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Game of Thrones – 6×03 Oathbreaker

Por: em 10 de maio de 2016

Game of Thrones – 6×03 Oathbreaker

Por: em

Ironicamente, Oathbreaker acabou se mostrando um episódio que prometia muito, mas não cumpriu praticamente nada. Sim, a história andou – e muito! – mas a forma como os acontecimentos foram conduzidos foi absolutamente frustrante e muito inferior à dos dois episódios anteriores.

jon-snow

Começando por Jon Snow, que depois de ter acabado com o fandom de tristeza pela sua morte, de ansiedade pelo seu destino e de alegria pelo seu retorno, parece ter voltado mais frio que quando era um cadáver. Não resta a menor dúvida de que o bastardo de Ned Stark vai ter um papel importantíssimo na trama daqui pra frente, mas a ressurreição foi recebida de forma tão inexpressiva em Oathbreaker que por um momento eu me perguntei pra quê mesmo tinham trazido Snow de volta? O reencontro com os aliados não teve qualquer tipo de emoção (com Tormund fazendo a cota mercadores de pinto de anão da temporada), o castigo dos que o assassinaram, tampouco.

Quando falo de frieza, não me refiro ao personagem especificamente. Ele foi traído, morreu, voltou e é claro que as coisas são muito diferentes agora. Ele não deve mais nada à Patrulha, o que tinha que ser feito, foi feito, e ainda assim não foi o suficiente para evitar a rejeição dos seus irmãos da Muralha. Não restava mesmo outro caminho que não fosse virar a página e ir atrás das suas próprias batalhas, agora que a morte o libertou do seu juramento. Ele não esteve ao lado de Ned ou de Robb quando eles precisaram, mas nada mais o impede de tentar proteger o que restou de Winterfell e dos Starks. O problema foi mesmo a condução meio relaxada e preguiçosa das cenas… talvez se Sam ainda estivesse lá, as coisas seriam diferentes.

O mesmo pode ser dito sobre os acontecimentos em Meereen, por exemplo. Passamos toda a quinta temporada vendo Daenerys e seus aliados enfrentando um inimigo sem rosto, implacável e com um discurso duvidoso sobre respeito às tradições antigas. Finalmente foi revelado quem estava por trás dos Filhos da Harpia, e que o movimento é muito mais uma retaliação pela conquista das outras cidades históricas do Leste que uma resistência aos novos costumes. Que bom que superamos isso, e que bom que vimos Varys fazendo arte com a sua teia novamente, é sempre um prazer. Mas, mais uma vez, as cenas não tiveram qualquer tipo de impacto e foram tão esquecíveis quanto a chegada de Dany ao lar das viúvas. Se a intenção era fazer com que temêssemos pela garota Targaryen, não funcionou.

cersei

Em Kingslanding, Cersei ainda precisa encarar as consequências da sua aliança com os Pardais. O reino está nas mãos da Fé, a rainha está presa e ela própria foi exposta por causa das más decisões que tomou enquanto ainda tinha algum poder. Agora tudo o que ela tem é o Montanha para fazer o serviço braçal, mas ela, melhor do que ninguém, sabe que não é com serviço braçal que se governa absolutamente nada (Power is power, né, more?) . Seu capital político escorreu pelos dedos, seu prestígio foi perdido definitivamente e agora os Tyrell são o mais próximo de uma articulação política na capital. Tommen até ensaiou uma reação para garantir os direitos da mãe ou a liberdade da esposa, mas é um menino muito ingênuo e caiu fácil, fácil na lábia de um pobre velho religioso. Existe um nó político ali que dificilmente será desfeito ainda este ano. A capital está atada e vai perdendo força enquanto grandes articulações acontecem no Norte.

Mas antes de embarcar para Winterfell, faremos uma pequena parada em Braavos. Sinceramente, acredito que poderiam ter deixado Arya de fora dos primeiros episódios e mostrado as ações da personagem condensadas apenas aqui. Talvez por questões contratuais ou talvez por querer dar a mesma sensação de espera e paciência que ela teve que desenvolver ao telespectador, acompanhamos três semanas de A Garota apanhando e sendo tentada a largar seu treinamento. Ao mesmo tempo em que ela desenvolveu as habilidades físicas, aprendendo a lutar mesmo sem a visão, entendeu como esperar, como resistir, como abrir mão dos desejos mais urgentes em troca de algo maior. Quando é obrigada a falar sobre seu passado, Arya revisa fatos e sentimentos que acabaram passando em branco em meio a todo o caos. Ela admite que já não odiava Sandor, percebe que não tem mais uma família, não tem para onde voltar e que, dessa forma, sua vingança pessoal acaba se tornando sem sentido também. A lista que tinha é praticamente vazia agora, já que aqueles nomes ou estavam mortos ou não interessavam mais. Diante dessa realidade, não há nada mais para Arya Stark, então ela está pronta para se tornar Ninguém. Só não considero isso um passo definitivo. Arya terá muitos nomes, muitos rostos, muitos deveres, mas não vai deixar de ser quem ela é para sempre. A Agulha está enterrada, e uma parte dela também.

