Uma season finale que fez nada mais que representar a inconstância já apresentada na temporada. Guilt encerrou seu primeiro capítulo da história da maneira mais porca possível, faltou coerência, sentido, sem falar na forma corrida que tentaram encerrar os fatos. A verdade é que, a série apresentou ao longo de seus 10 episódios uma sequência de altos e baixos, e justo quando os pontos altos deveriam sobressair, esses passaram longe de dar sinal.

No final das contas não foi nem Theo ou muito menos Grace, que mataram a coitada da Molly. A jogada, que ficou claramente desesperada, tentou tirar a culpa das costas dos principais suspeitos apontados, afinal, como vamos manter mais uma temporada com a protagonista atrás das grades? Talvez a produção devesse dar uma checada em Suits para descobrir. E como culpariam o príncipe, viciado em sexo e pelo poder, um cara de família real. Então para fechar, o assassino da jovem não foi nenhum nem outro, o que mais me parecia era um jogo de batata quente, que jogavam na mão de cada um a culpa e por último queimou nas mãos de Luc Paschal, quem não tinha nada a ver com a história.

Agora eu te pergunto, cadê o sentido? O cara passou a temporada inteira se definhando pela namorada, o que ficou bem parecido com um relacionamento bem dependente, por tê-la entregado durante o interrogatório e assim, simplesmente assim, ele era culpado. Em primeiro lugar, o Courteney não agencia apenas prostitutas, já que a outra mulher que ele supostamente teria matado era sua cliente (não me ocupei de saber seu nome), então por que isso nunca foi nem falado e sempre foi referido como um clube para homens, e, depois, como essa pessoa foi acabar enterrada na propriedade da família real, até agora não engoli essa facilidade de saírem cavando em terreno do príncipe. Por que nunca Luc deu uma palinha sobre o assunto, até mesmo quando pressionavam ele em um interrogatório. Eu entendo que talvez fosse para criar a tensão até a season finale, mas é como se tivessem jogado um balde de água fria na história que tentaram tanto criar, e com certo esforço sejamos sinceros, ao longo da série. Guilt no final das contas simplesmente destruiu os dois únicos plots minimamente promissores com uma tacada só, tudo para dar um sentido e necessidade para o personagem que nem papel secundário era capaz de sustentar.

A história por trás de tudo se resume na frase de novela mexicana das mais caricatas: “se você não fica comigo, não fica com mais ninguém”. O affair que Roz e Molly levou a dj induzir (ameaçar, melhor dizendo) Luc matar a menina, que por sua vez só queria proteger a inocente Grace da verdade que era um assassino. Outra vez te pergunto, onde estavam os indícios desse caso das garotas ou só guardaram no bolso pelo elemento surpresa? O elemento surpresa é legal, é excelente, eu sou uma leitora assídua de Sherlock Holmes e Agatha Christie, então acreditem quando digo que adoro uma boa surpresa, desde que ela faça sentido. Roz amava perdidamente Molly, a ponto de dar um jeito de matar a garota por não suportar vê-la com outro, mas mesmo assim caiu nos braços da meiga Kayley sem nenhum tempo para luto, isso que eu chamo de superar, e assistiu a amiga passar pelo julgamento e quase ir para o xilindró e não sentiu o mínimo remorso disso tudo.

E já que o plot principal estava estragado, os produtores decidiram estragar tudo de uma vez. Stan Guterrie, responsável por segurar a série com maestria como personagem secundário, foi resumido ao plot de reencontro com a filha abandonada. Não que eu esteja desmerecendo a história, não me levem a mal, tudo isso de abandonar um filho e depois retornar para ele é um assunto bem delicado, porém me pergunto se estamos falando de assassinos e sociopatas ou casos de família?  Não era hora, muito menos o lugar para trazer o assunto. Detetive Bruno protagonizou a clássica cena de confundir entre “fiz o meu trabalho, ou melhor, o trabalho que costumava fazer”, tudo para deixar nossos corações um pouquinho emocionados e logo depois sair um tomar um drink com o inimigo de consolação com Gwen, não produção, a gente quer ver ele e Natalie soltando faíscas pela tela do computador. Para encerrar essa a sequência incrível de estragos ainda temos Patrick, que parece que nasceu para levar a pior na vida, e agora pode até mesmo ser ligado ao tiro no princípe Theo, uma história promissora, mas não vamos nos animar demais, se, e apenas se, a série for renovada, sabemos bem como ela pode estragar qualquer coisa decente que entreguem para o irmão Ryan.

Por último e não menos importante, a série terminou com um cliffhanger só para causar aquele apelo se não for renovada, não se enganem porque nem The Secret Circle voltou (e não superei isso). Grace foi do céu ao inferno, depois voltou para o céu, foi para o inferno de novo e justo quando estava no céu novamente, jogaram a menina para o fogo outra vez. Quero saber quem teve a brilhante ideia de inocentar a garota, numa história que fizeram muito esforço para estragar as outras, e depois, colocar nas mãos dela um assassinato, e a história toda se repete. Isso tudo foi para não deixar de lado os indícios dela ser uma sociopata? Foi para causar um “auê”? Um apelo para renovar? Qualquer que fosse a razão, ficou feio, ficou muito feio essa jogada inconsequente e porca, para não dizer mais e pior, a série errou em graus elevados.

Guilt encerrou sua primeira temporada da pior maneira possível, haviam arcos interessantes e possibilidades promissoras para a história que queriam contar. Ao invés disso pegaram um atalho que beirava a tolice e resolveram concluir sua proposta com algo que não tinha nada a ver desde o início e optaram por contar algo completamente novo e às pressas, sem tempo para uma explicação decente para quem tanto esperava descobrir quem era o assassino de Molly Ryan. A reta final que seguia crescente, despencou de qualidade e coerência no que contavam e se consagrou como uma grande decepção da summer season, sem falar em um desrespeito com quem conseguiu acompanhar a produção até aqui.