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Heroes: Reborn – 1×09 Sundae, Bloody Sundae

Por: em 14 de novembro de 2015

Heroes: Reborn – 1×09 Sundae, Bloody Sundae

Por: em

“Time was designed to move in one direction ever forward, allowing our lives a series of choices, threaded one after another. These choices define who we are, whether it is to protect the family we cherish, the truth we know and the memories we hold on to, the past that we cannot leave behind, or the search for the answers to our own private mysteries. But meddle with the laws of time, twist it, bend it, and even the smallest of butterflies can alter history itself, turn friend into foe, causing the most unexpected of consequences and the greatest tidal wave of change.”

Reconhecimento. Você provavelmente deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o nono episódio de Heroes: Reborn, mas eu já explico. Foi esse simples conceito que me fez passar metade da minha aula de Crítica da Mídia pensando sobre a série e, mais especificamente, sobre os dois últimos episódios. As audiências procuram por reconhecimento, por obras que possuam elementos que estabeleçam sentindo e diálogo, por já terem sido vistos em outro lugar. Clichês funcionam, isso é um fato, mas não estou falando necessariamente deles.  Estamos acostumados a determinadas lógicas ficcionais – o mocinho que conseguirá se safar de qualquer empecilho, os personagens que se odeiam e se envolverão romanticamente, a jornada do herói, entre outras – e subvertê-las é sempre um risco, podendo resultar em um estrondoso sucesso, ou em amargo fracasso.

A questão é que trabalhar com lógicas narrativas que o público conhece e reconhece (seja por outras obras ficcionais ou por sua própria vida) é sempre mais seguro. Não estou falando de histórias exatamente iguais, mas, por mais original que seja uma trama, eventualmente algum de seus elementos terá vindo de outras histórias e sido restaurado ou revisitado. Isso não é um problema. Ainda assim, com a crise pela audiência que a TV enfrenta hoje essa questão se intensifica. A ousadia perde espaço e é mais seguro trabalhar com o que já fez sucesso no passado, é mais seguro restaurar o que o telespectador conhece. Essa onda assustadora de séries retornado é um claro exemplo disso. Assim, voltamos para Heroes: Reborn, que surge dentro dessa lógica e parece funcionar verdadeiramente apenas nos raros momentos em que o público é capaz de reconhecer elementos da série que a originou.

Digo tudo isso, porque passei a me questionar se meus problemas com a trama se davam por essa razão, principalmente quando se considera que o único episódio de que realmente gostei foi aquele em que reconheci muito do que vimos no passado. Quando se pensa em Heroes: Reborn é impossível não pensar em Heroes, mas, ainda que um se derive do outro, os dois seriados têm diferenças e essas diferenças incomodam. Não termos tido tempo para conhecer os personagens e seus dramas individuais incomoda e torna complicado se afeiçoar a eles; a ausência de um vilão carismático e que cause o terror incomoda, assim como a falta de um toque de humor, inocência, mais ação e dramas que não soem forçados. A falta dos personagens que aprendemos a amar, ou de alguém que consiga assumir corretamente seus postos, é de longe o que mais incomoda.

Sendo assim, assistir a um episódio que segue uma fórmula que se assemelha bastante a da série original e nos mostra vários rostos conhecidos foi maravilhoso e fez June 13th (Part. 1) o melhor “capítulo” da temporada. A segunda parte conseguiu se manter aceitável e todo o texto apresentado até agora talvez sirva como justificativa para meu descontentamento com Sundae, Bloody Sundae. Não foi um episódio completamente ruim. Pareceu durar bem mais que 40 minutos, é verdade, e ele em si não foi responsável por um grande desenvolvimento da história, mas serviu justamente para unir plots e abrir caminho para o que está por vir. Ainda assim, conseguiu dar espaço para várias tramas e personagens e teve cenas bem interessantes. Destaco as lembranças de guerra de Carlos no momento em que sua mente estava sendo controlada, e a primeira vez que Tommy/Nathan usa seus poderes para congelar o tempo.

No entanto, foi nesse episódio que entendi como o principal problema está realmente no desenvolvimento superficial dos personagens. Heroes costumava ser uma série sobre pessoas. Nos sensibilizávamos com aqueles indivíduos e suas histórias aparentemente tão comuns e que iam se tornando extraordinárias. Conseguíamos entende-los, amá-los, odiá-los e nos identificarmos com alguns deles. Em Heroes: Reborn isso se torna impossível, porque os personagens são rascunhos mal feitos. Como se reconhecer e identificar com adolescentes que quase não têm tempo em cena sendo adolescentes? Com um homem tentando salvar o que restou de sua família quando não sabemos praticamente nada dessa família e das supostas relações complicadas da mesma? Com uma mãe que perdeu o filho, mas passa 90% de suas cenas matando figurantes? Falta realismo, verdade, personalidade e carisma nos personagens e isso é sempre problemático. Quando o público se enxerga em uma história passa a se importar mais com ela, as barreiras com a ficção se rompem e aquilo deixa de ser apenas uma série/livro/filme.

Nesse ponto, volto a esse nono episódio e aproveito para me desculpar por um equívoco cometido na review passada. Como alguns leitores me alertaram nos comentários, a “traição” de Quentin, na verdade, é um efeito borboleta e, confesso, que gosto mais dessa versão, apesar de não conseguir levar o personagem a sério de forma alguma. Ele é atrapalhado demais para agente duplo e suas cenas em Sundae, Bloody Sundae apenas despertaram minha vontade de rir. Outro ponto que me surpreendeu foi o retorno de Matt. Na semana passada comentei que seu retorno havia sido inútil, mas não foi bem assim. É bem verdade, que no momento em que o controle mental da instalação para qual Carlos foi levado ficou evidente, se tornou claro que o Diretor seria o ex-policial, mas isso não chega a ser um problema. O importante é que Matt está de volta, trabalhando para a Renautas e mais insuportável do que nunca.

Falando em fatores importantes, o que realmente tiramos do episódio é que  Malina e Noah se encontraram, Carlos está sendo mantido prisioneiro no mesmo lugar que Taylor e os Hero Truther pretendem invadir para resgatar Micah, Tommy/Nathan foi capturado por Erica e Miko despertou em um futuro extremamente distante. No que tudo isso irá resultar? Só esperando a próxima semana para descobrir.

E o que vocês acharam do episódio?


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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