E então temos Ramsay, que vai conquistando o Norte contando com brutalidade e sorte. Quando perdemos Ned, havia uma esperança: O Norte se lembra. Perdemos Robb e repetimos: O Norte se lembra. Mas agora os Starks estão mortos ou fugidos, Winterfell é governada por um psicopata que é capaz de matar o próprio pai e dar o irmão recém-nascido de comida pra os cachorros, então vale mesmo a pena manter lealdade a uma ideia que já está praticamente extinta e que pode custar a vida de quem persistir nela? Foi chocante ver uma casa sabidamente leal aos Starks entregar Rickon daquela forma, mas dadas as circunstâncias, não é nenhum absurdo. Eddard era conhecido por ser um dos homens mais honrados de Westeros, mas deixou a lealdade jurada ao rei de lado para apoiar a rebelião do “Usurpador” quando a sua família foi diretamente ferida e ameaçada por ele. Neste momento, quem se opõe a Ramsay no Norte tem um alvo nas costas, então entre a honra e o instinto de sobrevivência, é meio óbvio quem vence.

rickon

Algumas pessoas ainda se recusam a acreditar que a promessa de lealdade foi de fato quebrada. Que entregar Rickon e Osha talvez seja uma cortina de fumaça, uma armadilha para Bolton, mas às vezes as coisas são o que elas parecem ser mesmo. Analisando o histórico da série e o contexto atual, é pouco provável que alguma reviravolta saia dali. Rickon está com os dias contados, mas em vez de solução, esse provavelmente será o catalisador de um problema bem grande para Ramsay, que vai precisar lidar com Jon Snow e seu exército de Selvagens para pegar de volta o que ele roubou.

Agora, traição maior que a dos Umber, só a da HBO com a gente. Desde que anunciaram os flashbacks na sexta temporada, nos preparamos para ver os acontecimentos na Torre da Alegria que Bran testemunhou. Mas diria que foi uma das maiores decepções de Game of Thrones, por dois motivos. O primeiro foi a direção da cena. Parecia que estávamos assistindo às bastardas de Oberyn na versão masculina. É inadmissível que uma série que apresentou cenas incríveis como o ataque dos filhos da Harpia aos Imaculados e Sor Barristan, o combate da Víbora Vermelha e da Montanha, o mano a mano de Briennão e o Cão, entre tantas outras, entregue algo tão meia boca para retratar um dos momentos mais icônicos daquela história.

O outro motivo foi o corte forçado na cena que todo mundo estava esperando. Em Game of Thrones as coisas acontecem devagar, é verdade, mas elas levam o tempo que precisam levar para acontecer. A quinta temporada foi criticada por ter um início lento, mas a verdade é que seria impossível ter uma reta final tão ágil se eles não tivessem posicionado bem as peças antes. O que aconteceu dessa vez não foi “posicionar as peças” para fazer algo bom em seguida. Foi um recurso barato e cara de pau de cortar a ação com uma desculpa tosca, simplesmente para prender a audiência. Só faltou o João Kleber entrar na frente do Bran no lugar do corvo gritando “PARA PARA PARA! O que será que tem na torre? É um segredo bom-bás-ti-co. É assombroso! É inacreditável! Mas você só vai descobrir no próximo bloco. Agora volta pra árvore”.

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Algumas observações:

– Menos um lobo.

– Como pode Bran e Rickon crescerem tanto enquanto o bebê da Gilly continua daquele tamanho?

– O nome do episódio me fez imediatamente lembrar de quando Brienne batizou a espada de Oathkeeper, então senti calafrios ao imaginar que a loira poderia estar em perigo. Pra nossa sorte, ela nem apareceu.

– Daenerys tirando a roupa e não mostrando nada. Só porque se juntou com as viúvas, virou bela, recatada e do lar?

– Tyrion tentando jogar “Eu nunca” com o eunuco. Tenho 13 anos e ri.

– Além da review, confira também o nosso especial sobre as principais teorias da série.

É frustrante encarar que um episódio tão rico quanto Oathbreaker, com tantos elementos importantes em cena, tenha se perdido por causa de um roteiro equivocado e uma direção preguiçosa. Mas é o que tem pra hoje. Discorda de mim e achou que eles acertaram na forma como abordaram os temas? Concorda? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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