Em seus dois últimos episódios, Dupla Identidade explorou mais a dinâmica entre Edu e a polícia. Se antes o serial killer procurava ser extremamente cauteloso, agora que tem informações privilegiadas ele ousa mais, arrisca mais e se diverte mais participando da sua própria caçada.
Já falei sobre isso antes, mas toda a situação envolvendo a garota da boate reforça o fato de que Edu não é um vilão de filme de terror. Ele não é onipresente, não se locomove através de teletransporte, não prevê o futuro e é tão passível de falhar quanto qualquer pessoa, mas sabe lidar com isso. Edu é muito real, e por isso tão assustador.
Em uma “conversa” com seu mais novo cadáver decorativo, ele revela que sente tesão com o poder. E tanto os assassinatos quanto o esquema envolvendo Otto são a sua fonte de poder. O vazamento das informações do Senador tinha como objetivo minar a confiança dele em Assis para que o próprio Edu se tornasse o suplente natural. As coisas fugiram do que ele esperava, mas mais uma vez ele soube retomar as rédeas e transformar o inconveniente em pontos a seu favor.
Apesar de toda a competência, não dá para negar que Edu também conta muito com a burrice alheia. Como assim um policial vê uma mulher se debatendo, um cara a segurando e acredita que ela “dormiu” do nada? Quem, meu deus, quem dorme do nada no meio da rua? E é sério mesmo que o rapaz do escritório mostrou que tinha provas para incrimina-lo, disse que ia fazer a denúncia e sentou para relaxar justamente no alto de um prédio? Forçaram. Muito.
O sexto episódio trouxe uma vítima especial, Ana (Bárbara Paz). Certamente seu assassinato não foi comum para Edu. Ele armou todo um circo midiático, brincou de Zodíaco, desafiou a polícia (e principalmente Vera) porque Ana não era como as outras. Ana era sua conhecida, ele era íntimo da garota e ela foi a personificação do poder sobre a vida e a morte que ele sempre buscou.
Edu devolveu a vida a Ana por quatro vezes. Ele tinha certeza de que ela não o “decepcionaria” cometendo suicídio porque ele sempre soube que ele decidiria o momento em que ela morreria. Com Ana ele não apenas definiu a sua morte, ele também experimentou o sabor de definir a continuidade da sua vida.
Durante a perseguição final de Vera a Edu me caiu a ficha do quanto a psicóloga poderia ser uma personagem interessante, se não estivesse tão comprometida pela atuação pífia de Luana Piovani. As cenas entre Vera e Edu não me dizem nada. Com um papel em outras mãos poderíamos ter momentos tensos, com certa “intuição” da psicóloga sobre seu estigário, ou o oposto: uma profissional tão absorta e obsecada pelo caso que mal enxerga Edu, o homem a quem mais procura. Seriam propostas bem mais interessantes que o nada que temos.
Mas o fato é que a loira já ligou os pontos e percebeu que seu serial killer está mais próximo do que eles imaginavam. Como ela vai lidar com isso? Que olhar ela vai lançar para as pessoas ao seu redor? Provavelmente a salvação do núcleo policial virá através dessa nova dinâmica.
Algumas observações:
– Será que Edu vai tentar algum envolvimento romântico com Silvia? É claro que ele quer derrubar Otto do cavalo, resta saber se a mulher virá no pacote.
– Ray está perdida na trama. Apesar da excelente atuação de Debora Falabella, a borderline ainda é como uma peça mal encaixada na série. Qual o objetivo de Edu manter essa relação se ele sequer a exibe em público?
– Mais do que sem sentimentos, Edu é um grande debochado. Depois de oferecer ombro amigo ao ex-noivo de Angela, ele ainda fez o discurso fúnebre do seu “irmão”.
– DR de Vera e Dias: quem se importa?
– Edição caprichadíssima mais uma vez. A série tem uma identidade visual muito marcante e a cena de Ana pendurada na garagem das barcas foi digna das melhores séries do estilo.
– A referência a Zodíaco foi contextualizada, bem feita e explícita, sem precisar daqueles monólogos artificiais da Vera. Espero que continuem assim.
E você, o que está achando de Dupla Identidade? Faz ideia de quais serão os próximos passos de Edu? Comente com a gente!