Se a série se manter no nível de See Something, talvez a gente tenha mais do que um procedural spin off, no fim das contas. Pela primeira vez desde a sua estreia, Chicago Justice conseguiu caminhar sozinha e com um resultado bem satisfatório. Abordando temas polêmicos e essenciais, dada a nossa conjuntura político-social, o episódio foi um ataque direto ao Presidente Trump e ao atentado à boate Pulse em Orlando.
O caso da vez envolve um muçulmano e um possível crime de ódio, ao longo do episódio a imagem que fica é a de que, de fato, se tratou de um crime bárbaro e com motivações racistas e segregacionistas. A atuação da polícia foi extremamente necessária para compreender o motivo por trás do crime e eliminar, de cara, o principal suspeito. Eu confesso que fico incomodada com isso da Promotoria sempre acusar um cara, sem ter as provas necessárias e ter que, no final, retirar as acusações e sair caçando outro culpado. Claro que se não houver justa causa da autoria, não há que se falar em julgamento, mas o que eu quero dizer é que seria bom não pensar muito no imediatismo e tentar agir com mais prudência, até porque toda vez que o Estado acusa alguém, a máquina do Judiciário funciona e é gasta de forma desnecessária, já que o culpado não é quem ele imagina.
Mas ainda que a Promotoria tenha sido imprudente ao acusar quem quer que seja, sem ter um conjunto de provas concretas, o mesmo não pode se dizer quando ela consegue as provas e as usam das melhores formas possíveis. Peter e sua equipe é bem competente e, por mais que pequem ao serem imediatistas, a gente percebe que isso não acontece por má vontade, mas sim pela necessidade que a sociedade tem de encontrar um suspeito, um culpado, um algoz.
Dessa forma, é muito mais fácil, em regra, sentir simpatia por Peter e companhia, justamente por perceber, nas suas atitudes, a vontade de fazer o que é certo e tentar recompensar a família da vítima pelas atitudes dos condenados.
De todos os casos, este foi o mais real e com uma questão crítica muito aguçada. O cara invejoso que também é muçulmano não teria motivo para matar seu colega de quarto, certo? Errado. O que não passava de intolerância religiosa, no final das contas se tornou mais um caso de terrorismo, em que a credibilidade das vítimas são colocadas à prova, a rotina dos colegas de quarto e as informações junto a essas pessoas também. De repente o bandido se torna mocinho e acaba por se fazer o “herói” de uma história que questionadamente foi evitada. Um provável ataque terrorista que foi evitado graças a sua atitude de matar o suspeito de terrorismo, suspeito esse que jamais foi questionado por ninguém, ainda que tenha vídeos suspeitos e racistas no seu celular que “comprovem” isso. Ele nunca foi perguntado e nem teve a oportunidade de se defender, apenas apareceu um cara que se diz prezar pela vida dos americanos e tudo certo.
A forma como Peter conduz o caso e consegue dar a volta por cima nos argumentos do advogado de defesa é muito brilhante e faz com que a gente entenda do porquê ele ser o promotor principal, enquanto que a Anne é a auxiliar. Apesar de querer que ela tenha mais destaque, Anne é muito aprendiz e não consegue enxergar malícia por trás de certas atitudes ou situações. Ela tem muito que aprender, e o Peter tem muito a ensinar. A aula que ele dá a ela sobre o caso da diabetes foi bem inteligente e deu pra perceber o quanto sangue frio você precisa ser se entrar nesse ramo do Direito. Na verdade, por ser uma ciência tão complexa e racional, fica difícil não ser sangue frio em qualquer área de atuação.
Mas de toda sorte, o sentimento que fica para o restante do elenco, ainda que o réu tenha sido considerado culpado pelo júri é a de que ele fez um favor a humanidade, por ter se livrado de mais um. Por ter se livrado de um terrorista, que a qualquer momento poderia facilmente destruir milhões de vida.
Objection 1: Apesar das críticas negativas, esse episódio aparentou ter mais sintonia entre os personagens do que o outro.
Objection 2: Esse encontro do pessoal no bar, depois do julgamento, é muito Grey’s Anatomy e seus anos iniciais.
Objection 3: Espero que agora a série consiga se regularizar, porque foi um episódio por dia quase né?!
Então é isso, a gente se vê na próxima!! Oka? Bjosss!