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Humans

Por: em 18 de agosto de 2015

Humans

Por: em

Inteligência Artificial não é um assunto novo para a ficção, no entanto a fascinação por máquinas que podem copiar a consciência humama faz com que essa ideia nunca se torne velha e ultrapassada. Do ano passado para cá, as obras cinematográficas que abordaram esse tema são numerosas. Transcendence (2014), Automata (2014), Big Hero 6 (2014), Chappie (2015), Vingadores: Era de Ultron (2015) e Ex Machina (2015) são alguns filmes que tratam dos avanços tecnológicos e consequentemente do medo dessas transformações. Na televisão, as produções são mais escassas e mesmo com bons exemplos, como Person of Interest e Dark Mirrorainda faltava uma boa ficção científica que conseguisse traduzir o nosso interesse quase obcessivo por robôs.

Humans vem ocupar essa lacuna. Baseada em uma série sueca, Humans é produzida em parceria pela AMC, canal responsável por Mad Men e Breaking Bad, e Channel 4, dona de Utopia e Dark Mirror, e se passa em uma versão alternativa do nosso presente. A história gira em torno da família Hawkins que acabou de comprar seu primeiro robô, que a série chama de “synthetics” ou “synths”A série é escrita por Sam Vincent e Jonatham Brackley.

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Na verdade, quem faz a compra é o patriarca da família, Joe Hawkins (Tom Goodman-Hill), que sente que sua esposa, Laura (Katherine Parkison), está sobrecarregada com as tarefas cotidianas. A princípio, Laura não se sente a vontade com Anita (nome dado à synth que é interpretada brilhantemente por Gemma Chan), pois acredita que a presença dela pode confundir seus filhos, Mattie (Lucy Carless), Toby (Theo Stevenson) e Sophie (Pixie Davies), e teme que ela ocupe seu espaço dentro da casa.

A tensão estabelecida na convivência aumenta quando Laura percebe que Anita tem um comportamento diferente de outros synths e adquire trejeitos humanos, especialmente quando ela está perto de Sophie, a caçula da família.

Apesar de focar, principalmente nos primeiros episódios da temporada, nesse cenário familiar, Humans ganha força quando se afasta dos Hawkins e amplia sua narrativa para discutir questões práticas e morais sobre tecnologia e inteligência artificial. Aos poucos, a série acrescenta e explora novos personagens que somam nesse debate.

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O comportamento estranho de Anita é apenas uma parte do problema, pois ela não é a única synth que extrapola as ações robóticas para as quais é programada. Anita faz de um grupo de synths que foram desenvolvidos com consciência e capacidade de sentimentos. Mas esse avanço só significa mais problema em uma sociedade que não sabe lidar com os robôs. Então, estes synths precisam lutar para sobreviver em um mundo que não os entende e não está pronto para aceitá-los.

A construção dos synths é um ponto bem importante para a série. Todos os droids têm movimentação contida, mas suas expressões simpáticas criam empatia para os personagens e para nós. Mesmo nos momentos silenciosos é possível notar uma dose de sentimento superficial que chega a incomodar. Os synths conscientes são compostos por um cast diversificado e talentoso. Eles têm identidade singular e suas ações e expressões ficam em uma linha muito sutil que separa os robôs e humanos. Eles possuem personalidade que quase alcança a naturalidade de uma pessoa comum.

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Mas não é o comportamento dos robôs que faz Humans diferente de outras obras com essa temática, e sim a reação das pessoas em relação aos synths. A presença de um robô com aparência humana dentro de sua vida cotidiana pode levantar questões que são abordadas superficialmente em outras obras por falta de tempo ou interesse. Em uma mesma sociedade, é possível ver relações familiares, amorosas e até sexuais com os synths, mas também revoltas contra essa tecnologia feita tanto a nossa semelhança que parece que pode se rebelar contra a existência humana a qualquer momento.

Essas são discussões complexas e delicadas que são desenvolvidas em um roteiro envolvente e ambicioso. A primeira temporada de Humans tem oito episódios e a série foi renovada para um segundo ano. 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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