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Feud: Bette and Joan – 1×08 You Mean All This Time We Could Have Been Friends? (Season Finale)

Por: em 2 de maio de 2017

Feud: Bette and Joan – 1×08 You Mean All This Time We Could Have Been Friends? (Season Finale)

Por: em

Foi difícil me recuperar após o finale de Feud: Bette and Joan. É incrível como uma história bem escrita e planejada pode surpreender e emocionar, mesmo quando já sabemos seu final. Esse episódio foi, em minha opinião, o melhor depois do piloto. Vamos rever o que aconteceu em You Mean All This Time We Could Have Been Friends?

Adorei que pensaram em uma maneira de concluir o arco de Pauline. Mesmo que essa personagem seja fictícia, eu investi tanto no seu crescimento que me sentiria traído caso ela não tivesse um desfecho. E ainda por cima a solução encontrada foi extremamente plausível. Já que não havia espaço para ela na indústria cinematográfica, então que ela seja uma maravilhosa diretora de documentários (se bem que creio que essa não seja uma opção na época, mas sim com base nos dias de hoje).

Nesse episódio, eles souberam balancear bem o aparecimento de Bette e Joan, mesmo com a clara impressão de que o desfecho de Joan é mais destacado, Bette teve ótimos momentos.

Temos salto de quase cinco anos e muitas coisas mudaram – para pior – na vida de Joan. Agora morando em um apartamento em Manhattan, tendo que fazer seu próprio jantar, esquentando refeições congeladas no micro-ondas. A carreira de Joan não poderia estar pior, e as filmagens de Trog são o último prego em uma carreira que já foi tão glamorosa. Eu gostei muito da cena da sessão de autógrafos do livro. Não importa o tamanho do sucesso, as pessoas nunca vão entender seus verdadeiros dramas. Eu concordo com a reação de Joan ao ouvir que Blanche e Baby Jane seriam “sobreviventes”. Chega a ser uma afronta se considerarmos o destino das personagens, além do presente estado das carreiras de suas atrizes.

Se para Joan, os problemas estão na perda de sua saúde e vitalidade, para Bette, sobram falta de papeis e dificuldades familiares. Esperava muito o confronto final com B.D., e só posso dizer que meu ódio pela menina não poderia ser maior. O modo como ela cortou relações com a mãe, sem nenhum tipo de discussão prévia e no meio de um restaurante foi muito baixo. Mesmo que ela tivesse razão em algum de seus argumentos (como o excesso de bebida e suas demonstrações brutas de afeto), a falta de disposição para o diálogo invalida tudo.

Enquanto Joan preferiu se fechar em seu apartamento para manter sua imagem de antigamente, Bette preferiu enfrentar todo projeto que aparecesse em sua frente, não importa quão duvidoso fosse. Como se não bastassem os pilotos cancelado e projetos sem qualidade, a falta de respeito de outras artistas (exemplificado pelas filmagens de The Disappearance of Aimee, com Faye Dunaway) faz com que Bette se lembre com leve nostalgia do profissionalismo de Joan. Se a tentativa de conversa foi real ou não, fica a cargo da imaginação do espectador.

Os momentos finais de Joan foram dolorosos de acompanhar, mas extremamente bem escrito e encenado. Finalmente consegui ver que atriz incrível é Jessica Lange tanto na cena com Cathy como durante a “reunião” com Hedda, Warner e Bette. Quando eles apareceram na sala, com aquela iluminação, eu já percebi que se tratava de um delírio, mas em nenhum momento diminuiu a grandeza do perdão de Joan para seus desafetos. Eu não consigo nem assistir à cena novamente para discorrer sobre, que já fico com a garganta embargada. Mesmo sendo ilusão, a reconciliação com Bette foi muito bonita, e só fica mesmo é a vontade de que tal conversa realmente houvesse acontecido. (Comprando agora um baralho para jogar Arrependimento com meus ex!)

E já que estamos na bad, vamos chafurdar nas emoções. A entrevista de Mamacita para o documentário é uma ótima crítica para como celebridades do passado são tratadas ainda hoje. Esquecidas em vida, mas homenageadas na morte. É esse tipo de hipocrisia que deixa muitas pessoas nervosas com textões de luto no Facebook. A frase de Bette ao tomar conhecimento da morte de Joan é forte e de dúbia interpretação. Pergunto-me se a intenção não foi de da uma ultima alfinetada na inimiga, mas uma maneira ríspida de demonstrar seus sentimentos.

Foi muito bom mostrarem que Bette não havia abandonado Margot. Os filhos sempre foram importantes para Bette, e apenas tirá-la da história seria errado em vários sentidos. Aqui tivemos dois pontos focais. Primeiro, notamos que Bette aceitou seu envelhecimento bem melhor do que Joan e talvez esse seja o fator para que ela continuasse a se emprenhar na carreira, mesmo com a falta de papeis de qualidade. O outro ponto são as cartas da mãe, em que vemos que os problemas de comunicação não são exclusividades de B.D.. Mesmo cercada de seus amigos e acolhida pela comunidade gay, Bette também se sentia sozinha, abandonada por aqueles que ela mais amava.

O In Memorium é a última crítica da indústria. Após tantos anos de dedicação, serão apenas dois segundos de reconhecimento, não importa o tamanho da estrela. É engraçado, pois, enquanto projetos como o documentário fictício – e a serie em si – tentam prestar uma última homenagem, fica a dúvida de se tratam mesmo de homenagens, ou uma última oportunidade de se aproveitar desses grandes nomes. Não sei se essa foi a intenção do Ryan Murphy (fazer essa última crítica), mas foi assim que entendi. E, para mim, o diretor do documentário é uma versão de Ryan, tento sua entrevista com Bette rapidamente representada na conversa durante o Oscars de 1978.

E encerramos a série com a dramatização de como teria sido a primeira conversa das duas quando começaram a gravar Baby Jane. Mais uma vez, fica a cargo do expectador interpretar se é uma dramatização ou ficção.

OBSERVAÇÃO HISTÓRICA:
O retorno de Mamacita é fictício, apenas para dar mais uma oportunidade de Jackie Hoffman brilhar. Na verdade, Mamacita abandona seu posto muito mais tarde na vida de Joan (bem próximo de sua morte), e a ida para a Rússia é definitiva.

Trilha sonora para o fim:

Feud: Bette and Joan não foi uma série perfeita, mas chegou bem próximo. Suas pequenas falhas não desabonam um material tão bom, tanto pelo seu valor de crítica quanto pela bela homenagem a essas duas grandes atrizes. O fato de mais da metade do elenco e equipe técnica serem compostos por mulheres trouxe um olhar fresco e verdadeiro para a questão do sexismo em Hollywood e espero que esse seja apenas um de vários exemplos que veremos no futuro.


O que você achou do finale da primeira temporada de Feud: Bette and Joan? Deixe suas opiniões nos comentários.

E deixo o In Memorium original do Oscars de 1978


Paulo Halliwell

Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

São Paulo / SP

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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