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BrainDead

Por: em 16 de junho de 2016

BrainDead

Por: em

“Você viu o que os republicanos disseram? Eles estão malucos. Onde este mundo vai chegar? Nós precisamos fazer alguma coisa”, diz Randall Burke a sua esposa antes de ir dormir. Você provavelmente já ouviu alguém falar isso recentemente, não é mesmo? Se substituir “republicanos” por “democratas” ou “direita” ou “esquerda”, a fala do personagem se adapta para diferentes argumentações políticas nos Estados Unidos e até no Brasil. Mas há um grande problema nessa declaração: Randall foi infectado por formigas alienígenas e se tornou um zumbi! Como assim?! Achou a premissa de BrainDead estranha? Calma, que eu explico.

A nova série da CBS dos criadores de The Good Wife Robert King e Michelle King é uma sátira política com elementos de ficção científica. Estrelada por Mary Elizabeth WinsteadDanny PinoAaron TveitTony ShalhoubBrainDead descreve a loucura política em Washigton D.C. como consequência de uma invasão alienígena desencadeada com a queda do meteoro na Ucrânia em 2013.

“No ano de 2016, houve um crescente sentimento que as pessoas estavam perdendo suas cabeças, e ninguém sabia porque, até agora.”

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Para ser honesta, nem tudo é causado pelos alienígenas. O cenário político da série é bem parecido com o atual. Imagens de Donald Trump, Hillary Clinton e Bernie Sanders aparecem diversas vezes durante o piloto e a constante disputa entre os dois partidos americanos não parece muito diferente da nossa realidade. Então, as formigas alienígenas apaixonadas pela música “You Might Think” da banda The Cars (sem nenhuma explicação ou motivo aparente, até agora) são as razões para personagem políticos agirem pela busca de poder e, inevitavelmente, a forma que a série escolheu para evidenciar a hipocrisia desse ambiente.

Não há muita diferença entre a atitude dos agentes políticos antes e depois dos alienígenas assumirem controle do cérebro deles. Eles se tornam mais saudáveis e extremistas, mas ainda são personagens que agem por motivos obscuros e não conseguem resolver um “impasse” que evitaria a demissão de milhares de pessoas na cidade durante uma crise financeira. Essa ambição em expor e criticar como a política funciona é o ponto mais forte e promissor da série porque isso é alcançado sem muito esforço. Afinal, comentários como o de Randall ou senadores tentando destruir seus opositores não são plots malucos retirados de uma ficção científica, mas o cotidiano de um país democrático.

No entanto, BrainDead tem muita dificuldade para encontrar um ritmo. O episódio, intitulado “The Insanity Principle: How Extremism In Politics Is Threatening Democracy In The 21st Century” (ufa!), tem duas partes: no primeiro, a série tenta estabelecer o momento político do país e o papel que os personagens desempenham nesse cenário; no segundo, a invação alienígena e a investigação do mistério; mas em nenhuma delas o tom de suspense e comédia que a série tenta emplacar encaixa perfeitamente.

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Nessa confusão, a atriz Mary Elizabeth Winstead se destaca como Lauren Healy, protagonista da série. Lauren dirige documentários, mas acaba trabalhando no escritório do irmão senador para financiar seu filme sobre música religiosa em Bora Bora. Como muitos de nós, a personagem odeia política, mas sua descrença com o meio faz com que ela navegue nesses ambientes com facilidade. É Lauren Healy que guia o espectador e faz a ponte entre os dois universos tão distintos de BrainDead. A postura segura e alerta de Winstead, que nunca se rende aos absurdos e insanidades da série, torna a narrativa mais clara aos olhos da personagem.

Ao final do piloto, a impressão é boa e que com o tempo BrainDead pode conseguir encontrar seu tom. A série tem ambição e potencial para construir uma comédia política em um momento em que o extremismo já não é mais exceção e uma ficção científica interessante e eletrizante.

Já conferiu o primeiro episódio da série? Ficou interessado? Comente com os Apaixonados por Séries!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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