Todo mundo mente. Você não? Parabéns! Acabou de fazê-lo.
Grandes, pequenas, necessárias, desnecessárias, leves, diplomáticas, não importa o tipo, uma hora ela fará parte do seu discurso e você terá que aprender a conviver com isso. O problema talvez seja o momento social em que vivemos, afinal, estamos na era dos juízes das redes sociais. Onde um clique tende a definir você “pra sempre”, ou até o próximo juízo coletivo aceitável de valores daquela semana, ou mês. E o que isso tem a ver com o episódio desta semana de Grey’s Anatomy? Vem comigo que eu te explico.
Depois do indigesto Guess Who’s Coming to Dinner, o Sloan & Grey Memorial Hospital retoma suas atividades trazendo as consequências do fatídico jantar. O primeiro dia de Penélope Blake como interna explora as emoções não aparentes nos discursos e é isso o que nos aproxima ainda mais do drama vivido pelos médicos de Seattle. Dizer que este foi um episódio voltado apenas na construção da relação entre Meredith e a nova interna seria o mesmo que se apressar em definir um quadro apenas considerando sua moldura, e assim como levantei no começo do texto, é preciso que sejamos menos críticos ou estaríamos deixando de ver as importantes partes que compõem o todo.
Falar sobre determinado assunto não faz com que ele deixe de existir, ou pior, de uma forma ou de outra ele retorna para o contexto em busca de conclusão. Assim, The Me Nobody Knows chega num rimo menos tenso que os anteriores, porém não menos importante já que pontua o que esperar das relações de Grey’s Anatomy, e mais, introduz a chegada de Nathan Riggs que no próximo episódio deve passar a compor o corpo clínico do hospital. Deixando clara a existência da rivalidade entre Riggs e Hunt – aparentemente antigos parceiros no front de batalha – garantindo o surgimento de um ótimo plot pra esta temporada. Mais que isso, a chegada de Riggs serviu de ponte para a aproximação de April e Jackson. O que deve ter agradado os fãs do casal. Mas como eu disse, o episódio se propôs a fazer algo mais generalista ao não focar única e exclusivamente em um arco. Usando de um caso central – aparentemente leve – para trazer à tona questões extremamente válidas e que definem pontos abertos em Grey’s, como por exemplo, quem havia sido o real responsável pela contratação de Penny.
O vazamento acidental de uma sex-tape serviu para nortear a ideia central do episódio de que não devemos definir alguém em consequência de uma atitude tomada, e isso vale para todas as relações apresentadas até ali. A reflexão atrelada ora às pequenas mentiras – retomando o plot envolvendo Richard e a paternidade de Maggie, ora ao trazer a humanidade de Meredith para o primeiro plano – assumindo que ela não foi capaz de separar o que a figura de Blake representa, deixando claro que o próprio Derek não aprovaria as atitudes de Grey. O episódio serve como o princípio da “redenção” de Blake, ao afirmar que ela, assim como os outros cirurgiões, está suscetível a erros e isso não deve defini-la para o resto da vida. Pelo contrário, é a partir de momentos como este que devemos reavaliar de que forma seguiremos em frente…e nessa espécie de prefácio à ode ao perdão, o que se viu foi o quanto a constante necessidade de aprovação dos grupos ou relação social, representa em si dois extremos. E se viver representa algo cíclico, perdoar talvez exija um esforço muito maior que o pleno reconhecimento dos próprios erros. Cabendo à mentira o papel de ajudar a tornar – mesmo que de forma temporária – suportável os passos mais difíceis e que precisam ser dados sozinhos. Encarar a vida nua e crua nunca será algo fácil, muito menos indolor. Por isso talvez seja tão importante o como caminhar.
Aos que, assim como eu, são apaixonados pela série vale lembrar que Grey’s Anatomy está concorrendo ao People’s Choice Awards 2016! E aí, já registrou seu voto? Aproveita e depois diz pra gente o que acharam da chegada de Penny ao hospital, ou o que esperar de Riggs na trama.
