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Game of Thrones – 7×03 The Queen’s Justice

Por: em 31 de julho de 2017

Game of Thrones – 7×03 The Queen’s Justice

Por: em

The Queen’s Justice até podia indicar no seu título que Cersei faria algum grande movimento no perigoso jogo de xadrez que se estabeleceu nessa temporada, mas o que todo mundo estava mesmo esperando pra ver com ansiedade era outra coisa: O tão aguardado encontro entre Jon Snow e Daenerys Targaryen. A união (ao menos geograficamente falando) do fogo com o gelo.

Reprodução/HBO

Se alguém esperava abraços ou alianças forjadas, deve ter se decepcionado. Isso aqui é Game of Thrones e as primeiras palavras trocadas entre os dois pólos da série não podiam ser diferentes: Ironias, acusações, pedidos de perdão, algum entendimento aqui e ali, mas muito, muito desencontro de ideias. Tão óbvio quanto o fato de que Dany iria querer que Jon se ajoelhasse perante ela, era a recusa do Rei do Norte. Como Jon tão bem colocou em palavras, ele foi julgado, “condenado”, lutou bravamente e deu a sua vida em troca daquilo que acreditava. E, pior de tudo: Viu com seus próprios olhos o que o Rei da Noite é capaz de fazer, então sabe muito bem que essa guerra pelo Trono de Ferro, no fim das contas, de nada vai adiantar se, no fim, quem restar tiver que reinar em um cemitério.

A intervenção de Davos no momento dos dois foi oportuna pra reforçar que, ali, não existem lados certos ou errados. Cada um teve sua cota de sofrimento na vida, cada um passou por coisas diferentes. Para Dany, que enfrentou tanto e nunca esteve tão perto do seu objetivo, toda a história de caminhantes brancos e um Rei morto-vivo poderoso certamente soa como uma tentativa de Jon de desviar seu foco e se recusar a prestar lealdade. Para ele, que enfrentou os olhares de desprezo e medo/julgamento de seu próprio povo para ir até esse encontro, essa é uma de suas últimas cartadas contra o inverno que chega. Foi bom ver que no fim, Tyrion (já falaremos disso) conseguiu ser o contraponto de ambos os lados e fez com que a balança se equilibrasse e, se uma aliança ainda não surgiu efetivamente, pelo menos a animosidade inicial parece dissipada e ainda tem muita coisa interessante pra vir aí.

A pequena cena de Melisandre nesse episódio pende pro lado mitológico e nos dá muito o que pensar. Semana passada, ela disse que Dany teria um grande papel em toda a história, mas que não o desempenharia sozinha. Sua externação de que “cumpriu sua missão” ao unir gelo e fogo é a prova por A + B que o encontro dos dois era algo destinado a acontecer e que provavelmente a sobrevivência de Westeros na guerra contra os White Walkers depende disso – e isso é algo fácil de se comprar, quer a gente acredite no deus vermelho que a sacerdotisa segue ou não. Com Jon ficando em Pedra do Dragão por um tempo agora que irá forjar as armas de vidro de dragão, um encontro entre os dois não deve demorar a acontecer – e seus assuntos não-resolvidos com certeza serão problema.

Reprodução/HBO

E que bom ver que, mesmo depois de todo esse tempo, Tyrion e Jon não perderam o respeito que nutrem um pelo outro. Foram pouquíssimas as cenas em que dois contracenaram diretamente, mas aqui e ali um acabava ouvindo notícias ou comentando sobre o outro e sempre o tom usado era respeitoso e digno, mesmo com toda a rivalidade existente entre as casas, o que dá pra entender um pouco isso quando a gente percebe que os dois sempre foram forasteiros dentro de suas próprias famílias. Ver o Lannister preocupado com o Rei do Norte (“Se eu fosse sua Mão, lhe diria para não vir”) e agindo como uma balança foi bacana não só por resgatar essa relação banaca deles, mas também por conferir novamente ao próprio Tyrion um papel novamente significativo na série. 

Como Dany disse sabiamente na season finale passada, Tyrion não precisa de espada, porque são dos conselhos dele que ela precisa. O anão possui uma visão política e estratégica de Westeros melhor que quase todos na série (talvez só Mindinho e Varys o superem) e foi uma delícia observar ele convencendo Dany a ceder a Jon seu vidro de dragão, mostrando que ela não tinha nada a perder e tudo a ganhar se a história dos White Walkers for mesmo verdadeira. Nós já ouvimos ele falando algumas vezes sobre crenças e pra mim, ficou claro que ele acredita em Jon, mas alguma coisa em sua mente diz para agir com cautela, que foi o que ele fez brilhantemente, começando a construir a ponte entre a Mãe dos Dragões e o Rei do Norte. E muita coisa boa pode sair daí.

