Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Frequency – 1×12 Harmonic / 1×13 Signal Loss (Season Finale)

Por: em 2 de fevereiro de 2017

Frequency – 1×12 Harmonic / 1×13 Signal Loss (Season Finale)

Por: em

Um episódio e temporada que deveriam vir acompanhados de um gigantesco pedido de desculpas. É assim que classificaria o provável “series finale” de Frequency, já que apesar de todas as apostas a favor, ainda não foi confirmado se a série de fato será cancelada, nos resta lidar com a possibilidade de que a própria CW vai enxergar seu erro de não cancelar isso logo. O capítulo final veio abarrotado de erros e situações completamente fora de contexto, para aqueles que esperavam uma espécie de redenção final para a série que cometeu inúmeras falhas ao longo de seus episódios, isso se consagrou como uma enorme decepção, quanto aos que já imaginavam o que os aguardava, conseguiu ser ainda pior.

Quando escrevi as Primeiras Impressões de Frequency e classifiquei a produção como 4 das 5 estrelas havia uma certa expectativa em cima da premissa da série. Após o sucesso de sagas sobrenaturais de vampiros e lobisomens, comédias, dramas de todos os tipos, chegou a vez do reinado das séries com viagens no tempo e Frequency veio acompanhada daquela expectativa que se tinha direito em se tratando de uma série da CW. Não me levem a mal, somos todos fãs de tudo que a casa de Arrow, Flash, Supergirl e Legends nos entrega, sempre dentro de suas limitações e orçamento, mas algumas coisas simplesmente se tornam inaceitáveis e o descaso da própria produção soa como um deboche à própria audiência que seguia esperançosa na trama. Por ser uma adaptação do filme Alta Frequência (2000), que embora eu ainda não tenha dedicado meu tempo à assistí-lo, era notável a excitação em cima da série que o levaria para as telinhas. A premissa das linhas do tempo correndo juntas e a ligação entre pai e filha através do tempo nos pareceu interessante, até tudo se perder.

Se no primeiro episódio conseguiram estabelecer bem a base de sua história, uma trama policial interessante com assassinos em série e policiais corruptos, tudo isso lidando com a presença subjetiva do elemento temporal nas relações familiares que deixava as coisas muito mais intrigantes na medida que as mudanças eram inesperadas, a série tinha em mãos um excelente conteúdo, que conseguiu estragar em seus 13 episódios. Os policiais corruptos se tornaram simplesmente uma história para preencher os vazios no roteiro e chegávamos a torcer que o próprio antagonista da série matasse todos e terminasse logo com a nossa agonia, visto tamanho o desleixo. Histórias promissoras e bons romances foram jogados como meros tapa-buracos nas lacunas que o roteiro vinha deixando, enquanto os episódios corriam e se negavam a nos dar pistas concretas sobre o caminho que a serie pretendia trilhar enrolando seus telespectadores.

Os protagonistas da série, Frank e Raimy Sullivan eram chatos, verdade seja dita, ninguém em sã consciência tinha a paciência necessária para engolir seco as estupidezes que pai e filha cometiam. Os estragos na linha do tempo eram de longe o menor dos problemas visto que Frank não conseguia se sair como um policial decente na hora de perseguir um criminoso ou sequestrá-lo e Raimy que estava longe de ser a personagem bem resolvida apresentada no episódio inicial. O próprio elemento sobrenatural foi utilizado de maneira que servisse apenas para apagar os erros dos personagens, desfazendo de qualquer subjetividade criada a cerca da temporalidade em si. Fazer um estrago na linha do tempo gera consequência inimagináveis, não é preciso ser nenhum expert no assunto ou leitor de artigos acadêmicos, apenas é preciso o mínimo bom senso para saber que alterações no passado não mexem só nos pontos que te desagradam na atualidade e o que parece é que a produção não soube utilizar esse elemento que tinha em mãos de maneira inteligente suficiente. Afinal, Frank sobreviver foi o que matou sua esposa Julie no passado, porém ao salvá-la e mantendo sua esposa viva por que ele não sobreviveria também no futuro? E alguém pode me explicar por que só Raimy consegue ter lembranças de suas linhas do tempo já que ela não seria, nem de longe, a única influenciada?

E ainda, série mostrou um potencial enorme em utilizar personagens e depois jogá-los para o completo esquecimento, foi o caso da vida amorosa de Raimy que vez ou outra ganhava destaque, isso quando era conveniente ao roteiro, se queriam levantar suspeita quanto algum personagens ou simplesmente ocupar o tempo em tela, todo seu romance com Daniel parecia simplesmente deslocado, como alguém tentando impedir o assassinato da própria mãe tinha cabeça para stalkear seu ex de outra linha do tempo, bem como seu affair com o policial que não tivemos nem tempo de apegarmos ao personagem ao ponto de saber seu nome, já que foi completamente mal utilizado. As relações em Frequency foram totalmente mal construídas e interpretadas, era simplesmente sofrível ver o quão desnecessário tudo aquilo parecia ser, embora todo mundo goste de um romance para aliviar a tensão presente no enredo, enfiar uma história de amor simplesmente parecia errado e desnecessário naquele momento e nunca vou entender a necessidade de ter um interesse amoroso para cada protagonista feminina.

A duração de 13 episódios e uma enrolação sem fim deixou para os dois últimos capítulos que a série resolvesse toda sua trama sem o menor fundamento, simplesmente deram respostas, porém deixaram para trás inúmeras pontas soltas ao longo do trajeto. Depois de todas as pistas indicarem que o Deacon Joe era de fato o Nightindale, nada justifica voltarem a traz com a decisão e tornarem o irmão de Meghan o notório assassino. Parece que a série quis dizer que no final das contas acompanhamos tudo atoa, já que o serial killer foi alguém que apareceu nos últimos momentos somente. O elemento temporal voltou a ser muito mal aproveitado uma vez que enquanto em 1996, Frank não conseguiu matar Joe, o que levou à uma sucessão de fatos (ele ser preso por roubar o cofre da Igreja, posteriormente tramar sua fuga e no final das contas se render pelos assassinatos) que simplesmente não fez sentido algum, toda a história ficou apressada e mal justificada.

Presenciar o assassinato da mãe é um evento muito além do traumatizante para qualquer um, mas tentar pintar uma imagem de “Norman Bates” em Robbie Womack ultrapassou as barreiras da pretensão e não fez sentido algum. Como em uma linha do tempo, o Deacon mata mãe e filho, mas em outra ele volta atrás de tal decisão? Existe muita história perdida pelo uso errôneo da temporalidade da série, que cometeu mais erros do que ajudou no final das contas. O jovem depois de presenciar a morte da mãe, passou a enxergar uma salvação no meio da morte e toda matança foi em nome disso, ainda assim, suas motivações eram fracas e a série não nos forneceu nenhuma base para que sua trama fosse crível.

O final e a conclusão apressada deixaram uma brecha para uma próxima temporada, com Robbie encarando a casa dos Sullivan, porém é improvável que essa venha acontecer. Os treze episódios de Frequency demonstraram uma queda absurda na qualidade e foram uma grande decepção para uma série que tinha em mãos um conteúdo tão promissor em uma mistura de viagem no tempo, gênero policial e relações familiares, e ainda com uma química boa entre seus atores. Porém o erro cometido foi no roteiro, que se perdeu no fim da meada nas suas inúmeras lacunas e já não sabia mais para onde correr, no final das contas, seu último episódio foi um grande: EU DESISTO.


Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

×