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Gilmore Girls: A Year in the Life – Winter

Por: em 25 de novembro de 2016

Gilmore Girls: A Year in the Life – Winter

Por: em

Antes de começar essa review, tenho uma confissão a fazer: eu não sei bem o que esperava desse retorno das garotas Gilmore. Chorar? Sim. Rir? Com certeza. Mas não sei bem como isso deveria acontecer; e a incerteza era tanta que, desde que o revival foi confirmado, eu cheguei a ter pesadelos de que a coisa toda era bem ruim. Se foi um bom primeiro episódio? Talvez seja muito cedo pra chegar a um veredicto, mas duas coisas são certas: eu ri e chorei. Então estou muito feliz por ter acordado cinco horas da manhã (olá, Nordeste!) pra ver as minhas meninas falando na velocidade da luz novamente.

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Dito isso, vamos aos avisos óbvios:

1º, esse texto contém todos os spoilers do primeiro episódio (e somente deste). Então se você não conferiu Winter ainda, pare por aqui e volte mais tarde.

2º, eu sou muito fã de Gilmore Girls há aproximadamente 13 anos. É a série da minha vida e, justamente por ser tão apaixonada, pode me faltar objetividade nesse texto. Mas o que me falta nesse quesito, me sobra em referências: já vi e revi as sete temporadas clássicas (não é maravilhoso podermos falar assim agora?) várias vezes e Lorelai é minha rockstar. Mesmo ela sendo uma das pessoas mais egoístas da face da terra.

Pronto, agora sim começamos. Falando mal de Lorelai. Porque sou tão atrevida quanto Paris.

Emily (e Richard)

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Emily e Lorelai são personagens fantásticas. Envolventes, cativantes e, sobretudo, falíveis. E é isso que as torna tão especiais: podemos nos identificar com os seus acertos, mas também com seus erros. E o momento mais marcante de Winter, sem a menor sombra de dúvidas, foi a discussão entre Lorelai e sua mãe na cozinha da mansão dos Gilmore. Tudo que a viúva de Richard disse sobre a filha é absolutamente verdade. E não é ao mesmo tempo.

Lorelai só faz o que quer, do jeito que quer, sem se importar com o que os outros sentem? Às vezes. Mas, convenhamos, quão insensível foi sua anedota sobre o pai entre os amigos do casal? Ok, pai e filha podiam não ter o melhor histórico, mas eles tiveram bons momentos na série. A última participação de Richard por exemplo, no 7×22 (Bon Voyage), quando ele diz à filha que só uma pessoa extraordinária poderia inspirar tudo aquilo (no caso, a festa de despedida para Rory). Ou na formatura da neta, quando Richard pediu que a filha apenas aproveitasse o momento tão esperado pelas duas.

Mas quem conhece (e ama) a Lor, sabe: o humor é a sua forma de lidar com tudo – inclusive com o que acontece de ruim na sua vida. Então nada mais natural do que aquele seu momento tragicômico falando sobre ter sido esquecida pelo seu pai, ou ter sido pega transando. Lorelai é isso. Pro bem e pro mal. Então é ela que está errada ou Emily  por esperar algo diferente?

Que não vai ser fácil pra Emily Gilmore viver sem o seu Richard, a gente já sabia. Mas, mesmo assim, nada me preparou para não vê-lo em cena, ao seu lado, completando seus diálogos, ficando ao lado da esposa em absolutamente tudo. Durante a produção do revival, tanto os atores quanto Amy Sherman Palladino falaram sobre a forte presença de Richard no roteiro (e isso fica ainda mais claro no segundo episódio),  e é muito bom perceber que o patriarca dos Gilmore vai muito além de uma pintura enorme na sala de estar.

Foram 50 anos de casamento. Alguém consegue imaginar o que é viver tanto tempo ao lado de outra pessoa? Emily não lembra de quem ela era sem Richard e isso fica claro pela revolução que ela faz na sua casa. Mas, se tem alguém que consegue superar qualquer obstáculo (por mais intransponível que pareça), esse alguém é Emily Gilmore.

Luke e Lorelai

Que me desculpem as pessoas que torceram pelo Chistopher, mas nunca houve discussão sobre o futuro amoroso de Lorelai e isso sempre ficou muito claro na série. Era óbvio que Lorelai e Luke estariam juntos e até mesmo o material promocional do revival não fez questão de esconder isso. A única dúvida que tínhamos é: eles estariam casados?

Não, Luke e Lorelai não se casaram e de certa forma isso não quer dizer absolutamente nada. Casais tem relacionamentos longos e duradouros sem nunca terem assinado nenhum papel, mas quem lembra de uma Lorelai bêbada no casamento de Lane (6×20, Super Cool Party People) sabe que esse sempre foi um desejo seu. O infame e abominável casamento com o pai de sua filha (7×08, French Twist) é outra prova cabal dessa sua vontade. Então por isso, e somente por isso, torço pra que ela e Luke se casem em Fall, último episódio dos quatro liberados hoje.

Mas o que importa por ora é que os dois estão juntos e bem. Será? A trama da barriga de aluguel pode ter sido um pouco boba, mas mostra que Lorelai ouviu a mãe e está disposta a sair da sua zona de conforto com Luke.

