Se tem uma palavra que pode definir “The Lilies”, o quinto episódio de Eyewitness, é confusão. E em todos os níveis. Por causa da bagunça interior que está vivendo desde que presenciou o assassinato, Lukas só mete os pés pelas mãos. Lembram que mencionei em um dos episódios anteriores que a culpa é o sentimento que coloca todo mundo na mesma página? Que não diferencia fortes e fracos, bons e maus? Que quando ela vem, vem pra destruir? Pois é. Lukas tenta, mas não consegue se desvencilhar da culpa que sente. E ela vem num crescente tão grande, que nem nos momentos em que ele mais se divertia, como quando está fazendo seus vídeos de motocross, esse sentimento o deixa em paz.
A culpa somada ao egocentrismo de Lukas só consegue guiá-lo na direção onde ele sabe que encontrará abrigo: Philip. Incapaz de resolver os próprios problemas sozinho, ele sempre arruma um jeito de pressionar Philip a ajudá-lo, invariavelmente jogando (mesmo que inconscientemente), com os sentimentos do rapaz. Não satisfeito em envolver o amigo em um caso de exposição sexual de adolescente na internet, ele agora quer que Philip consiga remédios para que ele tome e assim, consiga lidar com o que sente. Mais clichê que isso, impossível, né? Apesar de ser típico da idade, o comportamento de Lukas já está extrapolando os limites do aceitável. Só que dessa vez, mesmo pressionado, Philip consegue não ceder à chantagem. Confesso que tinha certeza que ele acabaria cedendo, mas (ainda bem!) ele acabou optando pela melhor saída.
E se tem outra personagem que não troca de roupa para entrar numa confusão e que também só se mete em furada, é Sita. Meu Deus!! Quando a gente pensa que ser queimada com ferro e incriminar a irmã (que gosta dela de verdade) foi o suficiente, lá vem crazy-Sita, querendo dar uma agitada na sua já nada pacata vida. Ela finge que tenta, mas não consegue sair fora definitivamente do clube de motoqueiros. Ameaçada por Angel, Sita vai mais uma vez, tentar pagar a dívida do marido com o grupo e para isso, coloca mais confusão na própria conta. A bola da vez é Mitha e aí tenho que dizer que senti pena dele. Sei que ele é um traficante insensível e mau, mas ainda assim, é difícil não criar empatia com o sofrimento dele pela morte da filha. Seu amor por Bella era talvez o único sentimento verdadeiro e bom que ele experimentou na vida. Ser privado disso de um jeito tão trágico, foi um golpe muito pesado, mesmo para alguém tão durão como ele. Achei também um pouco simples demais o final do personagem. Tudo bem que seu destino estava traçado, mas foi muito fácil para Sita executar sua missão. Resta saber se Kamilah, que presenciou tudo, vai ser capaz de dedurar a irmã.
E o que dizer da nova armação de Ryan? Me dá uma angústia gigantesca perceber que Kamilah, Helen e toda a torcida do Flamengo caem facilmente na lábia do serial killer. A xerife até então, mesmo com o feeling que já provou ter, ainda nem sonha que Ryan Kane possa ter qualquer envolvimento com os assassinatos. E olha que dessa vez ele pegou pesado demais: incriminar o próprio pai de estuprar a filha e depois assassiná-la foi realmente o que ele precisava para deixar Helen tão horrorizada, que ela seria talvez incapaz de duvidar. O que ele não contava era com o assassinato de Mitha, o que cá entre nós, acabou sendo ótimo pra ele, porque dessa forma, o traficante jamais apresentará nenhum álibi que possa fazer com que as investigações sobre o verdadeiro assassino sejam reabertas.
O final do episódio nos trouxe a certeza que Helen não vai parar por aí. Ela sabe que ainda faltam peças para se encaixar nesse quebra-cabeças e assim que se recuperar de todas as emoções, sei que ela continuará com seus brilhantes insights os crimes. Tenho que dizer aqui que essa personagem me conquistou definitivamente. Acho que a forma com que apresentaram seu empenho em se tornar mãe e também sua dificuldade em lidar com isso, humanizou o personagem de uma forma muito bonita. E olha que esse episódio não deixou a mãe de Philip, Anne, passar em branco. Ela podia facilmente ser a hippie gente boa, mas seu vício em drogas, atrapalha todo o potencial que ela tem para ser a mãe-mais-descolada-do-mundo. Ainda com todo esse background, ela consegue demonstrar a força do seu amor pelo filho, mas agora algo novo aconteceu com Philip. Ele não se sente mais tão sozinho e sabe que tem com quem contar.
Esse novo suporte atende pelo nome de Helen. É tocante como ela conseguiu conquistar o respeito e simpatia de Philip. Se com Gabe esses sentimentos fluíram de forma bastante natural, com ela, houve muita batalha, muitos acertos e erros, até o adolescente perceber que sim, ele também foi finalmente conquistado por aquela família tão bacana. Acho que foi esse sentimento novo, que deu a Philip a coragem necessária de revelar parte do que sabia. Mesmo parcial, a revelação acendeu na xerife, o alerta de que há muito mais a ser descoberto. A cena final de Lukas foi um pouco assustadora, mas duvido que eles vão eliminar um dos protagonistas de um jeito tão óbvio. Concordam?
Imagens: Divulgação USA Network
