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Homeland – 6×01 Fair Game

Por: em 15 de janeiro de 2017

Homeland – 6×01 Fair Game

Por: em

Homeland chega à sua sexta temporada tentando mais uma vez se reinventar, ao mesmo tempo em que volta – geograficamente falando – às origens, com a ação passada em solo americano. Fair Game foi a premiére mais fraca da história da série, que dá claros sinais de desgaste, mesmo ainda contando com seu elenco talentoso, direção afiada e um roteiro cada vez menos maniqueísta.

Até então, o presidente dos Estados Unidos em Homeland era Obama, assim como no “mundo real”.  Havia a sua presença nas primeiras aberturas e, embora pouco fosse citado, a série deixava este fato subentendido. Uma grande mudança neste sexto ano é a presença de uma presidente fictícia, que vai ser peça ativa – e central – na trama. Ela não é uma alegoria sobre Hillary ou Trump, embora tenha um posicionamento com pontos que remetem a ambos, é uma personagem criada para desenvolver o que a série pretende neste novo arco.

Se antes a CIA lidava com problemas muito mais relacionados à política externa, ao que tudo indica, eles vão precisar lidar com uma crise institucional que vem de dentro – ou de cima, mais precisamente. A transição de poder não será tranquila, já que a nova presidente tem sérias ressalvas sobre a atuação da agência e já deixou claras as intenções de mudar drasticamente a forma de lidar com os conflitos em áreas sensíveis. O posicionamento foi mal recebido, e de cara uma questão é lançada para o público: A CIA deve servir aos interesses americanos, mas quem define a forma de fazer isso? A presidente legitimamente eleita (mas que mentiu na campanha), ou um grupo de homens que não quer perder privilégios ou mudar a forma de agir?

A relação de Saul e Adal é algo que eu nunca vou conseguir entender. Toda temporada rola uma rasteira diferente para logo em seguida aparecerem como amigos outra vez. Desta vez, Saul acredita que é possível estabelecer um diálogo com a presidente e até mesmo considerar uma nova visão sobre o papel da Agência e seus métodos. Dar Adal, por sua vez, prefere manter tudo funcionando da mesma forma, mesmo que tenha que conspirar contra a sua superior para isso. Uma guerra dentro da inteligência americana, em um momento sensível, com o Estado Islâmico à espreita, expandindo e recrutando cada vez mais. Será que é uma narrativa que funciona?

E é então que chegamos a Carrie. E é muito estranho passar por quatro parágrafos antes de citar a protagonista da série, mas não dá para olhar para ela, e para o que ela representa, sem antes falar sobre todo esse cenário. A Carrie desta temporada tem um posicionamento muito diferente do dos primeiros quatro anos. Se antes ela acreditava na CIA e nela mesma como agentes da justiça, fundamentais para proteger pessoas inocentes de terroristas, agora ela tem um olhar muito mais crítico sobre os métodos e processos que sempre considerou naturais. Pode ser um reflexo das acusações de racismo que a série recebeu, mas é uma quebra de paradigma ver a ex-agente defendendo pessoas que em outros tempos seriam seus possíveis alvos.

A busca por justiça continua presente nela, mas tudo o que aconteceu até ali – a morte de Brody, os ataques de drone, o desfecho dos conflitos com Javadi e Haqqani e o que ela fez com Quinn – fez com que ela questionasse os caminhos que usava para chegar lá. O problema é que são tempos extremos, em que contemporizar alguma coisa pode ser considerado um sinal de traição a qualquer um dos lados. Ao defender o rapaz suspeito de terrorismo, ela mesma acaba atraindo um olhar se suspeita sobre si. Principalmente porque, ao que tudo indica, o tal rapaz tem mesmo algo a esconder.

O que fizeram com Quinn na quinta temporada foi uma tremenda falta de consideração com o personagem. Ele não se encaixava em nada, ficou em uma trama paralela confusa, desinteressante e terminou sendo praticamente descartado. Só que pior que encerrar a jornada de Peter daquele jeito, foi trazerem ele de volta da forma como trouxeram.  Primeiro porque Homeland usou de um recurso barato para atrair audiência, que é o de “deixar no ar” se um personagem tá morto ou vivo. E depois pelo plot insuportável em que colocaram ele, conseguindo ser pior que o da quinta temporada. Quinn merecia muito mais que isso, e não sei pra quê manter o personagem nessas condições. É só para Carrie ficar com remorso pelo que ela fez?

Fair Game introduziu de uma forma bem clara os caminhos que a temporada deve seguir, o problema é que nenhum desses caminhos parece promissor, interessante ou minimamente parecido com o que a série já apresentou no passado. Todos os personagens parecem versões bem mais fracas deles mesmos, e vai ser difícil fazer com que Homeland volte a ser a melhor série da TV americana, como foi em seus primeiros anos, baseada neste enredo.

Algumas observações:

– Para alguém que tinha a eutanásia como uma opção, achei o estado de Quinn muito bom este ano. As limitações dele são muito mais psicológicas que físicas.

– Homeland parece estar seguindo os passos de Dexter: duas primeiras temporadas excelentes, uma terceira inferior, a quarta apontada por muitos como a melhor, a quinta regular e a sexta, ao que tudo indica, fraca. Seria um padrão da Showtime?

– Preferia que as motivações da presidente fossem mais ideológicas que pessoais. Tomar decisões por causa do filho morto é um recurso que a própria série já usou outras vezes.

-Pra que trouxeram o Otto de volta mesmo?

– Achei interessante a abordagem daqueles vídeos mostrando o que existe por trás de ataques terroristas. É uma afronta para o governo americano, mas quebra um pouco a imagem que todo mundo tem de que as pessoas fazem as coisas movidas por puro ódio cego. Não existem mocinhos e vilões na vida real.

E você, o que achou do retorno de Homeland? Tem expectativas melhores que as minhas ou também acha que a trama apresentada não empolga muito? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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