Depois de uma temporada inteira empenhada em demonstrar a força de Meredith e a reinvenção da mulher além do luto, ainda estranho vê-la com atitudes tão próximas a de uma Meredith do começo da série, quando “viver por Derek” era parte do seu objetivo final. Não que Riggs um dia venha alçar ao status que um dia fora de McDreamy. A estranheza na verdade tem muito mais a ver com um certo conceito social que me impede em um primeiro momento de enxergar Grey como ela realmente é, uma pessoa que assim como qualquer outra tende a agir de forma parcial quando o assunto é a própria vida ou as pessoas pelas quais ela se importa.
Ter vivido tudo o que ela viveu não a isenta de ter as mesmas atitudes banais, típicas de quando nos interessamos por alguém, por exemplo. Sério! Não importa com quanto anos você esteja, quase sempre, se sentir atraído por alguém traz de volta aquela insegurança, e o anseio por se manter de alguma forma presente no radar do tal “crush”. E é isso o que enxergo quando a vejo se relacionando com Nathan. Ainda que minha opinião não seja unânime, lidar com uma Grey que não sabe ao certo como lidar com o amor platônico de Pierce e sua real atração por Riggs me deixa um pouco confuso quanto em que acreditar. Por isso, não me surpreende que muitos dos fãs tenham desaprovado o comportamento de Meredith já no episódio de estreia, semana passada.
E se pensarmos ainda que toda estreia carrega com ela o peso da expectativa, talvez seja justamente este um dos motivos que fizeram com que muitos dos fãs da série tenham se dividido desde a apresentação de Undo na última semana. O sopro da novidade com a chegada da décima terceira temporada de Grey’s Anatomy se contrapõe à forma como o roteiro irá desenvolver os dramas do novo ano da série. Mais uma vez o peso de estar faz tantos anos no ar é usado como um dos determinantes – pelo menos na visão dos fãs – na hora de traçar um paralelo sobre as exoectativas para a série durante esta fall.
O fato é que, quase sempre, a apresentação do episódio de número dois tem como função principal dar continuidade ao que fora construído em seu antecessor. Sem grandes plots twists ou dramas Catastrophe and the Cure pode ter sido, para os que gostaram de Undo, uma boa experiência ao optar por diminuir um pouco o ritmo do drama e dosar em momentos mais leves. Mostrando um pouco mais de outros personagens que não tinham aparecido até então, como é o caso de Amélia e Hunt. Já àqueles que não estavam nada satisfeitos com o rumo que a série pretende tomar para este ano, assistir ao episódio pode ter se tornado um grande martírio no universo das expectativas não correspondidas.
Como era de se esperar, as consequências da agressão de Karev dividiu a equipe. Mais que uma tentativa de reconstruir a imagem de Alex, o episódio ambienta o espectador para a nova realidade do Grey & Sloan Memorial Hospital. Trazendo em alguns momentos um pouco do passado de Alex e de tudo o que já aconteceu com o personagem desde o começo da série. Ver as coisas sob o ponto de vista de Karev, personagem que está desde o início de Grey’s e que carrega consigo um grande carinho do público, não foi mero acaso. Muito pelo contrário. Surge ali um meio de demonstrar não só como a equipe se posicionou, ou como tudo isso tem afetado a vida do médico, mas de levantar questões importantes como o abuso de poder que pode acontecer diante da hierarquia no local de trabalho, mesmo que este não seja necessariamente o caso de Alex, é válido posicionar também outros pontos de vista. Trazendo pela primeira vez DeLucca e talvez uma das posturas mais críveis à tudo o que vem acontecendo no hospital. O mesmo, porém, não posso dizer a respeito do sofrimento e conflitos de Jo.
Entendo sim a importância de falarmos o tema da agressão doméstica, assim como a de qualquer tipo de agressão. Karev ser um ótimo médico e excelente no trato com crianças, não tira dele o fato de ser tempestuoso e carregar uma agressividade latente – externada em Andrew -, até mesmo não o distanciaria tanto assim do marido abusivo de Jo. O problema aqui é que todos esses diálogos vazios entre Wilson e Karev me incomodam muito mais do que criam interesse em saber como as coisas irão se resolver. Culpar à atriz seria injusto. Na verdade, ao ver muito do episódio focado em personagens como Amélia, Hunt, April e Jackson, percebi que parte do problema está em terem passado tempo demais infantilizando por algumas vezes estes personagens, o que gerou uma certa preguiça minha em tentar de fato me importar com o que aconteceria com eles – e Wilson é outro bom exemplo. Isto de certo explica porque em meio a tantas coisas acontecendo com Alex, eu na verdade me interesse tão mais em saber como e quando teremos um pouco mais de Meredith Grey em Grey’s Anatomy.
Talvez eu esteja em uma semana ruim. É pode ser isso. O bom, espero, é que as coisas ainda estão começando no novo ano da série e muitas podem ser as surpresas. Mas e você, o que achou do episódio da semana de Grey’s Anatomy? Não deixe de comentar aqui embaixo, ok? Nos vemos semana que vem.
