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Feud: Bette and Joan – 1×03 Mommie Dearest

Por: em 27 de março de 2017

Feud: Bette and Joan – 1×03 Mommie Dearest

Por: em

Após o foco inicial apenas na briga, Feud: Bette and Joan se aprofunda um pouco mais na representação da personalidade das protagonistas e seus outros relacionamentos, além dos amorosos. Foi um bom momento para entendermos melhor sobre o passado de cada uma e refletirmos sobre o porquê de suas atitudes. Vamos rever o que aconteceu em Mommie Dearest.

Hummm, eu já li essa frase em algum lugar…

Já estamos nas últimas filmagens do filme e a tensão entre Bette e Joan, que só aumentava, parece esfriar um pouco após a interação de suas filhas. Ambas tem métodos de criação muito diferentes, mas não parecem causar conflito entre as estrelas. Mesmo com todo o controle que tem sobre elas, é possível notar que Joan ama suas filhas adotivas mais novas. A cena do restaurante serve não apenas para nos introduzir esse conceito, mas também como uma leve pontada em Christina Crawford, sua filha adotiva mais velha, e seu livro Mommie Dearest (Mamãezinha Querida). Será que Joan realmente sentia todo o ciúmes descrito pela filha ou tudo não passou de uma demonstração equivocada de afeto?

Eu fiquei muito feliz por Bette já ter cortado qualquer futuro envolvimento mais “íntimo” com Robert, pois ainda preciso que Harriet tenha algum tipo de felicidade. Também estava estranhando a demora em substituírem a atriz que interpretaria a vizinha, mas, após entender que o episódio se focaria no lado materno das atrizes, a decisão ficou mais óbvia. O que não entendi foi como B. D. retornou tão rapidamente após sair da casa da mãe. De acordo com Bette, não se passaram nem dois dias após a visita de Robert, será que era mesmo necessário surtar daquela maneira?

Outro momento muito bom é o encontro de Bette e Joan no bar para discutirem suas filhas, que nos dá oportunidade para conhecermos mais sobre seus históricos familiares. Me doeu muito descobrir sobre os abusos que Joan sofreu de seu padrasto quando criança, principalmente pela forma de seu discurso, meio distante, como se a dor que sofreu fosse, de alguma maneira, justificada. Provavelmente sua incapacidade de demonstrar afeto de uma maneira saudável vem desse ambiente familiar desajustado. Ao mesmo tempo, um histórico de violência não valida seu vil tratamento aos filhos mais velhos, por não se comportarem da exata maneira que ela deseja.

Eu te amo tanto, minha filha! E é tão bom saber que esse amor é recíproco e verdadeiro!

Sobre Bette, mais uma vez sinto que tentam suavizar seu relacionamento com B. D., mostrando que sua família sempre foi muito amorosa e que, portanto, seria impossível que ela tratasse a filha da maneira como ela descreverá em sua autobiografia. Para mim isso fica claro quando Bette percebe que a atuação da filha é péssima, mas faz de tudo para que ela não se sinta atacada ou menosprezada. Ao mesmo tempo, após uma primeira interação desastrosa com Victor Buono, a amizade que criam serve de contraponto para percebermos que, para Bette, o mais importante é que B. D. esteja protegida, e não sua possível atuação no filme. Foi um pequeno momento, mas que me causou leve incômodo, a maneira como ela simplesmente pede para que a filha apenas seja bonita frente à câmera enquanto trabalha as habilidades artísticas do novo amigo.

Falando em Victor, seu personagem é muito importante para lembrarmos que muitos atores da época precisavam esconder sua sexualidade de modo a continuarem relevantes na indústria. Não apenas isso, mas que o público gay tem uma participação muito grande na construção de mitos e sucessos no entretenimento. O reconhecimento de Bette sobre a representação de suas personagens por Drag Queens é uma homenagem e agradecimento à comunidade que mais apoia artistas femininas em um ambiente tão machista.

Ai, amiga, sua piadista! Você me mata de rir!

E então entendemos qual foi o real motivo pela explosão da disputa: a futura indicação ao Oscar de melhor atriz. Enquanto chega a ser um pouco ridículo discutir sobre algo que nem sabem se, de fato, acontecerá, não posso discordar que, naquela época, realmente não haveria espaço para muitas mulheres no cinema. A montagem com as travessuras durante as filmagens é bem divertida, mas é durante a última cena do filme que Joan leva a facada final. Enquanto faz de tudo para atrapalhar a desempenho da equipe de filmagens e diz a Hedda que a responsável seria Bette, ouvir de Robert que, não importa qual artimanha use para levar vantagens (inclusive recorrendo a métodos meio inortodoxos para parecer mais jovem), Bette sempre será uma atriz melhor do que ela.

Porém, imagino que ter seu pedido de adoção negado pelo fato de ser considerada muito velha deve ter sido mais doloroso do que qualquer coisa. A solidão de Joan está cada vez maior e, em grande parte, foi causada por ela mesma. Outro momento difícil é a ligação de Bette para sua filha portadora de necessidades especiais. Ambas estão em um momento de isolamento, impossibilitadas de se comunicarem com aqueles que amam. A única coisa que as mantêm sãs é a atuação. As lágrimas de Joan durante a refilmagem de sua cena de morte provam que, na verdade, não é apenas o filme que se encerra, mas uma parte de sua vida também.

Companheiras na solidão e na cachaça!

Foi mais um ótimo episódio, melhor que o anterior, ouso dizer, por nos mostrar mais sobre a personalidade de nossas heroínas. Já estamos chegando ao meio da série e, com o filme encerrado e o início das atividades de divulgação, me pergunto o que veremos na parte final. Estou ansioso.

Segue a trilha do episódio, que foi bem menor do que as anteriores:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:

  • A conversa de Bette e Victor, após sua prisão por atos libidinosos, serve para nos informar como o ator realmente vivia sua homossexualidade. Caso não tenham tempo de nos mostrar em episódios futuros, nós precisamos saber que, mesmo sem admitir ao grande público, ele jamais se privou de seus romances e, grande parte de sua vida, morou com seus parceiros. Muito arriscado e valente para a época.
  • Minha vontade foi de meter a mão na cara do Jack L. Warner após o comentário do filme ser de segunda categoria. Quer dizer, ele exige que Robert destrua o relacionamento entre Bette e Joan e, na realidade, nem acredita no potencial do filme?
  • Onde foram parar as entrevistas com Olivia de Havilland e Joan Blondell? Eu sei que não acrescentam muito à narrativa, mas, se chamaram atrizes de tamanha grandeza, que ao menos as utilizem.
  • B. D. parece querer agradar muito a mãe, que, mesmo de uma maneira torta, tenta lhe apoiar. Mas, sabendo o que ela fará no futuro, já me enche de raiva e vontade de avisar para Bette fugir das garras dela enquanto pode.
  • Peço desculpas pela demora em postar essa review. As últimas semanas têm sido bem atribuladas para mim, mas semana que vem já voltamos à programação normal de postagens!

O que você do terceiro episódio de Feud: Bette and Joan? Deixe suas opiniões nos comentários!


Paulo Halliwell

Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

São Paulo / SP

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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