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Billions – 2×12 Finale: Ball in Hand (Season Finale)

Por: em 9 de maio de 2017

Billions – 2×12 Finale: Ball in Hand (Season Finale)

Por: em

E então chegamos à season finale de Billions. Em um episódio maravilhoso, que deixou a tensão lá em cima o tempo todo, pudemos acompanhar o inicinho de mudanças importantes em inúmeros personagens, que provavelmente serão o guia da terceira temporada, já confirmada pela Showtime. Teve tensão, adrenalina, decepção, medo, lealdade, traição, tristeza. Teve mudança de planos, de discurso, de comportamento, de estratégia. Teve de tudo um pouco e a mistureba foi muito positiva, à medida que nos apresentou novas perspectivas para personagens que já tínhamos definido o modus operandi.  A impressão que ficou foi que tudo a partir de agora, pode acontecer. A série, que entregou uma segunda temporada mais morna, se redimiu nos dois últimos capítulos num nível tão alto, que confesso que estou ansiosa para o que vem por aí. Mas, vamos ao que interessa que é falar sobre Ball in Hand.

Divulgação/Showtime

Se o mundo ameaçou inúmeras vezes cair na cabeça de Axelroad nessa temporada, o apocalipse chegou mesmo foi na finale, com a realização do maior desejo de Chuck Rhoades, ensaiado e alimentado por longos 24 episódios. Dizem por aí que o mundo dá voltas e acho que o bilionário pôde comprovar a veracidade dessa teoria, no minuto que escutou o recadinho que Lawrence Boyd deu a ele assim que raiou o dia. Contrariando sua postura pouco agressiva e em muitos momentos estúpida, o ex-presidiário fez o que jamais esperaríamos que ele fizesse: deu o troco à altura em Axelroad e foi pessoalmente contar a ele, o que o esperava nas próximas horas. Era a história se repetindo, o círculo se fechando e mais uma vez, a gente comprovando que amizade definitivamente é uma palavra riscada no dicionário dos poderosos. O que vale nesse universo é mesmo o salve-se quem puder e a qualquer custo. Bobby já esteve do outro lado e não ficou nem um pouco chocado com a atitude do empresário. Ele entendeu e de certa forma, até admirou a ousadia. E houve boatos que Boyd estava na pior, hein Axel?

Ainda na linha das atitudes obscuras, o que dizer de Lara Axelroad? Eu já desconfiava que o perdão da esposa tinha vindo de uma maneira muito estranha, mas jamais poderia imaginar que ela teria a coragem de dizer na cara do marido que não iria cumprir sua parte no plano que eles sempre tiveram quando tudo desse errado. Ela se negar a fugir, mesmo não sendo essa a intenção de Bobby, foi algo impensável vindo de alguém que sempre esteve ao lado do marido. E como se isso não bastasse, ela não parou por aí. Seu ápice da ousadia foi se consultar sobre a defesa de seus interesses com o advogado do … marido. Oi? Foi tão surreal a atitude dela que me perguntei se aquilo também não era parte dos planos do casal. No fim das contas, o que ficou pra mim foi que ela fez o que fez dentro do combinado deles, com o objetivo único de proteger a si mesma, os filhos e o patrimônio.

Divulgação/Showtime

Agora, se Lara agiu da forma que talvez o próprio Axelroad agiria, o mesmo não pode ser dito do advogado do marido, Bach. Ele provou sua lealdade e fez tudo da forma que o empresário esperava, com um plus de um conselho fofo sobre o que dizer aos filhos. Aliás, achei bonita essa preocupação do bilionário. Respeitadas as devidas proporções (já que o que ele fez envolve cadeia), deve ser a pior coisa da paternidade ter que destruir a imagem perfeita que os filhos têm de você. Sabemos que Axelroad sempre valorizou essa relação e alimentou a construção dessa imagem. Sendo assim, essa conversa seria uma tarefa dura, mas necessária. E tinha que vir mesmo dele, não da mãe, dos colegas, da tv, ou de qualquer outro intermediário. Foi essa uma das cenas mais lindas da temporada. Começou com uma mentira, mas ao longo do discurso, Axelroad percebeu que isso não seria a cara dele e acabou dizendo a coisa mais verdadeira que um pai pode dizer:

“A maioria das pessoas descobre isso mais tarde sobre os pais, mas descobrem. Eu tenho defeitos. Não sou perfeito. Nem sempre tenho razão. Nem sempre venço.”

