Quando o silêncio grita e a solidão se torna uma amarga companhia. Creio que essa é uma boa forma de sintetizar a essência de With Silence and Tears, o episódio mais intimista e desolador que Containment apresentou até o momento. A cena final, ao som da belíssima Battlefield, segue capaz de fazer um nó se formar em minha garganta e me provocar arrepios.
Ainda assim, antes de me aprofundar no maravilhoso episódio dessa semana é preciso comentar a malfadada notícia do cancelamento da série. Antes que os alarmes comecem a soar e os primeiros sinais de histeria se manifestem, os asseguro que não há motivos para isso. A série foi idealizada para durar apenas uma temporada e os 13 episódios gravados serão exibidos, a história apenas não terá uma continuação.
Para ser honesta, recebo essa como uma ótima notícia. Há momentos em que menos é mais. Além disso, se existe algo que minha experiência com séries me ensinou é que mais vale uma única temporada bem feita, com tramas amarradas e um desfecho decente, do que acompanhar anos e anos de uma história que perde a qualidade a cada episódio. Sendo assim, só nos resta esperar que Containment consiga se manter estável e se encerrar dignamente.
Dito isso, voltemos nossa atenção para With Silence and Tears. Episódio que pela primeira vez mostrou nossos personagens verdadeiramente isolados. Não bastasse um muro os impedindo de sair, a ausência de internet e telefones os deixava completamente ilhados, sem saber o que está de fato acontecendo, ou conseguindo se comunicar com as pessoas amadas. O que faz com que de um lado do cerco se manifeste a preocupação e do outro a solidão. 
Além disso, foi possível traçar um interessante paralelo entre os dois casais da série. Era evidente que Jana e Teresa sentiam falta dos amados, algo que aproxima essas duas personagens que à primeira vista podem parecer tão diferentes. Jana cresceu sem família e aprendeu a criar barreiras ao seu redor como forma de proteção. Barreiras que de alguma forma acabaram a levando ao cenário em que se encontra. E a certeza de que poderia estar a salvo, se tivesse conseguido abandonar as inseguranças e se mudar para a casa de Lex, torna tudo ainda mais difícil.
Teresa, por sua vez, é uma adolescente romântica e cheia de fé. Independente das futuras dificuldades, tudo o que deseja é ficar com o namorado e a filha que carrega no ventre. Ao contrário de Jana, na jovem não existem barreiras ou receios e ela estava prestes a fugir com o namorado quando foi impedida pelo início da quarentena. Nesse momento, contudo, as duas mulheres se encontram em uma posição muito similar, na qual são condenadas a esperar pelo momento em que reencontrarão os namorados e o fazem sem perder a fé nos homens que amam.
Esse paralelo também permite a aproximação entre Lex e Xander. Além do fato das namoradas de ambos estarem confinadas na área isolado, algo que tem sido muito explorado pela série, os dois são, cada um a sua maneira, homens preocupados com o dever. No caso do major isso fica mais evidente e as responsabilidades parecem ser maiores, uma vez que está tentando salvar uma quantidade incontável de vidas. Ainda assim, Xander também se prende às suas responsabilidades, nesse caso como um pai, e está disposto a fazer qualquer coisa para proteger Teresa e a filha. É nesse ponto que os dois personagens divergem, já que, até o momento, Lex não parece disposto a quebrar as regras.
Seguindo a linha oposta temos Jake e Katie. O policial e a professora estão cada vez mais próximos e protagonizaram uma das cenas mais bonitas do episódio, na qual se abrem um com o outro e aceitam que como seres humanos têm falhas e isso é algo que não cabe a ninguém julgar. Foi bonito ver Katie falando sobre seu passado e problemas psicológicos e Jake pedindo à moça que não o deixe se afastar. Nesse caso, temos um exemplo de solidão que aproxima, uma solidão que talvez venha de antes de todo esse caos ter início.
Solitária também é a missão do doutor Victor Cannerts que tenta desesperadamente encontrar um modo de conter o vírus antes que ele faça ainda mais vítimas. Algo em que não tem obtido sucesso e o peso disso fica cada vez mais evidente em suas feições. Leo Greene também teve seus momentos de sofrimento ao descobrir que as amigas, com quem esteve preocupado durante todo o episódio, estavam mortas, algo que além de humanizar um pouco mais o personagem serviu para evidenciar que naquele contexto todos são vítimas. Dessa forma, não vejo problemas em dizer que With Silence and Tears foi para mim o melhor episódio que Containment apresentou até o momento, o posto, no entanto, deve durar pouco, uma vez que a série tem se superado a cada semana.
