Lembra aquela sensação ruim de frustração pós-episódio que tínhamos na segunda temporada? Cabou. Depois de uma escalada em termos de qualidade nos primeiros episódios da 3ª temporada, Empire voltou, em Cupid Kills, ao seu melhor. Melhor em ritmo, melhor em encadeamento narrativo, melhor em linguagem, melhor em atuação, melhor em quase tudo. Há uma chance de esse ter sido o meu episódio favorito desde a mid-season finale da 2ª temporada, o que não é pouca coisa. Coincidência ou não, esse episódio não mostrou nenhum dos plots reminiscentes da 2ª temporada – não tivemos Anika, não tivemos vovó Lyon, não tivemos Tariq. E Shyne, o único representante dessa fase conturbada, teve uma reviravolta muito interessante em sua história, então está mais do que provado de que a série cresce com as narrativas certas. A questão é que há de se continuar as histórias que foram deixadas de lado, mas que o sucesso narrativo do 4º episódio seja um sinal do tratamento que se deve dar a elas.
Mais um episódio, mais um protagonismo de Cookie. Não só a conhecemos melhor através dos flashbacks – nos quais ela é muito bem interpretada pela garota Ajiona Alexus – como também conhecemos, em correlação, sua versão pós-17 anos de cadeia. Muito do episódio foi baseado em dicotomias que colocavam Cookie no centro da discussão. A briga mauricinho versus rapper, representada por Lucious e Angelo e reiterada no passado, colocou a Rainha Lyon em outra briga, a do poder versus a vulnerabilidade. O que não é a sequência da loja senão Cookie tentando se manter forte e poderosa ante uma situação que a assusta (o encontro com Angelo)? E mais uma prova do talento gigantesco da rainha Taraji, que consegue passar toda essa confusão, partindo de tudo que conhecemos e passamos a conhecer de Cookie, com uma credibilidade inigualável. Mais ainda, importante como o plot de Cookie se relaciona com o plot de Tiana, que também se encontrou numa dicotomia muito semelhante. A maneira com que Cookie (e o roteiro) lida com isso é e a prova de que um dos maiores trunfos de Empire, uma das coisas que a torna tão sensacional, é uma coisa que eu chamo de encadeamento narrativo, que não apenas não deixa pontas soltas mas integra todas as tramas e subtramas numa única rede coesa.
O lado masculino da Trupe dos Leões também teve dias de glória no episódio. Andre finalmente conseguiu algum tipo de diálogo que não fosse uma pep talk entre os irmãos, e deu conta. A relação com Nessa foi muito bem construída, do começo ao fim do episódio a direção entregava aos poucos o que viria a acontecer; mais do que isso, a própria retomada do papel dele como um CFO de fato já trouxe uma nova camada pro personagem que acrescentou muito aos plots empresariais feat. gângster da Empire. Lucious, protagonista desses plots, acabou um tanto apagado por eles, mas não vamos reclamar que quando isso aconteceu temporada passada a coisa desandou. A grande consequência de tudo isso, que é a guerra com Shyne, pode fazer o episódio 5 tão bom quanto esse, especialmente se rolar esse tal encadeamento narrativo competente com as outras tramas.
Hakeem e Jamal ficaram de fora dos grandes momentos do episódio. Jamal serviu de trilha para a sequência do final, o que já lhe dá alguns bons pontos com este reviewer. A trama do distúrbio pós-traumático ainda está um pouco difícil de engolir, mas a questão com Freda, principalmente considerando a presença longínqua de Lucious (olha o encadeamento aí!), convenceu e foi um bom gasto de tempo. Hakeem serviu só para passar vergonha, já que pagou micão no live do Face da Empire Xstream, então fica a menção honrosa ao coitado do Lyonzinho caçula.
Até comentei sobre Nessa quando falei de Andre, mas é justo dar um parágrafo inteiro a ela. Empire vem se utilizando de garotas coadjuvantes cuja principal função é interagir com os Lyonzinhos. Tiana, Rhonda, a personagem da Alicia Keys que ninguém lembra o nome, Laura… E Nessa veio cumprir essa função na terceira temporada. A grande diferença é que, ao contrário de suas amigas entregues ao ostracismo narrativo, a sobrinha de Shyne parece estar desenvolvendo alguma espécie de protagonismo que pode ser muito proveitoso, principalmente quando consideramos os dois acontecimentos do fim do episódio (o sexo Ghost e o chamado de guerra). Nessa está diretamente envolvida nos dois – em um ela está literalmente envolvida -, então a série chama para que ela, que vem sendo bem interpretada pela menina Sierra Aylina McClain, brilhe.
Em geral, foi um episódio muito bom e que deixou muita expectativa. Esperemos que o nível seja mantido e o caminho encontrado não se perca. Amém?
Bônus Quote do Ano 1: You Better Sing That, Girl! Cooike Lyon somos todos nós assistindo música erudita.
Bônus Quote do Ano 2: I’m an artist, not a reality show. Tiana já pode ir pra próxima Fazenda, já que a carreira dela não tá engatando mesmo
Bônus Sense8: A gente pode falar que a fantasma da Rhonda é a pessoa mais maravilhosa desse programa? E aquela orgia sensacional? Maravilhosa.
