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Homeland – 6×07 Imminent Risk / 6×08 Alt. Truth

Por: em 13 de março de 2017

Homeland – 6×07 Imminent Risk / 6×08 Alt. Truth

Por: em

Homeland nunca foi uma clássica série de ação e espionagem. Sempre teve mais camadas que qualquer outra produção do gênero, porque apostava em um elemento raro nos roteiros de hoje em dia: a sutileza. Era nos detalhes que morava a dubiedade de Brody, nos detalhes foi construída a jornada de Carrie, as críticas à guerra ao terror também estavam escondidas nos detalhes de uma série aparentemente sobre a guerra ao terror. Imminent Risk e Alt. Truth foram uma completa antítese de tudo que Homeland representa. Um verdadeiro massacre à sutileza que fez dessa série a melhor da TV em outros tempos.

Dar Adal se tornou o maior problema da trama, tanto para os personagens, quanto para os espectadores. Ele sempre foi o cara de quem todo mundo desconfiava, o que fazia acordos duvidosos, o que tinha a moral mais questionável. Mas a sutileza das suas ações impedia que Dar se tornasse uma caricatura, um vilão. Coisa que ele claramente se tornou neste ano – o vilão onipotente e onipresente, a mão invisível que está ali arruinando a vida de todo mundo e fazendo tudo parecer um melodrama. Em poucos episódios, ele foi responsável por um atentado em NY, por fazer Carrie perder a guarda da filha, por arruinar a carreira e a credibilidade de Saul, pelo sequestro de Quinn, o assassinato de Astrid, pelas mentiras propagadas em rede nacional contra a família Keane e de quebra, só pra deixar bem claro o quanto ele é mau, ainda rolou uma sugestão de que ele assediava sexualmente os jovens que recrutava.

E se por um lado Dar surge como um grande vilão, todos os outros vão perdendo seus contornos humanos e falhos para serem pintados apenas como vítimas cegas. A injustiçada Carrie que é exposta em um tribunal e precisa ver Franny ser levada para um lar adotivo sem poder fazer nada. O ingênuo Saul que  apostou todas as suas fichas em um homem que mata a sangue frio até os aliados mais leais, e terminou literalmente com a cara no chão. Astrid, que sem questionar e nem saber de nada, veio da Alemanha para os Estados Unidos cuidar do seu amado Peter e foi brutalmente executada.

Eu odeio fazer reviews tão negativas, principalmente da série que consta no meu perfil como favorita, mas a sequência final de Alt. Truth me deixou com os nervos à flor da pele, e não por causa da tensão que eles queriam provocar, mas de raiva mesmo pela falta de realismo e de lógica em tudo aquilo. Dar Adal faz uma visita a Carrie, ela manda ele pastar e ele acaba com a vida dela. Dar Adal faz uma visita a Quinn, ele manda ele pastar e é vítima de um atentado – não sem antes dar uma paulada na cabeça do cara errado. Bem previsível. Mas se era para descarta-lo, por quê não no hospital? Sim, Quinn está com problemas mentais, confuso e paranoico, mas qual era mesmo a necessidade de mostrar ele socando a Astrid e sendo estúpido com ela? E qual era mesmo a necessidade de fazer ele tomar mais sei lá quantos tiros para logo em seguida levantar das águas que nem o Jason?

Apesar da minha clara insatisfação no geral, estes dois episódios tiveram detalhes positivos que valem destaque. As referências ao próprio passado, como “saudações do Sargento Brody”, os tempos de “Drone Queen” e a suposta boa vontade de Majid ao oferecer a Carrie um mapa de onde foram enterrados os restos mortais do pai da sua filha. Pode ter sido falso, mas foi bonitinho. O desespero de Carrie em perder a filha remete à sua própria relação com a mãe, e de como ela teme que Franny pense que foi abandonada, ou pior, que se acostume com isso e esqueça dela. E se estamos na era da pós-verdade na política, nada mais adequado que mostrar os efeitos da proliferação de boatos, como os que estão sendo criados sobre Andrew Keane.

Outro ponto positivo – e talvez a melhor coisa de Alt. Truth – é a reaproximação de Carrie e Saul. Eles sozinhos não vão nada bem e se tornaram alvos fáceis para Dar Adal, mas sabemos do que eles são capazes juntos, e com certeza esse fundo de poço em que eles se encontram é temporário. Talvez a retomada demore um pouco mais que os episódios restantes dessa temporada, mas certamente Carrie e Saul vão unir forças outra vez para se reerguerem, agora em um enfrentamento muito mais direto com Adal, imagino. Talvez recebam até alguma ajuda de Quinn, apesar da condição física e mental de Peter não ser das melhores. Ou, como é de Homeland que estamos falando, pode ser que tudo dê errado no fim mesmo.

Algumas observações:

– A série se perdeu na própria cronologia, né? Impossível depois de tantas passagens de tempo, eles ainda estarem em 2017 como Keane mencionou na entrevista sobre seu filho.

– Majid Javadi significa “falsiane” em iraniano.

– Dormir com uma arma carregada do lado da filha é um vacilo, mas imagina se eles soubessem que a Carrie já tentou afogar a mini-Brody na banheira!

– Alguém sabe, afinal, de onde surgiu aquele fã do Javadi que interrompeu a sessão de manicure e depois morreu? Quem mandou ele? Não sentiram falta depois?

– Falando nisso, sacanagem trazerem a Astrid de volta só pra fazer um suspense e depois morrer. Podiam só ter deixado a coitada pra lá, que nem fizeram com a Dana (lembram da Dana?).

Não faço ideia de para onde essa temporada ainda vai caminhar. Estou curiosa para saber os seus palpites! Deixe seu comentário e até a próxima!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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