Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Heroes: Reborn – 1×13 Project Reborn (Series Finale)

Por: em 23 de janeiro de 2016

Heroes: Reborn – 1×13 Project Reborn (Series Finale)

Por: em

“You people want them to be extraordinary. But they’re not. They couldn’t be more ordinary. The only thing extraordinary is that they got a chance to be heroes.”

Rir ou chorar? Creio que esse impasse não atormente apenas a mim, mas a qualquer pessoa que tenha se mantido firme e assistido aos 13 episódios de Heroes: Reborn. Heróis somos nós que resistimos a esse martírio e certamente ganhamos uma vaga no céu, ou algum tempo a menos no purgatório. Brincadeiras à parte, o desfecho da série realmente me deixa dividida entre o alívio e a decepção. É triste ver Heroes errar tão feio novamente, é triste ver o potencial desperdiçado e tudo o que poderia ter sido, mas não foi. Talvez para algumas pessoas seja indiferente. Muitos certamente vão simplesmente deletar tudo o que viram e não posso culpá-los. No entanto, a série dos heróis é diferente para mim. Mencionei nas Primeiras Impressões e reenterro agora que Heroes foi o meu primeiro amor, a responsável por em transformar em Apaixonada por Séries, algo que sempre vai ser especial para mim. Sendo assim, não posso simplesmente ignorar e fico realmente frustrada pela oportunidade desperdiçada.

De toda forma, Project Reborn acabou seguindo o esperado. Após uma temporada mal feita, não era possível acreditar verdadeiramente em desfecho decente. A correria e as resoluções ridiculamente simples incomodam, assim como a falta de utilidade de metade do elenco. Na verdade, desde a semana passada se tornou óbvio que os personagens de Heroes: Reborn eram estritamente funcionais. No momento em que Farah levou um tiro ficou claro que a existência inteira da mulher se devia a levar aquele tiro. Todo o arco da personagem se resumia àquilo. Da mesma forma que Micah estava ali apenas para transmitir a mensagem que precisava chegar até Tommy. De um modo geral, cada personagem era uma peça de um jogo de xadrez que precisava estar em um determinado ponto do tabuleiro no momento certo. Isso não seria um problema, se não fosse apenas para cumprir sua pequena função que eles estivessem ali.

Heroes Reborn

A história que realmente importava era a de Tommy (Nathan) e Malina, de longe os melhores personagens da série. Ou pelo menos, os únicos que conseguiam despertar alguma empatia. Os gêmeos foram bem sucedidos em cumprir sua missão e evitar o que seria o fim do mundo, mas para isso outras pessoas tiveram que se sacrificar. Começamos com Luke, um dos personagens que me deixam mais triste se tratando da série. Primeiro, porque Zachary Levi é um ator bom e carismático, que tem um lugar no meu coração desde os primeiros episódios de Chuck. No entanto, realmente não sei explicar o que aconteceu aqui, já que apatia foi tudo que ele transmitiu.

Segundo, porque, na teoria, Luke tinha tudo para ser um bom personagem. Um dos grandes problemas da série foi ignorar que vivemos um momento em que a ficção é dominada por personagens cinzas. Essa dualidade atrai e gera identificação, estamos na era dos anti-heróis e não há como negar. Heroes: Reborn, contudo, nos apresentou um leque de personagens lineares que se dividiam em mocinhos e vilões. O bem e o mal era facilmente identificável. Mais uma vez temos a metáfora do xadrez em que cada um está de um lado do tabuleiro. Luke, contudo, subvertia essa ordem. Era a tentativa de anti-herói da série, um personagem trágico e em busca de redenção. O pai que perdeu o filho. O caçador de Evos que se descobre um deles. O homem tentando salvar o mundo que mata a própria esposa. Aquele que se sacrifica pelo bem de todos. A jornada é interessante, porém mal conduzida e o fato de não ser possível se importar com o personagem é o maior erro de todos. Luke se sacrificou e Malina foi a única que se importou com isso. Eu simplesmente continuei a assistir ao episódio e em menos de cinco minutos sequer me lembrava que Luke Collins passou por ali.

