Spoiler Free!
Este texto não contém spoilers,
leia à vontade.
Primeiramente, #foratemer. E se você ainda não conferiu a última temporada de House of Cards, não se preocupe, esse texto não contém spoilers, – apenas reflexões.
Pra gostar de House of Cards você precisa torcer pelos Underwood. Claro, a gente sabe o quanto eles são escrotos, mas é ficção, certo? Não tem problema torcer pelos vilões. Ou pelo menos era o que pensávamos em 2013, quando a série estreou.
Mas de lá pra cá a política mundial virou de ponta à cabeça. Os Estados Unidos elegeram Trump e nós tivemos Temer enfiado goela abaixo. Isso sem contar os acontecimentos dignos da ficção, como a morte de Teori Zavascki, a delação do Joesley e os testes nucleares da Coréia do Norte. Ou seja: está difícil competir.
Queima de arquivo?
Quando o avião de Eduardo Campos caiu, houve quem pensasse que não tinha sido acidente. Mas naquela época, lá em 2014, ainda éramos inocentes o suficiente pra acreditar que qualquer pessoa que pensasse em sabotagem estaria delirando e que aquilo não passava de teoria da conspiração. Os anos passaram, muita coisa aconteceu e o segundo avião caiu. Quando o avião em que estava Teori Zavascki encontrou o chão, a situação se inverteu e foram poucas as pessoas que acreditaram que aquilo teria sido mesmo um acidente. Ficou ainda mais difícil acreditar quando o delegado que investigava o caso também foi encontrado morto. O que realmente aconteceu a gente nunca vai saber (ou vai?), mas não dá pra não lembrar de House of Cards.
Lá na Washington de Frank Underwood os personagens também costumam morrer quando podem atrapalhar o futuro dos Underwood. Primeiro Peter Russo, depois Zoe Barnes, Rachel Posner… E a fila só cresce.
Ascensão de Vice-presidentes
“Apenas um passo de distância da presidência e nenhum voto sequer feito em meu nome.
A democracia é tão superestimada.”
Essa é uma das frases mais famosas de Frank Underwood e que também poderia ser dita por um político brasileiro de carne e osso.
Quando Frank Underwood chega à presidência, no começo da terceira temporada, uma coisa fica clara: ele conseguiu chegar até ali porque o então presidente Walker perdeu o apoio da Câmara e do Senado, que se viraram contra ele e apoiaram o golpe de Underwood.
No Brasil a coisa não foi muito diferente. Dilma Roussef perdeu completamente a sua base e isso ficou claro na votação do impeachment. Foram poucos os Deputados que alegaram algum motivo jurídico para votarem a favor do afastamento da então Presidenta. Independente disso, o motivo legal foram as pedaladas fiscais que, antes e depois do impeachment, já foram utilizadas por outros governantes sem que eles sofressem qualquer tipo de sanção.
Mas, se na Washington de House of Cards, ainda temos Claire Underwood, meio primeira-dama, meio vice-presidente, aqui em Brasília esse cargo continua vago. Pelo menos até o final da temporada 2017.1 da política brasileira.
E pra você, quais as maiores semelhanças entre House of Cards e a política brasileira?
Pra quem ainda não conferiu a quinta temporada, vá sem medo: a série está ótima como sempre. Mas, ainda assim, talvez seja impossível gostar tanto quanto antes. A sensação de déjà vué forte demais.
Mais uma coisa que a nossa política estragou.