Reprodução/HBO

Do lado de lá, Cersei segue descontrolada. A aliança com Euron se mostra algo cada vez mais próxima de estar 100% concretizada e ela sabe que precisa disso se quiser vencer Daenerys e os demais inimigo que estão vindo atrás dela. A começar por suas dívidas. A conversa com o administrador do Banco de Ferro sobre apostas e vitórias foi excelente para mostrar o quanto a Rainha tem absoluta certeza de que vai vencer essa guerra. Por mais que esteja completamente minada em apoio político, enquanto Dany vem com força, não existe na cabeça dela um cenário onde ela perca e eu apostaria que é exatamente aí que estará sua ruína.

Por enquanto, ela segue vencendo. A cena com Ellaria é uma das melhores da temporada até aqui. Com um texto carregado e até mesmo bonito se a gente olhar pelo lado de que, lá no fundo, Cersei demonstrou admirar um pouco da força que Ellaria tem, a Rainha fez justiça com os próprios lábios. Envenenar a filha da Serpente de Areia para que ela a veja definhar em sua frente, sem poder fazer nada, é mesmo um destino muito pior do que o que Oberyn teve e somente alguém com a crueldade e o sangue frio que a Lannister vem apresentando seria capaz de pensar em algo tão sórdido. Logisticamente falando, a perda das Serpentes e de Dorne é mais um ponto que Cersei marca na batalha contra Dany e já enfraquece a Mãe dos Dragões, assim como a perda de Olenna.

Quando Rains of Castemere começou a tocar, o coração já ficou menor, porque era óbvio que alguém iria pro saco. O último diálogo da Rainha dos Espinhos com Jaime foi excelente e se algo conforta nisso tudo, é que a última remanescente da Casa Tyrell saiu por cima. Nem na hora do morte, perdeu seu orgulho e nada menos era esperado dela.

E ter conseguido tomar Rochedo Casterly, à essa altura do campeonato, não significa muita coisa. Nas atuais circunstâncias, supondo que por um milagre Verme Cinzento e os Imaculados consigam mantê-lo, ele vai servir apenas como uma base para Dany. O que tem de efetivamente positivo é que os Lannister perderam uma parte dos seus homens, mas é bem óbvio que a maior parte está em Porto Real e, se Cersei e Jaime realmente quiserem reaver o Rochedo, provavelmente será por capricho do que por estratégia política. De qualquer forma, foi bem interessante ver o ataque sendo promovido enquanto Tyrion explicava a melhor forma de entrar na cidade e tomá-la. Uma bela de uma ironia que um Lannister usado antes para reforçar as defesas tenha sido agora o responsável por derrubar uma fortaleza construída por Tywin, no seu auge.

Reprodução/HBO

Em Winterfell, tivemos um ótimo vislumbre de como Sansa está sendo uma boa governante, preocupada com o inverno que chega e as provisões para todos. Mas o mais interessante mesmo é ver o ar de independência que a personagem ganhou, tanto nos diálogos com Mindinho (que não a intimida mais), quanto no emocionante reencontro com Bran. Com a série caminhando para seu final, era óbvio que essas reuniões seriam cada vez mais recorrentes, mas elas seguem emocionantes. Na última vez que Sansa e Bran se viram, eram apenas duas crianças assustadas, cada uma tentando sobreviver à sua forma. Hoje, ela é Rainha do Norte e ele é o Corvo de Três Olhos. A conversa sincera dos dois a beira do lago emula um sentimento de nostalgia e uma saudade daqueles tempos do começo, onde tudo era tão mais simples… E por mais que eles não tenham se entendido nesse primeiro momento, é certo que logo tudo isso vai passar e quando Arya chegar, os 3 estarão mais unidos do que nunca, para mostrar a quem ainda duvidava de que o Norte realmente se lembra.

Outras observações:

— D&D, vocês devem tá me zoando que a cura para a escamagris era realmente só isso… Mas enfim, Sor Jorah agora deve ir novamente atrás de Daenerys.

— A pior coisa pra mim do diálogo de Jaime e Olenna foi ver como no fundo, ele ainda acredita nela depois de tudo.

— Euron provocando Jaime: Moço, se cuide…

— Quantos memes já devem ter surgido com o “Melhor trabalhar, Jon Snow”?

— Quanta coisa aconteceu nesse episódio, ein? Essa redução do número de episódios na temporada deu ritmo. O texto ficou enorme.

— Ver Dany querendo uma aliança com o Jon já deixa de cara o quanto ela o respeita. Vai vir coisa boa daí.

— Falar de Oberyn foi pesado. A ferida ainda está aberta, sem necessidade de jogar sal.

— Maravilhosa a cena de Jon e Dany finalmente se entendendo e ela contando do nome dos dragões.

De modo geral, foi um ótimo episódio. Cheio de acontecimentos, mas que mostrou que a trama segue a passos largos e não há mais tempo pra descansar. Essa semana, a Laís não pode escrever a resenha, então corri pra dar uma mãozinha, mas não se preocupem que semana que vem ela tá de volta! E você, o que achou do episódio? Comenta aí! 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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