e tirando sua equipe do protagonismo dessa investigação, foi brilhante.

Divulgação/Showtime

Então, o que pode ter dado errado nesse plano maravilhoso, inteligente e calculado com tanta frieza? Mr Rhoades, é claro. Papi já provou inúmeras vezes seu nível de imaturidade, deslumbramento e ansiedade. Sabendo disso, Chuck não divide com ele nunca sua real intenção e o engana em todas as suas jogadas, pois entende que dessa forma, ele não tem a possibilidade de atrapalhar. Acontece que a combinação das características peculiares de Mr Rhoades o tornam uma pessoa extremamente vulnerável à possibilidade de dinheiro “fácil”, somada ao poder que indiretamente está associado ao capital. E foi esse “pequeno detalhe” que Chuck esqueceu de prever. Num plot twist do plot twist (se é que isso existe… rs), acompanhamos a euforia (contida, já que para prender Axelroad ele usou Ira) e derrocada do procurador. Deslumbrado com a alta estratosférica das ações, seu pai, contrariando todos os conselhos que havia dado, no dia anterior a Ira, investiu simplesmente TUDO que possuía na Ice Juice. Dizem que a vingança tem um sabor agridoce, né? Pudemos comprovar isso no choro misturado com riso de Chuck Rhoades.

Num episódio empolgante e cheio de reviravoltas, Billions nos mostrou mais uma vez como seus dois antagonistas são… parecidos. Axelroad foi inescrupuloso e monstruoso ao deliberadamente falir uma empresa para punir um inimigo. Chuck faliu intencionalmente o próprio amigo (deixando ele se corroer com culpa), que esteve ao seu lado no pior momento da sua vida, para atingir o mesmo objetivo. Será que nessa guerra de egos, podemos dizer que um deles é melhor que o outro? Chuck age sob a “proteção de lei”, seguindo (mais uma vez) Maquiavel, que afirma que “os fins justificam os meios”. Axelroad age movido pelo ódio, vaidade e egoísmo, mas seguindo essa mesma cartilha. Sério, às vezes acho que os dois são almas gêmeas que ainda não se descobriram, porque na minha opinião, eles são exatamente iguais, inclusive na forma como enxergam a si mesmos: como pessoas ótimas e acima do bem e do mau. E aí, curtiram esse episódio? Contem aqui o que acharam!


Algumas (muitas) observações:

  • Taylor experimentou pela primeira vez no seriado, o lado ruim de um cargo de chefia, que é demitir alguém. Para se proteger da dor que isso obviamente causa nela, ela tentou ser o mais técnica possível, mas foi chamada à realidade por Axelroad que explicou a importância de se humanizar esse tipo de decisão. Foi muito bacana o que ele conseguiu mostrar a ela e como ele sutilmente, apontou uma deficiência na profissional mais promissora da Axel Capital;
  • Connerty continua querendo convencer Taylor que estar ao lado de Axel é o mesmo que se aliar ao diabo. Ele entendeu que a garota tem convicções e valores fortes, mas até o momento, não conseguiu, com seus argumentos 100% emocionais, tocá-la. Ele ainda não percebeu que para atingir seu coração ele precisa usar de racionalidade, que a priori, é no que ela mais acredita. Bora melhorar essa estratégia, amigo!;
  • Taylor recebeu dinheiro vivo (não declarado) das mãos de Dollar Bill, que claramente explicou a importância de se ter uma grana para emergências. Ela… aceitou! Será que a mocinha já está se corrompendo?;
  • Chuck ainda não sabe, mas sua esposa lucrou e muito, com a queda das ações da Ice Juice. Wendy feriu seus princípios éticos e foi levar pessoalmente, uma informação privilegiada para o procurador, que a esnobou firmemente. Talvez pensando na família, ou talvez pensando em provar a ele que estava certa, ela fez a aposta contrária e, com isso, ganhou um dinheiro absurdo. Se por um lado, isso vai segurar o rombo causado por Mr Rhoades, por outro, vai acender a chama da competitividade no casal e também a desconfiança de Axelroad, que com certeza, vai ligar sua derrocada ao procurador. Será que essa jogada encerra definitivamente o capítulo de Wendy na Axe Capital? E será também que não levanta suspeitas para Chuck já que o maior perdedor foi o seu pai e a maior ganhadora, sua esposa? Prevejo chuva e trovoadas no horizonte;
  • Colocar Dake como responsável pela provável prisão de Axelroad não é de certa forma “trair” sua equipe?;
  • Lara Axelroad perdoou o marido com muita facilidade, sem nenhuma exigência. Que plano será que ela tem em mente?

Imagens: Divulgação Showtime


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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