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Dupla Identidade – 1×12

Por: em 18 de dezembro de 2014

Dupla Identidade – 1×12

Por: em

Quando se opta por usar diversos elementos narrativos, linguagens e focos de ação ao mesmo tempo você só tem dois resultados possíveis: um episódio eletrizante ou uma grande bagunça. Infelizmente, o penúltimo episódio de Dupla Identidade caiu no segundo buraco.

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Resumindo rapidamente o que aconteceu neste episódio: Edu faz exigências para libertar Vera, Edu consegue tudo o que quer sem que a polícia tenha uma estratégia alternativa, Edu foge com Vera e ainda faz um discurso que coloca grande parte da opinião pública a seu favor, Edu acampa com Vera antes de liberta-la, Edu foge de helicóptero, usa o incrível disfarce de lentes de contato escuras e sai matando sem critérios apenas porque é muito bom ser v1d4 l0k4, mas acaba preso por dirigir bêbado. Ainda tivemos Tati, Ray e Sylvia dando um show de burrice coletiva e a bombástica revelação de que Edu na verdade é… Brian (Moser?).

Foram muitos problemas que não condizem com a qualidade que a série manteve até aqui. Dupla Identidade quis dar um passo maior do que conseguia e acabou tropeçando, caindo e rolando ladeira abaixo. Até a edição maravilhosa conseguiu se perder ao usar muito mal o recurso da visão em primeira pessoa nas cenas entre Edu e Vera na floresta. A distorção das imagens ficou esteticamente ruim e tirou a tensão esperada. A cena em que Vera imagina que enforca Edu e foge foi desnecessária, explicitamente uma forma bem apelativa de dar ação à sequência.

O descontrole de Edu ao sair matando sem nenhum tipo de estratégia, padrão ou cuidado não encaixa com o perfil de nenhum psicopata, e menos ainda com ele, que é tão vaidoso e perfeccionista quando se trata das suas vítimas. Sim, a situação era atípica e ele estava sob pressão, mas aqueles assassinatos desordenados em sequência soaram apenas como mais um recurso de tensão gratuita que o episódio lançou. Eu disse na review anterior que sentia falta de ver Edu em “ação”, mas não nesta ação jogada, mal escrita e mal editada que nada tem a ver com o que a série vinha trazendo.

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E se antes eu acreditava que as mulheres de Edu seriam as responsáveis pela sua queda, agora essas esperanças foram completamente perdidas. Ray, o que fizeram com você? Uma coisa é ser borderline, outra, muito diferente, é ser uma bitolada que acoberta o namorado serial killer e usa da segurança de todas as mulheres como moeda de troca pela fidelidade dele. A personagem se perdeu e nem pena dá mais pra sentir por ela, só nojo mesmo. A Sylvia também está quase lá, por queimar provas e facilitar a sua fuga, mas ela realmente acredita na inocência do Edu. A única realmente inocente nessa história é Tati, que foi completamente manipulada para os propósitos do psicopata.

Tudo bem que desde o início a série se “inspira” em outras, mas pra tudo existe um limite e neste episódio ele foi ultrapassado. Foram ângulos de câmera, tomadas e sequências inteiras idênticas às de cenas icônicas de Dexter. Para completar, a mãe de Edu aparece e revela que o seu verdadeiro nome é Brian. Um nome que nem é comum aqui no Brasil e é o mesmo que o do Ice Truck Killer, o primeiro grande vilão no caminho do analista forense da Miami Metro – que também usava um nome falso. Dupla Identidade ironicamente perdeu justamente a sua identidade e se tornou uma caricatura mal acabada de grandes sucessos.

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Apesar disso, não é justo desqualificar toda uma temporada por um episódio ruim. O roteiro evoluiu, a edição foi uma das melhores em uma série nacional até agora e, apesar de menos empolgante, o final ainda causa certa expectativa. Esse deslize às vésperas do fim pode significar tanto a última pá de terra quanto um ressurgimento ainda melhor. Vamos aguardar o próximo (e último) episódio para saber como a série vai encerrar a jornada de Edu.

Algumas observações:

– Dias é muito lerdo mesmo, né? Até a enfermeira passa a perna nele e joga um vídeo comprometedor na internet sem problemas;

– A atuação da Luana Piovani melhorou muito desde o piloto, mas toda a limitação da atriz ficou escancarada nas cenas entre ela e Bruno Gagliasso. Não dava pra acreditar nem por um segundo no desespero da personagem, por mais que ela urrasse;

– Eu vou perguntar de novo: e o cadarço do Assis?

– Junior e Tati podiam formar um casal. Dois rebeldes e problemáticos que podem trocar figurinhas sobre ter pais que se odeiam;

– Já estou torcendo pra Ray ser presa também e a Larissa ficar com a madrinha dela. Ninguém merece aquela mãe, por favor.

Empolgado para o final da temporada? Também se decepcionou com o episódio ou discorda totalmente? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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