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Blindspot – 1×16 / 1×17 Mans telepathic loyal lookouts

Por: em 21 de abril de 2016

Blindspot – 1×16 / 1×17 Mans telepathic loyal lookouts

Por: em

Roubar, e armazenar, armas químicas objetivando defesa nacional. Clara referência a algumas figuras da atual realidade política, caracterizada por uma ascensão da xenofobia e do chauvinismo. Essa já vem sendo uma temática costumeira em séries e filmes há algum tempo. Na verdade, é até algo positivo, uma forma de representação de até que ponto pode levar o posicionamento doentio de indivíduos reacionários, até onde vai o fetichismo da violência. Isso para não abordar o tema da pulsão de morte. Temos nossas próprias figuras que assumem esse discurso (quem não conhece o Patriota Brasileiro, já famoso Meme, que não citarei nome).

Não obstante, deixar-se levar por esse tipo de abordagem simplória nos faz nadar em um caldo ideológico bastante grosso e nada inocente. Por trás do discurso alarmante do episódio, isto é, existe a possibilidade de isso acontecer por causa de toda a conjuntura militarizada no qual nos encontramos, se esconde a fuga da razão, a transmissão de culpa. Apesar de ser de relance, o tema Iraque vem à tona. Isto não deveria ser surpresa, afinal, a Guerra ao “Terror” não se findou. No entanto, houve o retorno a um assunto no qual há um desejo de recalque das reais razões. Como assim? Ora, não foram encontradas armas químicas no Iraque, ao contrário do que é dado a entender no seriado. Na realidade, nenhuma das supostas razões que levaram a invasão do Iraque se confirmaram. E isso não é o suficiente para uma manipulação discursiva em série nos meios de comunicação, após a crescente perseguição a culpados pela farsa? Não esqueçamos que a dominação cultural, a ideologia, se perpetua de inúmeras formas, e o seriado não somente é um representante, mas um reprodutor das formas de pensar. Dessa forma, há a retransmissão de culpa a Saddam Hussein. Por mais controverso que seja o indivíduo, não havia armas de destruição, existia um estado e o Iraque não estava num período pré-feudal. O que havia era um interesse econômico, e esse instante de lembrança torna o episódio digno de mais atenção acerca das ações de nossos agentes e do nosso general.

Sem contar a negociação do gás Sarin. Vanessa Chang vendendo armas químicas para a Coréia do Norte. Há uma clara manutenção do projeto de formação cultural através do consumo produtos destinados a lazer, projeto esse que já existe desde o pós-segunda guerra, com o início da Guerra Fria. Para os interessados, há bons artigos sobre o tema, valem a leitura.

Levante a mão, entre no clima. Batendo palma na pegada do Axé.

Levante a mão, entre no clima. Batendo palma na pegada do Axé.

O episódio 17 gira em torno da caça ao tesouro que David armou para Patterson. Bem funesto o episódio, por sinal. Essa representação espectral do defunto através do subconsciente de Patterson pode parecer romântica para alguns, pode até ser tratada como forma de luto por outros, mas é de um gosto bem duvidoso. Isso para não entrar no mérito da esquizofrenia… No mais, a busca foi até divertida e consegue prender bem a atenção.

O que mais chama atenção é a naturalidade que Patterson conta sobre a caça ao tesouro pós-traumática, vamos fingir esquecer o fato de ser um assunto de interesse do FBI também, para um completo desconhecido. Super natural, super sociável. Quem não faz isso? Seria o pós-trauma o culpado por tamanha bizarrice? Pelo menos levou a um cenário de possibilidades bem interessante, no qual a profundidade de conexões se mostrou bem extensa. O encaixe da constelação no corpo de Jane também foi bem legal, criatividade fluindo, demonstra que a construção estética da personagem é bem bacana.

O que me fez pensar foi o tiro fatal dado por Jane em Mark. O sujeito já estava cambaleando após a madeirada que levou, havia possibilidade de um tiro não fatal. Será que nos darão alguma explicação por esse tiro certeiro ou irão tratar apenas como uma fatalidade em si? Nos dê sua opinião!


Vinicius Scoralick

Historiador, cinéfilo e psicanalista de séries. Duelista profissional de Yu-gi-oh!. O nerd que você jamais imaginou. Uma mistura de Zizek com Schopenhauer.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Black Mirror

Não assiste de jeito nenhum: Shonda Rhimes

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