Tudo o que temos é esperança. Acredito que essa seja a mensagem que fica após o último episódio de Containment. Episódio, esse, que só não se torna um desastre absoluto, pelos maravilhosos minutos finais que, além de apresentarem um desfecho digno para a história, promoveram um reencontro com a própria essência da série. Ainda assim, há muito a ser comentando, tanto para o bem quanto para o mal, então, vamos começar a analisar atentamente a cada um dos aspectos de Path to Paradise.
Sejamos honestos, o que nos foi mostrado durante esses quarenta minutos esteve bem longe do que se espera um series finale (ou mesmo de um season finale bem feito). Na verdade, a sensação de que estava assistindo a apenas um episódio qualquer me acompanhou durante todo o tempo. Algo extremamente decepcionante, uma vez que todo o contexto criado permitia que a tensão se fizesse presente do início ao fim, o que infelizmente não aconteceu. O que Containment nos mostrou, na realidade, foram sequências enfadonhas e até mesmo entediantes, que não fazem justiça ao que a série e o episódio poderiam ter sido. Considerando toda a narrativa criada até aqui, não é difícil perceber que todos os caminhos deveriam levar a uma única coisa: conflito. Conflito real, impactante e destruidor, não os pequenos momentos de atrito que nos foram apresentados.
Ainda assim, é possível destacar aspectos positivos em Path to Paradise, momentos que se derivam principalmente do discurso de Jake na cena final. As falas do personagem foram muito importantes para lembrar a audiência que Containment sempre foi uma série sobre um grupo de pessoas reagindo e tentando sobreviver a uma situação adversa. Embora essa ideia tenha se tornado mais sutil ao longo dos episódios, ela sempre esteve ali e, como mencionei em uma das primeiras reviews, a série sempre se destacou pelo modo como trabalhava os personagens e suas questões internas.
Sendo assim, considerando que o foco sempre esteve nas pessoas, é interessante observar o caminho trilhado por alguns personagens durante esses 13 episódios. Jake se tornou alguém que enfrenta os problemas de frente e tenta enxergar o melhor nas pessoas, algo que aprendeu com Katie, a mulher que amou e continua amando. Jana e Lex finalmente encontraram um caminho de volta ao outro e um modo de ficarem juntos, para isso ela precisou superar os fantasmas do passado e seu medo de compromisso, e ele teve que escolher entre o amor e o dever, algo que sempre lhe foi tão importante.
Xander e Teresa aceitaram que não havia como fugir e que ninguém mais poderia salvá-los, resolveram, então, construir uma vida e sua família no local onde estavam. Enquanto isso, a avó da garota aceitava que era hora de partir (em uma cena clichê, porém emocionante), mas não partiu sozinha, afinal Bert nunca deixaria sua alma gêmea dançar desacompanhada. Por fim, vimos Leo encontrar sua redenção, divulgando a verdade sobre a criação do vírus e expondo Sabine.
Dessa forma, o final em aberto (seja é um elemento proposital, seja fruto da ideia de uma possível renovação) surge como algo interessante e que funciona. Talvez se encontre uma cura, talvez não. Talvez Sabine seja punida, talvez não. Talvez todos tenham vidas longas e plenas, talvez acabem contaminados e mortos. Não temos uma resposta certa para o que acontece em seguida e cabe a cada um de nós criar nossas próprias suposições. O aspecto interessante, contudo, é que isso evidência a ideia de esperança presente nesse último episódio, especialmente no que diz respeito ao arco de Jake. No fim, só podemos esperar que tudo fique bem e lidar com o que a vida tem a nos oferecer.
Além disso, outro fator que merece destaque é o do isolamento. Essa questão perpassa a trama desde o episódio piloto, no entanto, é aqui que ela se mostra extremamente metafórica ao mostrar que nos distanciamos uns dos outros, nos isolamos e deixamos de nos enxergar como pessoas e de perceber o que de melhor o outro pode oferecer.
De todo modo, levando em conta defeitos e qualidades, Containment foi uma surpresa. Comecei a assistir a série sem grandes expectativas, mas acabei realmente interessada na trama e conquistada por alguns de seus personagens. Ainda assim, a série está longe de ser perfeita. Oscilando entre momentos bons e ruins, personagens interessantes e subaproveitados e altos graus de previsibilidade, Containment conseguiu chegar a um desfecho decente. Um desfecho que certamente poderia ter sido melhor, mas que acerta ao evidenciar a importância do elemento humano e colocar reticências ao invés de ponto final.