Heroes Reborn

O outro sacrifício veio por parte de Noah Bennet. Com esse nós deveríamos nos importar. Não era um personagem qualquer, alguém que surgiu do nada. Noah era um dos símbolos de Heroes. O homem dos óculos de aro. O homem da companhia. O homem que sempre tinha um plano. O desfecho do personagem é digno. Para que Tommy e Malina conseguissem unir seus poderes era necessário que alguém assumisse o papel de condutor, função que mataria quem tentasse exercê-la. Noah entra no meio de tudo isso de forma completamente aleatória – quando você nem lembrava mais que o personagem existia – e até mesmo forçada, mas vou relevar, porque se sacrificar pelos netos é algo que faz sentido dentro da lógica do personagem. Certamente seria algo que ele faria pela Claire, então, nada mais justo que fizesse pelos filhos da moça.

Ainda seguindo as tragédias do episódio, tivemos a morte de Phoebe, assassinada pelo próprio irmão. Quentin e Phoebe foram os personagens fofos que conhecemos em Dark Matters e nos deram esperança para a série que iria se iniciar, no entanto, ao longo dos episódios menina se tornou um insuportável e caricato projeto de vilã e o rapaz perdeu sua simpatia e se tornou um peso morto. Deveríamos nos importar com esse desfecho quase bíblico em que temos um Caim e Abel contemporâneo? Talvez, não esperava que Quentin fosse realmente matar a irmã, contudo, mais uma vez, simplesmente continuei assistindo sem expressar qualquer emoção. Se a intenção era chocar, não funcionou muito bem.

Heroes Reborn

Dito tudo isso, é necessário comentar que Project Reborn foi um episódio corrido e repleto de elementos confusos e mal explicados. Toda aquela história de Tommy poder estar em dois lugares ao mesmo tempo foi forçada e uma saída fácil de um roteiro preguiçoso. Também continuo sem entender a razão do garoto não ter absorvido os poderes da irmã e qual era o problema na fusão dos Super Gêmeos. Será que faltou gritar “Super Gêmeos Ativar”?

Deixando as brincadeiras de lado, as últimas cenas do finale foram dignas de novela da Globo, com todo mundo vivendo feliz para sempre. Ainda assim, gostei da fala de Quentin destacada no início da review. A série de 2006 era sobre pessoas comuns descobrindo que podiam fazer coisas extraordinárias. Heroes: Reborn se encerra falando de pessoas extraordinárias que só desejavam ser comuns. Se essa premissa simples tivesse sido explorada de forma decente, a série poderia ter sido muito melhor. No entanto,  como Heroes é Heroes, tivemos um desfecho em aberto que, embora pequeno, me deixou bastante irritada, principalmente por ter conseguido despertar minha curiosidade. Não queria uma nova temporada, mas a ideia de descobrir quem é o pai dos gêmeos realmente me interessou.

De toda forma, até onde se sabe, aqui jaz Heroes e espero que deixem a série descansar em paz. 

Observações:

— Não comentei na semana passada, porque achei que ainda veríamos algo do personagem, mas Matt Parkman teve o desfecho mais tosco da existência;

— Erica foi outra que teve um final meia boca. Uma pena, porque a personagem era mais uma que poderia ter sido melhor explorada. Já Taylor sequer deu as caras.

— Queria ter visto Malina vestida de líder de torcida nos momentos finais;

— Alguém mais quer procurar o Ratinho para descobrirmos quem é o pai dos Super Gêmeos?

— Apesar dos pesares foi muito bom comentar Heroes:Reborn semanalmente. Dividir a decepção é sempre melhor que suportá-la sozinha. E você? O que achou da série?



Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

×