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Entrevista com Freddie Highmore, protagonista de Bates Motel

Por: em 22 de junho de 2013

Entrevista com Freddie Highmore, protagonista de Bates Motel

Por: em

Entre os dias 19 e 21 de junho, o ator britânico Freddie Highmore visitou o Brasil para promover a série Bates Motel, que estreará no país no dia 4 de julho no Universal Channel.

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Não sabe do que a série se trata? Então faça uma pequena pausa e passe aqui para ler nossa opinião sobre o piloto e conhecer essa que está sendo considerada por muitos a melhor estreia da fall season. Para quem gosta de suspense, é praticamente impossível não reconhecer o sobrenome Bates, o que traz um interesse imediato para a série que mostra a juventude do serial killer Norman Bates, personagem principal do clássico filme de Alfred Hithcock, Psicose.

O Apaixonados por Séries teve a oportunidade de acompanhar a coletiva de imprensa organizada pelo canal e trazemos agora os melhores momentos da entrevista para vocês.

– Sobre o sucesso da série:

Freddie disse estar positivamente surpreso com a recepção da série ao redor do mundo e que gostava muito da oportunidade que estava tendo de visitar lugares como o Rio de Janeiro. De acordo com o ator, sempre é emocionante quando as pessoas demonstram gostar do trabalho que estão fazendo, principalmente por se tratar de um show com uma premissa um tanto quanto ambiciosa.

– Sobre o quão assustador e sombrio o programa pode ser:

Quando questionado sobre o quão “pesada” a série pode se permitir ser, afinal estamos vendo a criação de um serial killer, Freddie disse que achava interessante o fato do roteiro lidar com um terror mais psicológico, no qual as coisas são mais sugeridas do que mostradas explicitamente. E que achava curioso que, mesmo sendo uma série de prequel, ou seja, uma história de origem de um personagem na qual todos já conhecem o fim, as pessoas ainda se deixam envolver e chegam a torcer para que Norman fique bem, contrariando o que eles já sabem sobre o personagem.

– Sobre influências que utilizou para compor o personagem:

Inicialmente Freddie citou Anthony Perkins, o Norman Bates original do filme de Hitchcock, que inspirou o trabalho dele de uma forma mais sutil, já que o seu objetivo foi incorporar alguns de seus trejeitos para facilitar a identificação de que se trata do mesmo personagem, mas sempre com a preocupação de não se tornar uma simples imitação. Além dele, Freddie revelou que discutiu bastante com Max (Thierot, que interpreta o irmão de Norman, Dylan) sobre a vida de Ed Gein, um assassino em série que serviu de inspiração para Robert Bloch escrever o livro que deu origem ao filme.

– Sobre Hitchcock:

Freddie declarou ter assistido Psicose pela primeira vez quando tinha em torno de 13 anos, e que o que ele mais admira no filme é a capacidade de deixar coisas para nossa imaginação. Ele deu como exemplo a cena do chuveiro, na qual vemos a faca, uma pessoa tomando banho e alguns movimentos. E embora fique bem claro o que aconteceu, nada é mostrado explicitamente, somente sugerido, deixando o resto para interpretação do público. Segundo ele, essa é uma das principais característicos do filme clássico que eles tentaram trazer para a série. Nada é muito “preto no branco”, as pessoas e suas motivações são bem misteriosas, deixando o telespectador perdido sem saber em quem pode confiar. E isso é os que torna, tanto a série quanto o filme, mais interessantes.

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– Sobre a relação de Norman com a mãe, Norma, e como é trabalhar com Vera Farmiga:

Em diversos momentos, Freddie ressaltou a relação de cumplicidade que desenvolveu com Vera Farmiga, que interpreta sua mãe na série. Ele disse que os dois se tornaram grandes amigos e que se ajudam bastante no set, dividindo ideias para a construção de seus personagens. Quem já assistiu a série, sabe que o relacionamento mãe e filho mostrado é um tanto quanto incomum por ter contornos um pouco incestuosos (embora, como é de praxe na série, isso também seja só uma interpretação da audiência do que é visto na tela). Assim, Freddie foi perguntado se sua mãe de verdade não ficava um pouco assustada com o que via no programa. O ator achou a pergunta engraçada, e disse que sua mãe, no geral, não gostava de vê-lo na TV fazendo coisas que considera íntimas, como dar um beijo em outra atriz, por exemplo. Mas que seus pais são muito compreensivos e o apoiam imensamente na profissão que escolheu.

Fazendo alusão ao filme, Freddie foi questionado se há alguma chance de vermos o jovem Norman vestindo as roupas da mãe. O rapaz respondeu que uma grande preocupação dos produtores da série é não apressar o ritmo e entregar tudo muito cedo. E que ele gosta da forma na qual estão trabalhando estes dois lados de Norman, o bom e o ruim, o transtorno de personalidade, de forma mais regrada, sem deixar nenhum dos dois lados assumir por tempo demais. Assim, a plateia fica sempre alerta, sem saber como ele irá reagir a seguir.

