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Dupla Identidade – 1×09 e 1×10

Por: em 9 de dezembro de 2014

Dupla Identidade – 1×09 e 1×10

Por: em

Depois de beber da fonte de The Fall, Dexter e Hannibal, Dupla Identidade mostrou sua faceta The Following, com uma investigação digna do FBI da série de Kevin Williamson. Infelizmente uma polícia que dá tanta bobeira está longe de ser só obra de ficção ou devaneio da cabeça de Gloria Perez, mas é inevitável torcer o nariz pra algumas coisinhas, né?

dias

A série foi por um caminho interessante ao começar, aos poucos, a desmanchar a máscara de Edu. O mais comum na dramaturgia (principalmente brasileira) é revelar a verdadeira face do vilão no último capítulo e levar apenas uma ou duas cenas para chegar até o seu destino, seja ele a morte, a prisão, o hospício ou a fuga. A segunda identidade de Eduardo Borges se revelou em pedaços, e a autora preferiu desenhar esse caminho no roteiro com um timing que se aproxima bem mais da realidade que o de costume.

A mala com objetos de tortura, as evidências ligando Edu a Ana, a denúncia da prostituta… todos os caminhos começaram a apontar para o serial killer, mas não é nada fácil capturar um psicopata, menos ainda um psicopata com costas quentes! Já era esperado que a prisão não duraria muito, mas a equipe de Dias comeu muita mosca ao não se mobilizar para realizar uma busca na casa de Edu antes que ele fosse liberado. Era mais que óbvio que ele daria um jeito de se livrar de todas as evidências antes que a polícia batesse em sua porta.

É claro que há trâmites legais que não se resolvem de uma hora para a outra, e neste caso o ato de prendê-lo foi uma má ideia naquele momento, porque só serviu para alerta-lo de que ele estava sendo observado. Fazer o jogo de Vera e fingir que nada estava acontecendo era o mais prudente – e esperto – naquele momento.

tati edu

Com o cerco se fechando e sentindo que Dias estava cada vez mais empenhado em condená-lo, Edu usa sua “carta na manga” e ataca Tati, só que de um jeito um pouco diferente do seu MO. A adolescente já estava completamente seduzida pelo psicopata, então levá-la para a cama… ou melhor, para o galpão sinistro usando uma cabeça como travesseiro, não foi nada difícil. Ele pode não tê-la matado, mas Tati ficará completamente devastada quando tomar consciência de tudo o que aconteceu naquela tarde. Mais uma vez ele brinca com a vida das mulheres vulneráveis ao seu redor para reafirmar seu poder.

A polícia pode não ser exatamente um poço de eficiência, mas Vera fez bem o dever de casa e se adiantou para tentar encaixar as peças que faltam no seu quebra-cabeças. Tanto na investigação extra-oficial na casa de Edu, onde ela encontrou o livro em que ele se inspira para montar suas cenas de crime, quanto na abordagem com Ray, ela é sempre a que mais consegue avançar nas investigações e se manter, se não à frente, pelo menos lado a lado com Edu.

Mas enquanto Vera dá um passo para frente, Dias faz um moonwalk com mortal duplo carpado e sai em disparada andando para trás. Ele deixou uma prova de crime ser literalmente queimada na sua frente por pura inocência (para não falar em burrice). Onde mesmo ficou aquela história de que na polícia você aprende a não confiar em ninguém? E é óbvio que ouvir a filha falando que teve a sua primeira vez com um feminicida é enlouquecedor, mas deixar a raiva tomar conta e partir para cima de Edu apenas facilita ainda mais as coisas para ele.

edu

Algumas observações:

– Sylvia está oficialmente apaixonada por Edu, e depois de colocar fogo em uma prova de crime para acoberta-lo, não há dúvidas de que ela é muito mais perigosa que Oto.

– Os conflitos familiares de Dias não funcionam, não adianta. Podiam colocar o personagem como divorciado e nos poupariam das DR’s anticlímax dele com a esposa.

– Se a Ray já fez aquele estrago todo quando o Edu não quis falar com ela, imagine quando ela descobrir que ele a traiu com uma adolescente. Pois sim, acho que ela vai ficar mais incomodada com isso que com o fato de ele ser um assassino.

– A série não tem medo de incomodar. A violência, o sexo, as mortes… tudo é usado sem grandes pudores, mas nada até agora tinha me causado tanto desconforto quanto a cena de sexo entre Edu e Tati. Colocar um psicopata adulto para se aproveitar de uma menina era um limite que eu não achava que a série fosse cruzar. Me lembrou um pouco o filme “Trust”.

A série está chegando à sua reta final e eu não faço ideia do que os últimos capítulos nos reservam. Tem sua teoria? Deixe nos comentários!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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