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Claire Temple é a heroína que esperávamos

Por: em 7 de outubro de 2016

Claire Temple é a heroína que esperávamos

Por: em

O MCU, Marvel Cinematic Universe, tem feito um bom trabalho com as personagens femininas em suas séries de TV. Em Luke Cage, as mulheres, quase todas negras, tem papel de destaque. Misty Knight, Mariah Dillard, Reva Connors, Priscilla Ridley, Mama Mabel e Claire Temple são os nomes mais proeminentes. Elas estão dos dois lados, como vilãs e como heroínas, com personalidades e características distintas. Isto é relevante porque os papéis femininos não tem sido tão diversificados e numerosos quanto os papéis masculinos na ficção.

Cada uma dessas personagens tem momentos interessantes e poderiam render um bom estudo de personagem. E depois de duas temporadas de Demolidor, uma de Jéssica Jones e uma de Luke Cage, é fácil constatar que Claire Temple é uma das melhores personagens do MCU. Interpretada por Rosario Dawson, Claire consolidou o seu espaço como uma das personagens femininas mais carismáticas e interessantes da Marvel. Especialmente após a primeira temporada de Luke Cage, pois ela participou da maior parte dos episódios e pudemos conhecer melhor a personagem.
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Ela é uma enfermeira do turno da noite no Metro General Hospital. Profissionalmente, Claire também é inspiradora para as novas gerações de mulheres, afinal a cultura pop reflete mas também ajuda a moldar a nossa cultura de forma geral.  E embora a profissão de enfermeira seja costumeiramente ligada às mulheres, porque em nossa sociedade ainda persiste a idéia de que o ato de cuidar é uma atividade feminina e, portanto a atividade Claire não representa uma tomada de campo de uma profissão tipicamente masculina, em Luke Cage fica evidente que Claire possui um vasto conhecimento na área médica e muito talento para a ciência. Ela alcança seus objetivos utilizando a lógica e a ciência em situações de extremo risco, o que é revigorante em termos de representação feminina.

Durante um dos turnos da noite no hospital que Claire escuta algumas histórias sobre um homem mascarado (já que alguns dos bandidos que Matt enfrentou acabaram sendo levados para o Metro General) enfrentando o crime em Hell’s Kitchen. Claire acaba decidindo ajudar o homem mascarado quando o encontrou machucado e inconsciente. Ou seja, ela ofereceu um apoio que nem foi solicitado. Este pequeno detalhe da história é importante porque fala muito sobre a personagem. Ela quer ajudar. Ela quer usar seu conhecimento para apoiar o demolidor e, posteriormente, Luke Cage também.

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“Eu vi um homem cego que pode enxergar porque seus outros sentidos foram amplificados. E um outro homem que sobreviveu a um tiro na cabeça e se recuperou de uma hemorragia cerebral em questão de horas! E ambos precisaram da minha ajuda. Eu acho que isso é o que eu quero fazer, eu quero ajudar pessoas com habilidades.”

Essa citação da Claire fala de algo que nem sempre nos recordamos. Sempre pensamos que um super herói é sempre responsável por todos, pela segurança das pessoas, mesmo das que não confiam ou não acreditam neles. Mas por trás das habilidades e poderes, eles ainda são seres humanos que precisam de conexões com outras pessoas para lidar com as suas próprias vidas nas questões mundanas. Ninguém, nem mesmo alguém com super poderes, consegue viver bem sem essas conexões. No caso de Claire, ela é a pessoa que os ajuda quando eles não podem recorrer aos hospitais como qualquer pessoa sem poderes faria. Seja porque eles não querem revelar sua identidade ou porque não querem ser vítimas de experiências científicas ou porque não confiam nas instituições. O laço que ela estabeleceu com Matt Murdock, Luke Cage e até em menor escala com Jéssica Jones é um bom exemplo de que as pessoas comuns também são importantes.

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Um dos maiores trunfos de Claire como personagem é que a mera existência dela torna o MCU um pouco mais coeso, ao menos no que tange aos universo dos Defensores que está sendo desenvolvido no Netflix. Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage tem problemas de coesão. Um bom exemplo é o que aconteceu com Luke Cage, onde tentaram incriminá-lo e iniciaram uma verdadeira caçada para prendê-lo e até matá-lo. Faz com que nos perguntemos porque a Jéssica Jones, ex-namorada de Luke que vive na mesma cidade, não apareceu para ajudá-lo. Provavelmente são questões contratuais ou até mesmo decisões arbitrárias de roteiro para manter as séries conectadas, mas com histórias isoladas. A questão é que soa esquisito que a Trish dê a sua opinião sobre Luke e Jéssica, não. Porém, inserir Claire em todas as séries faz sentido. Ela é a pessoa de confiança que conecta os personagens. Ela transita pelas séries com facilidade.

Ainda que não tenha poderes, Claire não é uma donzela em perigo. Em demolidor ela aguentou tortura mas não entregou os segredos de Matt e em Luke Cage ela literalmente salvou a vida dele. E sozinha e desarmada enfrentou bandidos usando apenas a inteligência e alguns golpes certeiros. Claire não tem os sentidos apurados, super força ou pele impenetrável. Ela também não usa uma máscara, mas ela é a face anônima do heroísmo no cotidiano.


Gizelli Sousa

Arquiteta, feminista, prefere uma noite de maratona de séries do que sair para a balada.

Brasília/DF

Série Favorita: The Walking Dead

Não assiste de jeito nenhum: Gilmore Girls, The O.C., One Tree Hill, Girls, Love

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