Outro momento tocante foi a despedida final de Axelroad. Ao contrário do que poderíamos supor, não foi Lara, nem os filhos que receberam o último abraço do bilionário e sim … Wendy. Esse momento super emblemático marca talvez a volta de um casal-que-nunca-foi-casal, mas que sempre funcionou super bem. A ligação entre eles é tão forte e evidente que foi o próprio Chuck que apontou a provável forma de descobrir o paradeiro do bilionário. Axelroad nunca escondeu sua admiração por Wendy. Ele tentou fazer diferente, manter um afastamento, mas percebeu que ela ocupa um espaço em sua vida maior que ele poderia dimensionar. E nada melhor que admitir isso com um pedido de desculpas. Ambos zeraram seus problemas e decidiram recomeçar. Ambos reconheceram a falta que um faz ao outro. Estava claro, para quem quisesse ver, que a infelicidade da Wendy nesse retorno e talvez as decisões erradas e impensadas de Axelroad estavam relacionadas na verdade, à perda do laço que sempre os uniu e que sempre fez tudo aquilo fazer sentido. Para ambos. Muito pouco foi dito, mas estava tudo ali, implícito e explícito naquele abraço. 

Divulgação/Showtime

Assim como aconteceu em outros momentos da temporada, nas fases péssimas que Axelroad viveu, vários personagens destacaram-se como amigos leais, que passariam por tudo com ele. Dollar Bill, Bach, Taylor e … Wags. Me entristeceu constatar que no mundo business, isso infelizmente não conta tanto. A decepção dele em ser preterido para o cargo de CIO, depois de toda a iniciativa, lealdade e liderança foi comovente. Ele merecia aquele cargo, não por caridade, mas porque dessa vez, ele realmente estava à altura. Conhece a empresa como ninguém, é respeitado pelos funcionários, é o mais leal entre eles e não tem vergonha de admitir quando precisa de ajuda. Enfim, estava tudo caminhando muito bem pra ele, exceto pelo fator Taylor.

Nesse episódio ela finalmente mostrou que não está ali de passagem e que é muito mais que uma nerd brilhante e ótima com os números. Taylor é ambiciosa e seus planos, como ela deixou bem claro, envolvem construir um império semelhante ou talvez maior que o de Axelroad. E se o bilionário valoriza a amizade e lealdade de Wags, ele simplesmente ama a ousadia e coragem de Taylor. Já disse em outras reviews, como ele admira essa menina e como, de certa forma, se reconhece (muito!) nela. A analista é talvez uma versão melhorada dele na juventude. E isso deixa Axelroad confiante e maravilhado. Taylor talvez seja a filha que ele gostaria de ter, especialmente porque além das qualidades profissionais óbvias, ela o tem como inspiração, tutor. Mas, se isso por um lado dá muita segurança ao bilionário, por outro, é uma ameça, mesmo que a longo prazo. Ela mostrou que não vai medir esforços para conquistar o que quer e que seus valores aparentemente rígidos e inabaláveis, são bem mais flexíveis quando confrontados com a possibilidade da realização do seu sonho profissional.

Divulgação/Showtime

E para finalizar esse testamento não poderia deixar de homenagear o dono dessa p. toda, o “vencedor” da segunda temporada, o estrategista, o maravilhoso, o implacável, The King: Chuck Rhoades. O procurador começou com a moral lá embaixo, mas não se deixou abater. Foi frio, calculista, impiedoso, estratégico. Pensou em todos os detalhes: como não desagradar seu patrocinador, como contornar sua situação com o pai e o Ira, como recompensar seus funcionários, como pressionar Oliver Dake, como reconquistar Wendy, como incentivar Boyd, como capturar Axel, saindo dos holofotes na hora certa. Ele esteve o tempo todo exatamente onde queria estar, muitas vezes mentindo para pessoas bem próximas, sobre suas reais intenções. Ele jogou como um mestre e não vacilou um segundo sequer.

Essa partida foi o xeque-mate de Rhoades, com toda a glória que esse tipo de vitória merece. Com direito a olhar no olho do inimigo, assim como aconteceu na primeira temporada em que ele estava totalmente por baixo. Não vou mais perder meu tempo aqui falando sobre a inconsistência, mentiras, valores duvidosos, chantagem, corrupção e toda a baixaria que isso envolveu. Também não vou mencionar que para chegar onde chegou, o procurador decepcionou parceiros importantíssimos como seu pai, o próprio Ira e retroalimentou o ódio/desconfiança de outros tantos como Axelroad e Dake. Isso fica pra depois. O momento é somente de aplausos. Um brinde à Chuck e que venha a terceira temporada!

Divulgação/Showtime

E vocês, curtiram esse episódio? Contem pra gente o que acharam. Agradeço a todos que acompanharam essa temporada até aqui. Nos vemos numa próxima!


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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