Os moradores de Stars Hallow

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Ao saber do revival, apesar da empolgação em ter todos aqueles personagens de volta, eu também tive muito medo. Acho a série original irretocável (mesmo com uns 10 episódios bem ruinzinhos na sétima temporada) e amo o final. Sim, mesmo considerando a sétima temporada fora de ritmo, eu acho a reta final da série fantástica e, confesso, não mudaria (quase) nada no último episódio. Bon Voyage pode não ser perfeito, mas é um final lindo para uma série cuja produção foi encerrada sem um cancelamento oficial. Lauren Graham sempre conta que ficou sabendo do fim de Gilmore Girls durante um almoço, pelo telefone, semanas depois das últimas gravações.

Mas se Lorelai e Rory tiveram destinos bastante satisfatórios na sétima temporada, o mesmo não pode ser dito sobre outros personagens. Entre eles, a maior injustiça foi feita com Lane: casada, mãe de gêmeos, com a carreira em vigésimo plano e achando que sexo era a pior coisa do mundo. Não poderiam ter caprichado mais com a filha da Mrs.Kim. E se tenho esperanças de que o revival mude isso, ainda não foi dessa vez. Mas pelo menos podemos ver a Hep Alien junta novamente e fomos premiados com uma versão de “I’m the man” com a melhor banda de Stars Hollow.

E, dentre todos os personagens que podemos matar as saudades em Winter, o que dizer de Kirk? Seu Ööö-ber já é de longe o melhor emprego da história do personagem mais louco de Stars Hollow! E pelo menos um mistério do revival já foi desvendado: como ele foi parar na mesa de jantar dos Gilmore!

Rory

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De tudo que vemos nesse primeiro episódio, a única coisa que me soou estranha foi Rory – e absolutamente tudo ao seu redor. Mas, antes de falar da Rory, vou precisar falar de Alexis Bledel. Não acho que ela esteja no tom certo da personagem. Ok, as pessoas mudam muito aos vinte e poucos anos e isso pode justificar uma Rory tão diferente, mas sinto falta de alguma coisa ali e só os próximos episódios dirão se é uma questão de construção da história ou não.

E mais alguém achou bastante esquisito o seu “acerto” com Logan? Ter um relacionamento casual? Ok, eles tentaram isso uma vez (e Rory acabou no chão do banheiro, chorando). Mas me parece mais um caso de Rory negando quem ela é pra estar com o herdeiro da família Huntzberger. Desde que o conheceu, lá na quinta temporada, Rory segue indo contra sua índole para estar com ele ou impressioná-lo. Ou alguém vê mesmo algum outro motivo para ela decidir roubar um barco (5×21, Blame Booze and Melville)? Então porque agora seria diferente?

Sim, a essa altura já ficou claro que sou #TeamJess mas, sobretudo, sou #TeamRory sempre. E não acredito, nem por um segundo, que Rory Gilmore esteja feliz com aquele arranjo dos dois. Então, por falta de opção, sou obrigada a ficar do lado de Peter Paul. E confesso que, mesmo ele sendo chato, estou com pena do coitado. Mas, quando Rory dispensá-lo, que ele permaneça por Stars Hollow, porque seria uma ótima adição a esse elenco cheio de personagens loucos!

Outra ótima adição ao elenco? Alex Kingston e sua  Naomi Shropshire. Admiro o trabalho da atriz desde os tempos de ER e vê-la tão diferente (depois de anos como River Song, em Doctor Who) foi uma boa surpresa. Ainda não ficou claro se o trabalho de Rory ao seu lado tem futuro, mas torço para vê-la em mais momentos. Aliás, nada ficou muito claro sobre o presente profissional de Rory. Sabemos que ela publicou algumas matérias em jornais importantes como o New Yorker, mas é basicamente isso. Claro, estamos “superorgulhosos” como o Luke, mas também queremos saber quais serão os próximos passos da mais nova garota do clã Gilmore. Algum palpite?


No mais, é impossível não destacar:

  • Digger! Quem diria que o veríamos no revival?
  • Paris, dona do mundo, rica, poderosa e bem sucedida. Vou torcer pro seu término com Doyle ter volta.
  • O flashback do funeral quebrou meu coração em mil pedacinhos, mas foi construído de uma forma linda – e jamais vista em GG.
  • Michel está de volta em toda sua glória rabugenta e… casado! Há quem aposte que o personagem sempre foi gay mas que naquela época não era tão simples abraçar esse lado do personagem. Mas os tempos mudaram, ainda bem!
  • Quem também morreu de saudade do Trovador da cidade e dos “la la la”s?
  • A homenagem a Edward Herrmann está no revival todo, mas deu um aperto no coração ver seu nome no final.

A verdade é que eu poderia falar sobre esse episódio por anos e, ao escrever essa review, não me resta mais dúvida: eu amei o retorno das garotas Gilmore e espero que a experiência tenha sido igualmente satisfatória pra você.

A segunda review de Gilmore Girls:  A Year in the Life  já saiu (de autoria do meu amigo, e igualmente apaixonado por GG, Alexandre Cavalcante). E temos um encontro marcado aqui, amanhã, pras duas reviews finais. Combinado?

E, por favor, sem spoilers nos comentários, hein? Vamos respeitar o tempo (e a experiência) de cada um. Stars Hollow agradece.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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