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Game of Thrones – 7×05 Eastwatch

Por: em 14 de agosto de 2017

Game of Thrones – 7×05 Eastwatch

Por: em

Fazendo uma analogia com o cotidiano do trabalhador brasileiro, Eastwatch foi como aquele momento em que o metrô chega na estação terminal no horário do rush e abre as portas. Correria, violência, gente entrando pela janela e se amontoando sem muito respeito pelas leis da física pra tentar se acomodar e seguir viagem.

Divulgação HBO

Vamos por partes para tentar assimilar tudo que aconteceu neste episódio, que provavelmente teve mais revelações, reencontros e reviravoltas que a primeira temporada inteira. Daenerys parece um pouco frustrada com o fato de Jon não se ajoelhar para ela, então fez questão de compensar isso com o que restou do exército Lannister/Tarly. A “escolha” de se ajoelhar ou morrer queimado com fogo de dragão não combina em nada com o discurso de Missandei no episódio anterior sobre ela ser uma rainha escolhida por seus seguidores. E Tyrion e Varys já começaram a questionar esses métodos.

Jaime se saiu muito melhor do que parecia na última cena de The Spoils of War. Não só sobreviveu ao afogamento, como saiu completamente ileso e livre para voltar para os braços de Cersei. Ele viu o que Daenerys pode fazer com seus Dothrakis e dragões, e sabe que, pelos meios tradicionais, aquela é uma guerra perdida. Mas Cersei não é apegada aos meios tradicionais, e agora que tem tudo o que quer – o trono, um filho de Jaime para dar continuidade à sua linhagem, dinheiro e poder – ela não vai simplesmente ajoelhar e entregar tudo a uma menina.

O reencontro de Jaime e Tyrion foi feito às pressas, em um diálogo que precisou transmitir em poucos minutos toda a mágoa, os casos não resolvidos, as traições e a cumplicidade que ainda existe entre os dois irmãos. O texto não ajudou, o tempo, menos ainda. O que poderia ser uma cena memorável depois de tantos anos, acabou atropelada e servindo apenas como degrau para dar continuidade à trama e talvez complicar as coisas para o lado de Bronn.

Reprodução HBO

Gendry foi outro que passou anos sumido e voltou ligado no 220 tentando tirar o atraso de tudo que não fez nas últimas três temporadas. É claro que Sor Davos, o novo piadista do reino, não poderia perder a chance de dizer que achava que ele estava remando até agora. Faz sentido, sim, que Gendry prefira lutar ao lado de Jon Snow que fazer armas para o exército de Cersei. Faz sentido, sim, que ele tenha simpatia por Jon pelo que os “pais” deles fizeram juntos no passado, e pela relação que eles tinham. Mas as coisas têm um tempo para acontecer, e este tempo não costuma ser de menos de cinco minutos.

Petyr já percebeu que a reunião dos Starks em Winterfell não é bom sinal para os seus planos. Se Sansa já estava se tornando difícil de controlar, a chegada de uma Stark mais habilidosa que Brienne acendeu um sinal vermelho para ele. Resgatar o pedido de Sansa para que Robb reconhecesse Joffrey como o rei legítimo (que ela escreveu obrigada, diga-se), é mais uma das suas estratégias para tentar provocar uma cisão entre as irmãs. Elas têm visões muito diferentes de como lidar com seus inimigos, de como governar, do que é lealdade e o que é traição. Resta saber se vão cair nos jogos psicológicos de Mindinho ou se vão deixar as desavenças de lado para continuarem sobrevivendo.

A conversa de Jon, Davos e Missandei no episódio passado relembrando o que é ser um bastardo em Westeros não foi encheção de linguiça. Foi uma peça lançada para se encaixar em outra, que veio esta semana, com Gilly descobrindo que o príncipe Rhaegar Targaryen anulou seu primeiro casamento e casou novamente em Dorne. Oras, se já sabemos que Lyanna Stark é mãe de Jon, e que ela obviamente é a mulher que se casou com Rhaegar, isso faz com que Jon seja o herdeiro legítimo dos Sete Reinos. Ele não só tem sangue de dragão – o que explica a instantânea simpatia de Drogon – como é de fato fruto de um casamento legal. É claro que Sam ignorando essa informação foi como ver uma bola batendo na trave, mas no meio de tanta coisa acontecendo, a gente até aceita deixar isso pra depois.

Divulgação HBO

Mas se tem uma coisa que eu não consigo entender, é de onde Tyrion conseguiu tirar um plano tão ruim? Buscar um White Walker para provar para Cersei que a ameaça é real? Enviar meia dúzia de gatos pingados para o Norte da Muralha para enfrentar um exército de mortos e tentar coletar uma “amostra”? Sinceramente, o que é pior nisso tudo? A ideia em si? As pessoas terem achado que ela funcionaria e ido até lá? Ou eles acreditarem que Cersei vai ligar 1% pra isso, mesmo que veja um zumbi pessoalmente?

Não dá para imaginar nenhum cenário em que isso tenha alguma chance de dar certo, mas a gente já sabe que vai dar. Mesmo que a série sacrifique alguns personagens nessa missão suicida (até porque o número de mortes de personagens relevantes ainda está baixo nesta temporada), a gente sabe que Jon Snow não vai morrer ali, assim como sabia que o Jaime não iria se afogar no episódio passado. Algum malabarismo muito forte eles vão ter que fazer para tornar essa sequência minimamente crível para a audiência, então se preparem porque alguma coisa importante vem aí.

Algumas observações:

– O coitado do Sor Jorah voltou só pra ver mais uma vez a Daenerys flertando com outro. Era melhor ter virado pedra.

– Gendry é muito filho do Robert mesmo, né? Só sendo muito Baratheon (ou do Bonde do Tigrão) pra martelar um martelão daquele jeito.

– Eu sou a primeira a criticar a atuação da Emilia, mas preciso comentar que as caras que ela fez vendo o Jon interagindo com seu dragão foram sensacionais.

– Aliás, Drogon foi atingido pela lança do Qyburn, mas já está 100% nem aí, voando e cuspindo fogo de boas. Até os Filhos da Harpia fizeram um estrago maior.

– Sam agora é o último Tarly para dar continuidade à família.

– Tyrion foi e voltou de King’s Landing, Jon voltou para o Norte, tudo isso depois de outros trezentos deslocamentos longos que aconteceram em dois minutos nesta temporada, mas o exército do Rei da Noite ainda está dando a volta na Muralha. Cadê aqueles mortos velozes e furiosos que a gente viu em Hardhome, gente?

Curtiu o episódio? Acha que o plano suicida de Tyrion vai acabar funcionando? Qual foi o seu reencontro favorito? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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