Logo no início de Condone Untidiest Thefts, Shepherd faz um pedido à Jane: “Foque no futuro. Essa é a única coisa que você pode controlar.” Ironicamente, o quinto episódio de Blindspot não deixa sua protagonista indagar sobre os dias que virão ou, como na maiorida dos episódios da série, se preocupar em montar seu passado como um quebra-cabeça. Condone Untidiest Thefts prende Jane e outros personagens à dramas do presente e questiona como e se eles conseguirão superar seus problemas.
Os conflitos de Jane nesse episódio não dependem muito das suas ações. O seu primeiro problema é um fragmento de memória que mostra uma enfermeira ou alguém que cuida da moça em um momento de seu passado. Jane não lembra nenhum detalhe sobre a pessoa, mas imagina que ela estaria conectada à sua recuperação depois do ataque no Afeganistão e que é alguém muito importante.
Quando a nossa heroína questiona Shepherd, a líder de Sandstorm se faz de desentendida. É óbvio que ela está mentindo, mas a série confirma essa “desconfiança” no fim do episódio quando Shepherd conversa com Roman. “Se ela descobrir que… nós mentimos para ela, nós perdemos a confiança dela e o nosso plano inteiro” ele murmura antes de apresentar uma ideia para conquistar o coração da irmã. Roman quer levar Jane na próxima missão de Sandstorm para ela se sentir parte do grupo. É difícil saber se isso pode funcionar, até porque Jane é uma pessoa bem imprevisível e com opiniões fortes e particulares, mas será interessante para nós – espectadores – termos uma visão mais ampla do que Sandstorm faz e está preparando. Afinal, até agora “só” vimos muitas armas e um míssil gigantesco que já são motivos de preocupação, mas um pouquinho de ação não prejudica ninguém.
O outro problema de Jane tem nome e sobrenome: Kurt Weller. Era questão de tempo para a série “brincar” com o romance dos dois e o caso semana cria a situação perfeita para isso. Graças aos números de uma tatuagem de Jane, o FBI concentra suas energias em uma guangue irlandesa que um dos membros tenta assassinar o senador Quinn Donahue. No entanto, ao interrogar o líder dos O’Malleys, a equipe percebe que ele está sendo incriminado pelo atentado e que o autor do ataque é o próprio senador que é o verdadeiro líder da máfia e queria impulsionar sua campanha eleitoral. O caso não tem nada de especial, mas a presença de Allie devidamente justificada pela ligação emocional com a família da gangue traz a carga dramática que o episódio precisava.
A gravidez de Allie era uma preocupação para Kurt antes mesmo dela estar no caso, mas a situação desanda conforme ela fica no centro da ação e em perigo. É evidente que a paternidade é uma ferramenta de Blindspot para despertar mais amadurecimento, profundidade e, imagino que, uma dose de empatia ao personagem de Sullivan Stapleton, porém esse episódio pode ter causado um efeito contrário. Apesar de ceder em alguns momentos, como quando ele descobre que Allie tem um namorado, a postura de Weller é inconveniente em grande parte de Condone Untidiest Thefts. Ele interrompe os suspeitos e seus parceiros do FBI inúmeras vezes durante a investigação e no ápice do episódio, a série escolhe retratar o agente como um ser irracional e imprudente. Então, quem domina o espaço “cativante” é Allie, que demonstra força, segurança e uma visão sentimental e objetiva do momento que ela está vivendo.
O problema é que Blindspot vê razão e sentimento como elementos opostos que não podem atuar juntos na tomada de decisão de seus personagens e esse é um dos motivos para Edgar aparecer como o principal suspeito, e possivelmente o único, do assassinato do treinador Jones. Todas as cenas do agente foram um exercício de desespero. Será que Edgar não poderia aproveitar o dia livre para deitar abraçado com o travesseiro tomando um vinho e assistindo a série favorita dele? Não, é claro que em Blindspot não. Logo, Reade vai de encontro ao treinador na esperança de encontrar uma resposta significativa sobre seu trauma. Contudo, nada no caminho que o personagem traçou traria o conforto ou a resolução que ele precisava e essa é uma das maiores preocupações com o plot. Esse era um momento devastador em que ele poderia demostrar controle, poder e resiliência. Ao invés disso, a série segue uma linha mais chocante que posiciona Edgar na cena de um crime e Tasha como possível testemunha de seu ato. O que realmente aconteceu entre a descoberta da fita com o nome de Reade e a morte de Jones ainda é mais uma lacuna de memória, então declarar sua culpa ou inocência de Reade é precipitado. Mas será interessante como Zapata se comportará com as informações que tem e como ela protegerá o amigo.
Condone Untidiest Thefts é um episódio excelente que muda um pouco o ritmo da série sem alterar seu formato. O quinto episódio não insiste tanto em traçar semelhanças do caso tatuagem da semana com Jane, mas se foca nos momentos emocionais de seus personagens e aposta que isso é suficiente. Afinal, são eles justificam nossa constante presença e audiência.
Outros comentários:
– Anagrama: Condone Untidiest Thefts = Defends The Constitution (Defende a constituição)
– Frase: Nada é mais perigoso. Eles invocam medo. Para o momento deles está próximo. Do FBI. Defende a constituição.
– Quem é Chris?
– Agora que o romance da Patterson com Robert está dando certo, a pergunta que fica é quando é que vai começar a dar errado?
– Jane pede ajuda de Patterson para obter mais informações sobre sua memória com um anel que ela visualizou na memória. O “cérebro da equipe” não conseguiu nada ainda, mas esse pode ser um caminho para Jane descobrir que Sherpherd e Roman estão mentindo.
– SHDWCAT mostra a Zapata uma forma de desvendar a imagem que estava no pen drive de Mayfair. Patterson consegue decodificar a imagem, mas por enquanto só aprendemos que a antiga chefona do FBI estava trabalhando com Douglas Winter.
E você? Gostou do episódio? Como acha que Zapata vai lidar com o “segredo” de Reade? Ou qual será a missão de Sandstorm que Jane irá trabalhar? Deixe seu comentário e até a próxima review!
