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Dupla Identidade – 1×13

Por: em 21 de dezembro de 2014

Dupla Identidade – 1×13

Por: em

Se tem uma coisa que eu sempre defendi é que finais ruins não anulam o bom desenvolvimento de uma história. Nunca entendi fãs que dizem ter perdido “anos de suas vidas” apenas porque uma série não terminou bem, se essa mesma série rendeu dezenas de bons episódios. Bom, este não é o caso de Dupla Identidade. Em uma temporada de apenas 13 episódios, eles conseguiram descaracterizar os protagonistas e embaralhar o roteiro de uma forma impossível de imaginar que era possível em dois deles. Ainda estou perguntando: O que foi esse final?

edu-finale

Começando pelo julgamento, em que Edu fez e disse o que quis, não seguiu nenhum tipo de protocolo e enfrentou uma acusação completamente por fora de tudo o que estava acontecendo e sem nenhum preparo ou estratégia para de fato incrimina-lo. Para Brraiaann era tudo uma festa! Ele mandava beijo para as tietes, ajeitava seu cabelinho e conduzia o próprio julgamento com uma empolgação pra Caesar Flickerman nenhum botar defeito.

Vera, Dias e a promotoria foram para o tribunal completamente desarmados, com provas pouco consistentes e uma postura que não inspirava a menor credibilidade. Vera (mais robótica do que nunca), que deveria ser a primeira a esperar algum golpe baixo vindo de Edu, foi, em vez disso, a primeira a se descontrolar e tomar uma atitude nada condizente com o perfil da personagem. Depois de tantas investigações, eles só conseguiram provar – e com muitas ressalvas neste provar – que Edu era culpado porque o FBI entrou no circuito. Aliás, como eles chegaram ao tribunal sem saber nada sobre a dupla identidade de Brianduardo?

Bom, pelo menos alguém lembrou do cadarço do Assis, né? E aí de repente todas as provas foram brotando. O cadarço, o gesso, o sangue na banheira, o DNA das vítimas em Lagos… se eles tinham certeza de que Edu é o assassino, não fazia sentido leva-lo ao tribunal por apenas uma das mortes enquanto estavam investigando as outras. Se tivessem esperado alguns dias mais, poderiam montar um caso muito mais consistente.

cadeira

Para manter o ritmo acelerado que uma season finale pede, eles amontoaram todos os acontecimentos de forma pouco verossímil, mas isso a gente consegue relevar fácil em nome de uma boa narrativa. O problema é que essa boa narrativa não veio. Edu se imaginando na cadeira elétrica só serviu para terem uma imagem impactante pra botar na capa da Globo.com. A mãe dele também acabou sem função alguma e os personagens – todos eles – apresentaram um nível de estupidez tão grande que a gente nem consegue torcer por alguém.

Se Ray já era maluca sozinha, esperando um filho de Edu então… ficou muito claro com aquele final que ela vai dizer que está grávida e impedir que ele seja levado para os Estados Unidos. E pela frieza que ela demonstrou ao saber dos assassinatos (se preocupando apenas com uma traição) não é de se duvidar que ela se torne parceira de Edu em suas matanças apenas para continuar ao lado do feminicida.

A edição do episódio voltou a ser muito boa e conseguiu causar impacto em diversos momentos, mesmo quando o roteiro deixava a desejar. A sequência final, no entanto, com foco em um riso histérico de Edu e no olhar de pavor de Ray, foi bastante afetada, numa tentativa muito forçada de deixar um cliffhanger forte para a próxima temporada. De bom, ainda podemos destacar a sempre excelente performance de Bruno Gagliasso e também a de Debora Falabella, que consegue defender bem até mesmo uma das personagens menos críveis da TV.

ray-finale

A série foi renovada, mas ainda não se sabe quando exatamente voltará à grade de programação. Talvez se Dupla Identidade tivesse apenas uma temporada, recebesse um final mais digno e coerente que o que foi apresentado, mas não se pode negar que o que foi ao ar tem um grande potencial para prender o público para uma próxima leva de episódios. Agora a polícia já tem muito mais elementos à disposição para condenar Brian (de forma muito mais justa, aliás, que a barbárie que é uma pena capital). Por outro lado, Ray, Tati e Sylvia deram alguns sinais de que podem se aliar ao psicopata. Se Dias aceitar o estágio no FBI, talvez deixe de ser tão burro e aprenda alguma coisa sobre assassinos em série.

Algumas observações:

– Brian matou bem mais que as quatro mulheres que o FBI descobriu, né?

– Alguém mais morreu de nervoso com a atuação da Piovani neste episódio? Se botassem o google tradutor pra ler o mesmo texto teria mais emoção, armaria.

– Personagem mais esperta da série: Dina. Acho que ela merece algo melhor que apenas servir de escada pra Ray no ano que vem.

– Será que na segunda temporada descobriremos uma utilidade para o Junior?

– Como será que Edu vai se virar sem as costas quentes do senador?

– Aliás, com tantas tietes e aquele carisma de showman que ele demonstrou no tribunal, não duvido que Brian se torne um novo Joe Carroll e monte sua própria seita de seguidores. Seria o quote de Charles Manson na abertura do episódio uma dica do que vem por aí?

– Ok, acho que estou sendo muito otimista.

charles

Bem, a temporada acabou deixando um gostinho bem amargo de algo que tinha muito potencial, vinha por um caminho muito consistente, mas inexplicavelmente derrapou nos últimos momentos. Mas e você, gostou do cliffhanger? Vai voltar para a próxima temporada? Por que caminho acha que a série vai ser guiada daqui em diante? Deixe seu comentário e até a próxima!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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