– Sobre pais superprotetores e o efeito disso nos filhos:

Quando pedido para dar uma posição sobre o que achava de pais que exageravam na proteção de seus filhos, Freddie ficou confuso por se achar muito novo (ele tem 21 anos) para opinar sobre como criar os filhos. Ele diz que uma das coisas mais difíceis para os pais deve ser a separação que ocorre quando os filhos saem de casa após atingir uma determinada idade, já que é uma grande mudança na rotina deles esse abandono do “ninho”. E que, com relação a série, ele acredita que essa seja a grande dificuldade de Norma, deixar o filho viver de forma mais independente. Segundo Freddie, Vera é uma grande defensora de Norma (assim como nós!) e, se ela estivesse lá, provavelmente defenderia a personagem dizendo que ela só faz o que acredita ser o melhor para o filho. Freddie acredita que isso é o máximo que um pai pode fazer, ter a certeza de que deu o seu melhor e torcer para que tudo dê certo. Em um determinado momento, Freddie diz que essa é uma das grandes questões da série: até que ponto nossa criação influencia na nossa personalidade? A maldade é criada ou é uma característica inata do indivíduo?

– Sobre a transferência da história para os dias atuais:

Essa foi a pergunta que nós aqui do Apaixonados fizemos para Freddie: o que ele achava que havia motivado os criadores da série a realizar essa transferência da história para os dias de hoje. O ator explicou que entendia que havia sido uma escolha ousada dos produtores, mas que achava que isso contribuía para conseguirmos nos identificar melhor com o personagem, transformando Norman em um jovem nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, ele disse que o cenário do filme e da série tem uma qualidade tão atemporal, que não foi influenciado por essa mudança. Também disse que acredita que isso até acrescentou à história, essa mistura interessante de um jovem que tem sua vida na escola inserido no mundo contemporâneo mas que, ao voltar para casa, vive de uma forma um pouco mais antiquada com a sua mãe, sendo quase como se Norma e Norman estivessem presos no passado.

– Sobre as filmagens e as cenas que mais gostou de gravar:

Freddie revelou que a primeira temporada foi gravada em um período de 4 meses, e que uma gravação para televisão é bem diferente do que para o cinema. Por esta ser uma série mais curta, de somente 10 episódios por temporada e de um ritmo bem dinâmico, todos os dias no set eram importantes e com cenas emocionantes para gravar. Entre as cenas que mais o marcaram, o ator citou as cenas nas quais vemos a influência da mãe sob Norman e as do último episódio da temporada, sobre o qual ele não quis revelar muito para não estragar eventuais surpresas. Outro momento marcante no set foi o primeiro dia de gravações, quando ele chegou ao local de gravação em Vancouver e encontrou a clássica casa e o hotel montados.

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– Sobre a responsabilidade de interpretar um personagem tão icônico e o receio de ficar marcado por este papel:

Freddie brincou dizendo que o lado bom de estar interpretando este tipo de personagem é saber que ele é o único que está a salvo. Uma das coisas que o atraiu ao personagem foi o fato de ser diferente de tudo que ele havia feito anteriormente, e que esta foi até uma das razões pelas quais ele foi escolhido para interpretá-lo. Por estar acostumado com personagens mais infantis, bondosos e meigos, os produtores achavam que ele seria capaz de conferir uma maior humanidade ao personagem, nos fazendo torcer por ele. Interpretar um assassino é divertido, segundo Freddie, e é um desafio que ele aceitou de bom grado por ter sido uma boa transição dos papeis que ele estava acostumado para um mais maduro.

Quanto ao receio de ficar marcado pelo papel, Freddie declarou que é curioso pois, ao mesmo tempo em que deseja que a série seja bem sucedida e dure um bom tempo, não é bom ficar marcado por um único papel ou tipo de personagem (em Hollywood eles chamam isso de typecasting, que se dá quando um ator é chamado para interpretar sempre o mesmo tipo de personagem por ter feito um muito marcante anteriormente, ficando com pouca variedade de oportunidades). Mas ele disse que acha muito improvável que isso aconteça com ele pela interpretação de um personagem tão complexo como Norman Bates, que tem tantas facetas diferentes para ele explorar como ator.

– Sobre a segunda temporada:

Nós até tentamos, mas Freddie manteve sigilo absoluto sobre o futuro da série. Segundo ele, como as gravações ainda não foram iniciadas, ele realmente não sabe o que o futuro reserva para estes personagens.

E, depois desta conversa muito interessante, o ator nos deixou para ir curtir a cidade marevilhosa.

Deixando a série um pouco de lado e falando do lado mais pessoal, Freddie foi extremamente simpático com a imprensa e, apesar de ser um ator de fama mundial amigo de estrelas do nível de Johnny Depp (com quem atuou nos filmes Em Busca da Terra do Nunca e A Fantástica Fábrica de Chocolate), deu a impressão de ser um rapaz de 21 anos bem normal e pé no chão. Para vocês terem noção, quando perguntado sobre projetos futuros, além de citar a gravação da segunda temporada da série que se iniciará no próximo mês, Freddie disse que retornará à Universidade de Cambridge para terminar seus estudos. Ele, que está terminando seu curso de línguas, é fluente em francês e espanhol, tendo se desculpado no início da entrevista por não saber falar português (mesmo assim, devido a fluência em espanhol, ele entendeu diversas perguntas feitas na nossa língua sem a necessidade do intérprete). Tenho certeza que, quem estava presente e já admirava o seu trabalho como ator, passou a admirá-lo ainda mais após o encontro.

Por isso, vale ressaltar para quem ainda não está totalmente convencido: dê uma chance a Bates Motel, uma ótima série com um elenco incrível. Anota aí: dia 4 de julho, às 22 horas no Universal Channel.

 


Maura

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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