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Jessica Jones – 1×13 AKA Smile (Season Finale)

Por: em 22 de novembro de 2015

Jessica Jones – 1×13 AKA Smile (Season Finale)

Por: em

13 episódios depois, nossa maratona chega ao fim. E com um episódio que, se não é o melhor da série, ao menos fecha a saga de Jessica e Kilgrave de maneira satisfatória e que tem como destaque as metáforas trazidas por algumas situações e o desenvolvimento das relações pessoais dos personagens, seja consigo mesmo ou com os outros – uma coisa que foi constante durante todos os episódios, vale ressaltar e que eu vejo como um dos maiores acertos da temporada.

kilgrave

A relação de Jessica e Kilgrave, por exemplo, nos traz uma boa reflexão sobre relações abusivas e onde uma das partes se acha “dona” da outra. Kilgrave achava que Jessica pertencia a ele e não aceitava qualquer resposta contrária. Para provar seu ponto, ele trouxe o inferno para ela e todos aos seu redor. Mentiu, manipulou, matou. Tudo com o propósito doentio de trazer Jessica para perto de si do que ele considera uma maneira “espontânea”. O desejo de Kilgrave de que Jones escolhesse estar com ele por vontade própria vai muito além do fato dele, a partir de certo ponto, não conseguir mais controlá-la; Jessica foi a única coisa que ele quis e não teve, então em algum lugar do seu orgulho ferido, ele queria ser amado por ela. Queria ser desejado.  E essa foi sua ruína.

Em seu desespero, Kilgrave escolheu acreditar que Jessica estava novamente sob seu controle e que ele poderia, enfim, tê-la consigo. Ganhou em troca, um pescoço quebrado. Olhando superficialmente, parece uma solução simplista. Um vilão controlador de mentes, com o poder no máximo impulsionado graças a uma experiência bizarra com seu próprio filho morto, derrotado com uma virada de pescoço, graças a um momento de fraqueza. A beleza está exatamente nisso. Depois de ter sido um demônio (inclusive, é muito perturbadora a cena em que Jessica encontra Albert morto, com membros do corpo faltando, graças a uma ordem dada por Kilgrave), ele sucumbiu graças a um sentimento humano. 

Os momentos que antecederam o momento de falha de Kilgrave são sensacionais. O controle mental que ele exerceu sobre Trish, a provocação à Jessica, as ordens de mandar todo mundo na rua começar a se matar… E o olhar de Jessica, distante, forçando um controle que ele não exercia sobre ela. David Tennant e Krysten Ritter estiveram perfeitos e provaram que suas escolhas foram mais do que acertadas.

claire

Claire deu as caras em uma participação bem bacana e também serviu para despertar boas reflexões em Jessica. Os diálogos estabelecidos entre as duas coroam o caminho de Jessica do piloto até aqui; se antes ela não queria ser uma heroína, agora ela já se questiona se, por osmose, não acabou se transformando em uma. Claire entende bem disso graças ao seu relacionamento com Matt, citado de maneira sutil, mas ainda assim significante. Mais uma vez, MCU dá um show em sua costura, ligando suas séries com sutileza e sem parecer forçado. De uma só vez, a presença de Claire ligou a nova heroína ao Homem sem Medo e começou a construir a ponte que deve convergir na próxima série, protagonizada por Luke Cage.

Um momento bastante significante foi a troca de “experiências” entre Claire e Malcolm. Dadas as devidas proporções (o segundo passa longe do carisma e do significado da primeira), eles representaram o material “humano” em meio a pessoas com super poderes (bem como Foggy e Trish, para ser justo). Malcolm teve poucos momentos realmente interessantes, mas é um personagem com potencial e sua presença na casa de Jéssica durante a cena que encerra o episódio, com a detetive lançando um olhar contemplativo após ser “inocentada” por ter matado Kilgrave, mostram que o personagem só tem a crescer em uma eventual segunda temporada. 

jessica e luke

O “inquebrável” Luke Cage quase se quebrou depois do tiro na cabeça que levou. Olhando sua participação de uma maneira geral e não apenas neste episódio, dá pra dizer que a temporada de Jessica Jones serviu quase como uma introdução para a de Luke Cage, que chega à Netflix ano que vem. Conhecemos um pouco do personagem, vimos suas habilidades e o começo de sua relação íntima com Jessica. Os dois formaram uma ótima dupla (a despeito da atuação limitada de Mike Colter, o que me deixa BEM preocupado com a sua série – não acho que ele consiga sustentar 13 episódios sozinho) e os momentos de Jessica se declarando, enquanto ele está desacordado, são bem bonitos.

Jeri apareceu novamente, apenas para ganhar um esporro de Jessica e encontrar algum tipo distorcido de redenção e tirando a garota da prisão. Trish é quem promete ter uma história mais interessante caso a série continue, já que parece estar disposta a investigar a tal organização que fez experimentos em Kevin e pode estar por trás dos poderes de Jessica. Se bem desenvolvido, pode ser um bom plot de um segundo ano.

De uma maneira geral, Jessica Jones cumpriu muito bem o seu papel. Apresentou uma nova heroína de rua com um tom mais pessoal, intimista e com um vilão sinistro e brilhantemente interpretado. Não vou entrar em comparações aqui se a série foi melhor ou não que Demolidor, afinal, o gosto é subjetivo e cada um pode preferir a que quiser (eu mesmo, se tiver que escolher, provavelmente fico com Murdock); o fato é que este foi mais um bom passo da Marvel na consolidação do seu universo televisivo e mal podemos esperar pelos próximos.

Que venha Luke Cage! 

E você, está satisfeito com a nova série da Netflix? Comente com a gente!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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